Ibovespa se recupera após fala de Powell, mas Vale (VALE3) e siderúrgicas limitam retomada

Índice cai com recuos no preço do minério de ferro e do petróleo no mercado internacional. Na ponta positiva, frigoríficos sobem

Foto: Shutterstock

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, abriu o pregão em queda e chegou a cair 1,6%, pressionado pela queda nos preços das commodities no mercado internacional, mas devolveu quase todas as perdas e operava perto da estabilidade no início da tarde.

A retomada aconteceu após o presidente do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, evitar endurecer ainda mais o discurso contra a inflação e em prol do aumento nos juros americanos, o que trouxe alívio tanto para as bolsas internacionais quanto para o mercado doméstico. Às 13h20, o Ibovespa caía 0,13%, a 99.815 pontos.

Na ponta das maiores quedas dentre os componentes do índice, o IRB Brasil (IRBR3) recuava 7% após divulgar prévia financeira de abril mostrando prejuízo de R$ 92,7 milhões, quase o dobro das perdas observadas no mesmo período do ano passado, de R$ 48,9 milhões.

As outras quedas de destaque eram de empresas mineradoras e petrolíferas. CSN (CSNA3) perdia 3,46%, 3R Petroleum (RRRP3) recuava 4,18%, Gerdau (GGBR4) desvalorizava 3,94% e PetroRio (PRIO3) apontava em 3,65% para baixo.

Em relação ao minério de ferro, os preços da commodity encerraram o pregão da Bolsa de Dalian em queda de 5,96%, a 709,50 iuanes por tonelada, o equivalente a US$ 105,62. No mês, já são quase 20% de desvalorização.

Por lá, pesam preocupações com o estoque do produto  e receios com os lockdowns recentes na China, que podem prejudicar a cadeia de suprimentos e diminuir a demanda por aço no país.

Já os preços do petróleo voltaram a cair nesta quarta-feira (22), para perto de US$ 110 o barril, diante de preocupações com a possibilidade de a alta nos juros globais provocar recessão em grandes economias – o que consequentemente diminuiria a demanda pela commodity.

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Nesta tarde, o preço do petróleo tipo Brent – que serve como referência no mercado internacional – caía 4,3% no mercado futuro da ICE, para US$ 109,30 o barril.

Para além dos motivos externos, Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, vê alguns ruídos políticos ajudando a pressionar a Bolsa brasileira nesta quarta.

Primeiro ele cita a proposta do governo federal para a criação de um voucher para os caminhoneiros, a fim de conter o avanço do preço dos combustíveis. “Como não sabemos o custo disso para o quadro fiscal, tende a ser ruim”, avalia.

Além disso, Farto avalia que a prisão do ex-ministro da educação, Milton Ribeiro, acaba “enfraquecendo o governo” na disputa por votos na próxima eleição, o que aumenta o risco de adoção de medidas para angariar apoio da população, o que pode mexer com a percepção fiscal.

Altas do dia

Nas altas, Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3) dividiam o pódio subindo 5,50%. Na sequência, Méliuz (CASH3) ganhava 5,13%, BTG Pactual (BPAC11) crescia 4,53%, Yduqs (YDUQ3) ganhava 4% e Natura (NTCO3) apontava em 3,47% para cima.

No caso dos frigoríficos, Farto, da Renova Invest, vê as empresas subindo com a alta do preço do boi gordo no mercado externo. Já no caso do BTG, o banco foi tema de um relatório publicado pelo Itaú BBA em que a instituição recomenda compra das units.

No relatório, o Itaú aponta que a desvalorização de 15% nas units do BTG em junho foi resultado da piora no clima do mercado – que está mais avesso ao risco por receios com a possibilidade de desaceleração da economia mundial – e da possibilidade de o lucro de quase R$ 2 bilhões no primeiro trimestre ter sido um caso isolado.

“Achamos que os resultados do segundo trimestre devem colocar um ponto final nesta preocupação”, disse o Itaú BBA, acrescentando que a previsão é de que todas as divisões do BTG Pactual apresentem crescimento sequencial na receita.

Já o lucro deve somar R$ 1,98 bilhão, alta de 2% na comparação com o primeiro trimestre e de 18% em relação ao segundo trimestre de 2021. O Itaú BBA recomenda a compra das units do BTG Pactual e estima um preço justo de R$ 35 para os papéis.

Mercado externo

Nesta quarta, os principais índices acionários de fora do Brasil operam sem direção única. Nos Estados Unidos elas sobem e na Europa elas caem. No norte da América, os investidores repercutem as falas do presidente do banco central americano, o Federal Reserve (Fed), Joe Biden, que falou ao senado mais cedo.

Na visão de Marcelo Boragini, especialista em Renda Variável da Davos Investimentos, Biden confirmou seu “comprometimento com o controle inflacionário”. “Powell indicou que a tendência é de aperto monetário firme, com alta de juros forte”, avalia.

Na Europa, o mercado repercute a alta da inflação no Reino Unido, que registrou 9,1% no acumulado anual, o maior patamar dos últimos 40 anos. Nesta tarde, em Wall Street o Dow Jones subia 0,21%, o S&P 500 ganhava 0,23% e o Nasdaq crescia 0,39%. No Velho Continente, o Euro Stoxx 50 perdia 0,64%, o FTSE 100 recuava 0,78% e o DAX apontava em 1% para baixo.

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