Em um 2021 marcado pelo vaivém da pandemia, SPX tira o pé em ações no exterior

Em carta mensal, gestora de Rogério Xavier disse que acredita que o cenário global exige foco maior em ativos menos frágeis e setores mais defensivos

O ano de 2021, com suas idas e vindas nos rumos da pandemia, mais está parecendo uma longa partida de tênis. Quando se imagina que um dos jogadores está prestes a encerrar o jogo, o outro consegue reverter a situação e forçar a realização de um novo set. 

A analogia foi feita pela SPX Capital, do gestor Rogério Xavier, em carta mensal aos clientes dos fundos multimercados macro referente ao desempenho em novembro, que aponta para uma redução da alocação da casa em ações internacionais, diante da instabilidade global que tem marcado o ano. 

Além da descoberta de outra variante da Covid-19 na África do Sul, a Ômicron, cuja letalidade ainda não está clara, a Europa tem experimentado um novo surto de contaminação. 

Países como Áustria, Alemanha, Bélgica e Holanda já haviam anunciado mais restrições em relação à mobilidade de suas populações, o que levou a SPX a ficar mais pessimista com a economia da zona do euro. “Na Alemanha, principal economia do bloco, passamos a projetar crescimento sequencial perto de zero ao longo dos próximos dois trimestres”, diz a gestora. 

Não bastasse isso, diz a SPX, o continente europeu poderá enfrentar ao longo do próximo inverno, que começa oficialmente no fim de dezembro, uma crise de abastecimento de energia. 

“Devido a questões como o baixo investimento no setor de energia, que levou a um declínio estrutural na produção de gás natural na região; problemas na geração de energia renovável causados por eventos extremos de clima esse ano; alta de preços de crédito de carbono diante de um projeto de descarbonização no continente; além da falta de uma maior oferta vinda da Rússia, os estoques de gás na Europa chegaram a níveis muito baixos, ao redor de 15% abaixo da média histórica”, afirma a gestora. 

Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos sinalizaram ao mundo em novembro, por meio do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que a retirada de estímulos monetários está mais próxima. 

Enquanto a economia do país se recupera, a inflação não dá trégua. “Nesse ambiente, diversos membros do Fed passaram a demonstrar maiores preocupações com o grau de estímulo na economia e têm mostrado uma vontade de ter graus de liberdade para agir em caso de necessidade.” 

Na China, ressalta a SPX, a economia permanece em processo de desaceleração. O mercado imobiliário, um dos grandes alvos do governo em termos regulatórios e responsável por aproximadamente 25% do PIB do país, ainda não deu sinais de ter chegado ao fundo do poço, diz a gestora. 

Diante desse cenário global mais desafiador, a SPX informou que reduziu a sua alocação de risco na parte internacional, para privilegiar ativos menos frágeis, como empresas de qualidade nos EUA e setores mais defensivos. 

Alocação na Bolsa brasileira

No Brasil, a SPX segue com alocações compradas no setor financeiro, contra o Ibovespa, e posições relativas nos setores de consumo, transporte e commodities. 

 Se lá fora o mercado mais parece uma longa e disputada partida de tênis, por aqui, o Brasil tem sido uma presa fácil, como um jogador que comete erros não forçados — quando o vacilo é por incompetência própria e não por mérito do adversário. 

 “A sinalização do rompimento no teto dos gastos é extremamente negativa e deixa o País em situação mais frágil diante desse cenário global mais difícil”, diz a gestora. 

“A falta de clareza a respeito de como o furo no teto será feito, seja via a PEC dos Precatórios, em que de alguma forma é possível mensurar o tamanho dos gastos extras, seja via a alternativa de declarar estado de calamidade pública, em que não é possível estimar o tamanho do furo, apenas torna a situação mais complicada.” 

Em novembro, o multimercado SPX Nimitz rendeu 0,11%, ante um CDI de 0,59% no período. Já no acumulado do ano, o retorno do fundo chega a 9,76%, bem acima dos 3,6% do CDI.

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