O movimento de aversão ao risco voltou a assombrar os mercados, diante da expectativa de aumento nos juros, assim como a postura defensiva dos investidores, antes do feriado de Páscoa, refletindo praticamente em todas as ações do Ibovespa. Por volta de 13h10 (de Brasília), o índice recuava 0,85%, aos 115.786 pontos.
Na ponta negativa, as empresas de educação e de tecnologia registravam as maiores perdas, influenciadas extamente por essa expectativa de alta dos juros. A Yduqs (YDUQ3) era a maior queda, de 5,11%, seguida por Totvs (TOTS3), que caía 3,59%, influenciada pelo ajuste, após subir 1,90% no pregão desta quarta-feira (13).
Ontem, a Totvs se beneficiou de um anúncio feito sobre a criação de uma joint venture com o Itaú Unibanco (ITUB4), que irá utilizar tecnologia para oferecer serviços financeiros personalizados a clientes corporativos.
As outras baixas, por sua vez, eram compostas por empresas mais ligadas à economia interna, com Americanas (AMER3) caindo 3,51%, Petz (PETZ3), recuando 2,97% e Iguatemi (IGTI11), que apontava baixa de 2,78%.
Segundo números da Plataforma TradeMap, os DIs com vencimento em 2023 eram negociados a 13,16%, mostrando uma alta de 10 pontos-base. Os contratos para 2025 operavam a 14%, um avanço de 14 pontos-base.
Leandro Petrokas, analista e sócio da Quantzed, chama atenção para os juros com vencimentos mais longos estarem subindo. Os contratos para 2028, por exemplo, apresentavam um avanço de 16 pontos-base, chegando a 11,88%. Para ele, esse movimento tem deixado os investidores cautelosos nesta quinta.

Na visão de Eliz Sapucaia e Régis Chinchila, analistas da Terra Investimentos, o Ibovespa opera em baixa com os investidores refletindo o resultado das vendas no varejo e seguro-desemprego pior que esperado nos Estados Unidos.
O país registrou 185 mil novos pedidos de seguro-desemprego na última semana, uma alta em comparação com a projeção do mercado, que era de 170 mil, enquanto o varejo subiu 0,5% na base mensal, ante 0,6% esperado. O fato pode corroborar com a percepção de uma recessão econômica chegando ao país.
Ainda nos EUA, os juros futuros também sobem, com os treasuries yields com vencimento em dez anos avançando 9,6 pontos-base, atingindo 2,78%.
Altas do dia
Na parte verde do Ibovespa, a maior subida ficava por conta de JBS (JBSS3), que crescia 2,64%, seguida por Cielo (CIEL3), que subia 1,20%. A primeira acompanha a alta no dólar em comparação com o real, o que há favorece, já que a empresa é grande exportadora. A moeda americana era cotada a R$ 4,72, uma subida de 0,40% na comparação intradia.
A Petrobras, empresa que negocia cerca de 10% de todas as ações da B3, via seus papéis em uma direção mista. Enquanto os ordinários (PETR3) subiam 0,72%, os preferenciais (PETR4) caíam 0,10%. A empresa divulgou na noite de quarta (13) que aprovou a nomeação de José Mauro Ferreira Coelho para seu conselho administrativo.
O movimento das ações reforça as apostas do mercado de que Coelho será o novo presidente da estatal. Além disso, a empresa aprovou dividendos complementares no valor de R$ 2,94 por ação, a serem pagos no dia 16 de maio.
Na sequência de altas, apareciam BB Seguridade (BBSE3), subindo 1,19%, Energias do Brasil (ENBR3), crescendo 1,23% e Vibra (VBBR3), com uma alta de 1,13%.
Bolsas internacionais
Lá fora, as bolsas de Wall Street apontavam uma queda, enquanto as da Europa subiam de forma leve. Nos Estados Unidos, a Nasdaq caía 1,33% e o S&P 500 recuava 0,57. Dow Jones era a única exceção positiva, com alta de 0,13%.
Nos EUA, os investidores aguardam a divulgação dos balanços do Citigroup, Goldman Sachs, Morgan Stanley e Wells Fargo.
Na Europa, o movimento das bolsas é positivo após a decisão do Banco Central Europeu em manter os juros inalterados na zona do euro. A presidente da instituição, Cristine Lagarde, afirmou que esse movimento de aumento deve ocorrer somente no terceiro trimestre do ano.
O índice Euro Stoxx 50, que reúne companhias de toda o Velho Continente, registrava alta de 0,67%. Na Alemanha, o DAX valorizava 0,62% e na Inglaterra, o FTSE 100 subia 0,47%.