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Inadimplência entre os mais pobres é quase o dobro da taxa média do país, aponta Febraban

Em grupo com renda de até dois salários mínimos, atrasos acima de 90 dias chegam a 6,14%, ante a taxa média de 3,74%

Foto: Shutterstock/Olleg Visual Content

A inadimplência avança mais entre os consumidores com renda de até dois salários mínimos e é mais intensa nas operações do cartão de crédito. Esse quadro é decorrente de uma situação de vulnerabilidade existente já antes da pandemia da Covid-19, mas que se agravou, segundo avaliação de Vicente de Chiara, diretor-executivo de assuntos jurídicos da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).

“Na média, não há um problema de superendividamento no país. O que temos são pessoas que estavam vulneráveis antes da pandemia e que estão muito mais vulneráveis agora. São pessoas que não têm como pagar a conta de água ou luz”, disse durante o Seminário de Relacionamento com o Consumidor da Febraban, realizado nesta terça-feira (08).

A Febraban fez uma abertura dos dados de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) e verificou que, entre as pessoas com renda de até um salário mínimo, a taxa de inadimplência é de 6,14%. Patamar igual mostra o consumidor com renda entre um e dois salários. No Brasil, o salário mínimo está em R$ 1.212.

Em ambos os grupos, há um avanço mais acentuado a partir de 2020.

Essa inadimplência está bem acima da taxa média, que era de 3,74% em setembro e subiu, mas em uma intensidade menor.

Lâmina apresentação Febraban
Foto: Reprodução/Febraban

Outro dado revelado pela abertura dos dados é que a inadimplência fica abaixo da média entre os consumidores com renda a partir de cinco salários.

O comportamento é parecido quando se avalia a inadimplência no cartão de crédito. Nas rendas mais baixas, a taxa de inadimplência chega a 12,8%, bem maior que a média, de 7,6%.

Lâmina apresentação Febraban
Foto: Reprodução/Febraban

Dívidas com contas de consumo

O diretor da Febraban mostrou ainda que, do total de crédito à pessoa física, apenas 4,8% estão nas linhas mais caras, como cartão de crédito rotativo e cheque especial.

Em sua visão, os dados da Serasa corroboram para a visão de que o problema está na população mais vulnerável financeiramente.

Leia mais:
Consumidor apela para rotativo e parcelado do cartão e isso é um mau sinal para a inadimplência

O cadastro de pessoas negativas da Serasa mostra que, dos 240,9 milhões de compromissos financeiros em atraso, a parcela referente aos créditos bancários é de apenas 29,5%. O restante está dividido entre contas de consumo, varejistas e outros serviços.

“Há uma gama de endividados que não consegue pagar nem a água ou a luz. Isso é outra realidade e temos que saber disso para tratar o problema”, defendeu.

E para conseguir tratar desse problema, o diretor da Febraban acredita que é preciso que seja estabelecido um “mínimo existencial” único e fixo para todo o país.

O termo surgiu com a Lei do Superendividamento, que considera que um consumidor está nessa situação quando não pode pagar as suas dívidas sem comprometer o mínimo existencial.

O problema é que não há um consenso sobre qual seria esse valor, embora um decreto federal indique que seja de 25% do salário mínimo.

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