O Ibovespa se descolou do clima negativo que afundou os mercados em maio e registrou o quinto melhor desempenho em uma lista com 79 bolsas globais, conforme levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating.
O índice brasileiro, em dólar, teve alta de 8,48%, ficando atrás somente dos mercados do Chile (15,75%), Colômbia (12,59%), Rússia (11,16%) e Montenegro (10,05%).
Em maio, o Ibovespa, em reais, fechou com alta de 3,22%, aos 111.350 pontos, indo na contramão das quedas registradas nas bolsas americanas. O S&P 500 encerrou o mês com queda de 0,56%, enquanto a Nasdaq registrou um tombo de 3,63%.
O desempenho positivo em maio foi impulsionado pela manutenção da queda do dólar ante o real. A divisa americana encerrou o mês passado com queda de 4,02%, a R$ 4,72. Por volta das 11h50, o câmbio registrava queda de 0,09%, a R$ 4,82, segundo dados da plataforma TradeMap.
A valorização das commodities, principalmente o petróleo, que segue pressionado desde a eclosão da guerra na Ucrânia e o temor de desabastecimento com os embargos do Ocidente à Rússia, também contribuiu.
O resultado deu novo fôlego para as análises que apontam o Ibovespa atingindo a marca histórica dos 130 mil pontos ainda neste ano. O ponto máximo em 2022 foi os 121.570 pontos alcançados no dia 1º de abril.
“Seguimos com a perspectiva de alcançar os 130 mil pontos ainda neste ano, mas precisamos ver como ficará o cenário no segundo semestre”, afirma Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos.
A mesma projeção é mantida pela Austin Rating, apesar de Alex Agostini, economista-chefe da casa, ver um quadro de maior desafio no curto prazo, com o avanço da inflação e dos juros no ambiente global.
No cenário doméstico, as pressões também devem vir da política monetária, apesar da expectativa pelo fim do aumento da Selic pelo Banco Central (BC), e das turbulências causadas pelo processo eleitoral.
“Vamos viver momentos de volatilidade, mas quem tiver estômago e conseguir passar por isso tem expectativas de ganhos no fim deste ano e no início de 2023”, afirma.
Bolsa brasileira ainda está barata
A fuga dos investidores das bolsas em meio ao clima de insegurança global derrubou as ações em todo o mundo, e no Brasil não foi diferente. Para os analistas, o Ibovespa segue barato, ou seja, ainda há muita oportunidade de comprar papéis agora pensando na sua valorização no médio e longo prazo.
“Estamos em alguns níveis abaixo do nosso potencial, e há muita ação barata ao se observar o mesmo período do ano passado”, diz Agostini.
O economista-chefe cita setores que foram bastante penalizados pela alta da Selic e que tendem a se tornar atrativos a partir do corte dos juros, esperado para o próximo ano, como as redes varejistas e empresas do setor imobiliário e da construção civil.
No outro lado, as representantes do setor de commodities devem passar por um período de estabilização pela diminuição do ritmo na guerra na Europa e da desaceleração da China após a adoção de novas medidas de restrição.
“Teve bastante alta, mas agora é um momento de ajuste. Se percebe que os preços estão desacelerando, principalmente o minério de ferro”, afirma.
Crespi, da Guide, também cita opções no setor financeiro e a resiliência dos bancos em meio ao avanço dos juros.
“Temos grandes bancos na carteira, e também papéis voltados para a economia doméstica. O varejo de alta renda e empresas de educação também seguem interessantes”, diz.