Conflito entre Rússia e Ucrânia pode levar meses, diz UBS; saiba como se posicionar

UBS espera que os esforços diplomáticos para evitar uma escalada no conflito entre Rússia e Ucrânia levem a uma diminuição das tensões

Foto: Shutterstock

O banco UBS espera que os esforços diplomáticos para evitar uma escalada no conflito entre Rússia e Ucrânia levem a uma diminuição das tensões, mas isso ainda pode levar vários meses, durante os quais a possibilidade de recrudescimento de um choque entre os dois países permanece elevada, aponta o banco em relatório.

“Acreditamos que ambos os lados irão, em última análise, calcular que o conflito militar tem um custo econômico e político muito alto para valer a pena”, diz o UBS.

Em caso de conflito, sanções mais rígidas do Ocidente prejudicariam seriamente as perspectivas de crescimento de longo prazo da Rússia, e o sentimento doméstico poderia azedar rapidamente, como ilustram os protestos na Bielorrússia em 2020, na Rússia no início de 2021 e no Cazaquistão este ano, destaca o banco.

A União Europeia também sofreria consequências consideráveis, dado que a energia russa representa quase 40% da  importação de gás para a região e 30% das compras de petróleo.

O banco vê como  improvável que os fluxos de energia sejam significativamente interrompidos mesmo no caso de uma invasão militar, uma vez que a interrupção prolongada das exportações de energia para a Europa prejudicaria significativamente a economia russa. 

Como se posicionar para uma escalada no conflito

Apesar da volatilidade recente, o UBS ainda vê potencial de alta para os mercados de ações ao longo do ano dada a perspectiva de crescimento robusto e aumento dos lucros das empresas.

“Embora algumas de nossas recomendações táticas, como nossa preferência por ações da zona do euro, possam sofrer em caso de uma escalada militar, setores como energia e finanças, ações de valor e commodities estão ambos posicionados para se beneficiar de um crescimento econômico robusto e estão relativamente bem isolados dos riscos primários de mercado”, apontou o banco.

Tendo em vista o risco de aumento da volatilidade em função do conflito, o UBS recomenda aos investidores que diversifiquem a carteira e mantenham uma visão de longo prazo.

“Investidores com carteiras diversificadas e um investimento de longo prazo devem estar bem preparados para um eventual relaxamento das tensões geopolíticas, como no nosso cenário base, bem como ser mais capazes de suportar contratempos dos cenários de risco”, aponta o banco em relatório.

Outra sugestão do UBS é incluir algumas proteções contra esse cenário na carteira, incluindo a alocação em commodities. “Alocações em commodities e estoques de energia são uma opção atraente, em nossa opinião, para ajudar os investidores a proteger os riscos da carteira. Os preços da energia provavelmente subiriam no caso de uma escalada na situação, e independentemente da situação na Ucrânia, esperamos que os preços do petróleo subam ainda mais este ano graças ao aumento demanda e oferta um pouco restrita”, diz o banco.

Os investidores também podem mitigar potenciais riscos colocados às carteiras pela política monetária mais restritiva dos EUA, posicionando-se em partes do mercado que podem ter desempenho superior diante de juros mais altos. Por exemplo, o setor financeiro normalmente se beneficia do aumento das taxas, graças a uma maior margem de juros líquida.

O UBS também destaca que os setores de ações de valor, que incluem empresas mais maduras e de ciclos mais longos, devem  superar os setores de crescimento, como tecnologia, que enfrentam maiores dificuldades com as taxas de juros crescentes.

Como a tensão entre Rússia e Ucrânia afeta os mercados

O aumento das preocupações com a escalada no conflito entre Rússia e Ucrânia tem levado a uma queda das bolsas e valorização do dólar frente às principais divisas. Já as taxas dos títulos dos Tesouro americano recuaram, com os investidores migrando suas aplicações para ativos considerados “portos seguros”. O ouro, um destes refúgios, subiu para o maior patamar desde junho de 2021 , sendo cotado perto de US$ 1.900 a onça.

Na quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA Antony Blinken disse ao Conselho de Segurança da ONU que a Rússia está “se preparando para lançar um ataque contra a Ucrânia nos próximos dias”, Nesta sexta-feira,  Blinken concordou em se encontrar com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, na próxima semana.

Com isso, o preço do petróleo bruto Brent mostrava um alívio nesta sexta-feira e era cotado a US$ 92,48 às 12h45 (de Brasília), queda de 0,53%, em meio a notícias sobre o progresso nas negociações EUA-Irã e sobre medidas de abastecimento saudita em caso de qualquer conflito, aponta o UBS.

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