A oferta de ações anunciada pela BRF (follow on) em dezembro, que prevê um aumento de capital de R$ 6,68 bilhões, poderá ser ampliada e chegar a R$ 8,019 bilhões, afirmou a companhia em fato relevante publicado na manhã desta terça-feira, dia 18.
Segundo o comunicado, que informa que a oferta foi aprovada pelos acionistas em uma assembleia realizada na segunda-feira, dia 17, a oferta poderá crescer caso a empresa julgue necessário lançar uma quantidade adicional de ações ao mercado, a depender da demanda.
Inicialmente, serão 270 milhões de ações ofertadas, o que incluem também as ADRs (papéis emitidos pela empresa nos Estados Unidos que replicam a ação brasileira), uma vez que a oferta será feita no Brasil e no exterior.
Em conta que leva em consideração o preço da ação no Brasil, de R$ 24,75, e da ADR nos EUA, a US$ 4,38, no fechamento de segunda, o montante de ações representa R$ 6,68 bilhões em aumento de capital.
Se houver demanda para mais, a BRF aprovou que o equivalente a 20% da primeira oferta poderá ser adicionado, o que faria o valor total chegar a R$ 8,019 bilhões.
Os preços divulgados, no entanto, servem apenas como parâmetro. O bookbuilding, como é conhecido o processo de definição do preço da oferta, será realizado até o dia 1º de fevereiro. A oferta será restrita, ou seja, limitada a investidores profissionais.
A oferta da BRF é bastante esperada pelo mercado porque pode representar um aumento da participação da Marfrig na companhia. Hoje, a concorrente é dona de 31,7% da BRF.
Caso queira elevar a sua fatia, a empresa precisa pensar duas vezes. Segundo o estatuto da BRF, qualquer acionista que chegue a uma participação de 33,33% (um terço exato) é obrigado a fazer uma oferta para comprar o restante, pagando 40% a mais que a média do preço da ação entre os últimos 30 e 120 dias. É a chamada “pílula do veneno”.
O estatuto, porém, prevê uma exceção. Em caso de uma nova oferta de ações realizada pela BRF, a Marfrig poderá aumentar a sua participação sem precisar cair na pílula do veneno.
Além disso, os investidores acreditam a oferta de ações representará uma importante injeção de recursos na BRF, que, na avaliação de analistas, precisa melhor a sua relação com o endividamento.
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No terceiro trimestre deste ano, a BRF mostrou um balanço que preocupou os investidores, com um prejuízo de R$ 271 milhões, revertendo o lucro do mesmo período do ano passado. O endividamento líquido da empresa, por sua vez, subiu 12,7% entre o fim de junho e o fim de setembro, para R$ 16,68 bilhões.
Nesta terça-feira, a ação da BRF negociada na B3 operava em queda de 5,33%, a R$ 23,41, por volta das 12h. Desde o anúncio da oferta, porém, feito há um mês, a companhia tem alta de 10%.
A da Marfrig, por sua vez, recuava 1,42% no dia, a R$ 22,92, e tinha queda de 1,46% em um mês.
Segundo levantamento disponível na plataforma do TradeMap, entre os 12 analistas consultados pelo Refinitiv, a mediana das estimativas de preço-alvo para BRF apontam para uma ação a R$ 29,50, com uma máxima de R$ 37.
Oito deles, a maioria, têm uma posição neutra em relação ao papel. Três recomendam a compra e um recomenda fortemente a compra. Nenhum é favorável à venda.