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Vai renovar o seguro do carro? Preços já sobem 40% e reajustes só se estabilizam em outubro

Com retomada das atividades, sinistros sobem e seguradoras aumentam valores cobrados do consumidor

Foto: Shutterstock

Chegou a hora de renovar o seguro do veículo ou comprou um carro novo? A reação deve ter sido o susto com o aumento dos preços. Em média, essa modalidade subiu 40% no acumulado dos últimos 12 meses, e uma estabilização só deve ocorrer a partir de outubro.

Uma tempestade mais que perfeita justifica essa elevação, que teve início em meados do ano passado por parte das seguradoras: aumento do preço dos veículos, maiores custos de manutenção (as peças e os serviços também subiram no período) e a volta dos sinistros com a retomada das atividades após o controle da pandemia de Covid-19.

O valor do seguro subiu 40,18% nos 12 meses encerrados em junho, segundo dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Até o final de 2020, o comum era o proprietário do veículo ver uma redução ou ao menos estabilidade nos preços.

De acordo com Manes Erlichman, vice-presidente e diretor técnico da Minuto Seguros, que pertence à Creditas, esse comportamento perdurou até o início da pandemia. No início das restrições impostas pela Covid-19, as seguradoras ainda deram alguns descontos e houve queda na circulação de veículos – menos carros na rua significa menor chance de acidente ou roubo.

“A circulação voltou em 2021, com maior sinistralidade tanto em roubos como acidentes. Para complicar, o preço dos veículos subiu, então as indenizações pagas ficaram acima do projetado”, explica.

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De fato, as seguradoras registram um ritmo de crescimento das indenizações (sinistros) acima daquele registrado pelo valor pago pelos clientes (prêmios).

No ano passado, os sinistros totalizaram R$ 15,5 bilhões, um crescimento de 18,3% na comparação com 2020. Já os prêmios subiram 10,6%, para R$ 25,2 bilhões, segundo dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados). Em 2022, uma aceleração ainda maior. Nos quatro primeiros meses do ano, os sinistros avançaram 51,8% (R$ 6,9 bilhões) e os prêmios subiram 32,1% (R$ 9,7 bilhões).

Com os sinistros crescendo em um ritmo acelerado, restou às seguradoras repassarem esse aumento de gasto para o preço dos seguros. É possível ver diferenças de preços mesmo em cotações feitas com poucos meses de diferença.

Levantamento da Minuto Seguros mostra que o valor médio do seguro para um Ônix Hatch zero quilômetro era de R$ 1.880,62 em janeiro. Em maio, para o mesmo carro, já havia subido para R$ 2.300,43, uma alta de 22,3%.

“Para quem vai renovar, ainda vai ter um reajuste. A estabilização só vai ser sentida mais para outubro”, diz Erlichman.

Troca ou redução de cobertura são opções

Nesse cenário, uma das alternativas do segurado tem sido trocar a seguradora ou reduzir as coberturas contratadas. Por exemplo, ter um carro reserva por só sete dias e não mais 30 ou reduzir a cobertura para terceiros.

A Porto Seguro (PSSA3), a principal seguradora de veículos do país, registrou no primeiro trimestre do ano uma sinistralidade (relação entre os custos e as receitas) de 65,3%. Em igual período de 2021, era de 50,2% e, no primeiro trimestre de 2020, 56,3%.

O objetivo é voltar ao nível pré-pandemia e, para isso, a conta ao cliente ficará mais salgada. “Realizamos ajustes na precificação e subscrição de riscos, que deverão se refletir gradualmente nos resultados”, segundo o último release de resultados.

O aumento do valor do seguro é só mais um que o proprietário de veículos tem enfrentado. Os custos de aquisição e manutenção desse bem têm subido muito acima da inflação.

IPCA veículo automóvel

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 11,9% no acumulado dos 12 meses encerrados em junho. No mesmo período, o valor dos veículos novos subiu 18% e o dos usados, 14,9%.

Os insumos para a fabricação de veículos subiram, como o aço. Outro fator que explica o aumento dos preços foi a quebra na cadeia de produção de veículos. A pandemia causou a falta de semicondutores em escala global, e a guerra na Ucrânia agravou essa situação.

Sem essas pequenas peças, as montadoras precisam suspender a produção ou escolher qual modelo irão privilegiar. Com menos veículos novos, subiu a procura pelos usados, elevando os preços. A expectativa é que a produção dos semicondutores só seja normalizada entre o final de 2023 e início de 2024.

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