Via (VIIA3): após Ebitda quase dobrar, crescimento com rentabilidade segue em foco

Cautela em relação à ação da companhia, porém, parece ser consensual; atualmente apenas uma entre 14 casas de análises indica compra do papel, segundo dados da Refinitiv

Foto: Divulgação

Depois de quase dobrar o Ebitda no quarto trimestre de 2021, para R$ 606 milhões, com alta de 91,8% em relação ao mesmo período de 2020, o time de gestão da Via (VIIA3) declarou, em teleconferência de resultados nesta quinta-feira (10), que foco da companhia continua sendo o crescimento sem a perda de rentabilidade. O grupo diz acreditar que há muito espaço para isso daqui para a frente.

Apesar de o lucro da empresa ter ficado em R$ 29 milhões no trimestre, queda de 91,4% em relação ao mesmo período de 2020, a força do Ebitda mostra que os resultados foram impactos principalmente por despesas financeiras, que totalizaram R$ 195 milhões no trimestre.

O volume total de vendas (GMV) nas plataformas digitais cresceu 20% em 2021, 5% acima das estimativas do Itaú BBA, puxada principalmente pelo crescimento anual de 68% do marketplace.

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Para seguir expandindo a plataforma de marketplace sem abrir mão da lucratividade, a companhia reajustou as comissões pagas pelos vendedores (take rates). De acordo com a gestão, a medida já vem trazendo benefícios sem impactar negativamente o relacionamento com os vendedores.

A aposta no marketplace como um todo tem muito a ver com o foco em rentabilidade da Via, uma vez que a plataforma já tem um custo de aquisição de clientes bem menor do que a vertical de venda de produtos próprios (1P), por exemplo, também no meio online.

Varejo físico

Sobre o braço de varejo físico, o CEO da Via, Roberto Fulcherberguer, destaca o fechamento de cem lojas improdutivas e a abertura de 101 lojas, que estão performando bem em 2021.

Além disso, a companhia vem registrando um aumento na produtividade e na conversão dos vendedores, consequência dos investimentos feitos nas plataformas de atendimento, segundo o executivo. “Estamos começando a colher os benefícios de dois anos de muito investimento em tecnologia e infraestrutura, e ainda temos muita produtividade para colher nas lojas”, diz Fulcherberguer.

A operação das lojas também possibilitou uma redução nos custos de logística, diz a empresa. A entrega de produtos a partir das unidades reduz os custos de frete.

Participação de mercado

A participação de mercado da Via passou de 9% em 2019 para 15% em 2021, crescimento 1,6 vez superior ao do mercado, segundo a companhia.

Crescer acima do mercado sem precisar abrir mão de rentabilidade poderá continuar como realidade, segundo o CEO, nos próximos trimestre. De acordo com ele, essa chance existe à medida em que a companhia começa a rentabilizar novas verticais, como o crédito a terceiros, com o banco digital da empresa, oBanQi, e serviços de logística.

Depois de investir em melhorias operacionais e em tecnologia na rede logística, a varejista agora está preparando infraestrutura para começar a oferecer serviços para os seus vendedores e para o “mar aberto”, ou seja, outras empresas do setor, por meio do que chama de logística as service.

A companhia também destacou iniciativas de engajamento que contribuíram para o aumento da base ativa de clientes. Um exemplo é o VIP Casas Bahia, um programa de benefícios para os consumidores, que também deve ajudar, segundo Fulcherberguer, a reduzir o custo de aquisição de clientes e impulsionar a recorrência de compras.

A ampliação da recorrência, inclusive, é um dos focos da empresa, a partir de disponibilidade e sortimento maior de produtos no marketplace.

Como o mercado enxerga os resultados?

A equipe de analistas do Itaú BBA classificou os números como neutros, já que, enquanto o crescimento do volume de vendas online cresceu, as vendas físicas caíram. O banco destaca como pontos positivos que a companhia tem melhorado sua estrutura de dívida e as dinâmicas de capital de giro.

Esta análise parece consenso entre o mercado: “No geral, avaliamos o resultado misto, com a primeira linha, referente às receitas, vindo abaixo do esperado, prejudicada por operações físicas marginalmente piores”, diz a Genial Investimentos.

Os resultados vieram dentro do que era esperado pela Ativa Investimentos, segundo relatório distribuído nesta quinta, com destaque positivo para a omnicanalidade (a integração entre os diversos canais de venda) e a logística da companhia.

Exceção, a XP Investimentos classifica os resultados como “acima do esperado”, também com destaque para o Ebitda positivo, apesar da receita, ainda impactada pelo cenário macroeconômico, segundo a corretora.

O que esperar para as ações?

O Itaú BBA classifica as ações como neutras, com preço-alvo de R$ 4,7, mas faz ressalva em relação às condições macroeconômicas, ao acirramento da concorrência e ao foco da Via em preservar a lucratividade, o que ainda significa um desafio para a companhia no curto prazo. O preço-alvo do banco para a ação da varejista representa alta de 38% em relação ao fechamento da última quarta-feira (10), de R$ 3,41.

A Ativa Investimentos também tem uma recomendação neutra sobre o papel, com preço-alvo de R$ 8,20, ainda que o potencial de alta seja de 140% neste caso.

Os analistas do BTG Pactual Digital é outra instituição que tem classificação neutra para o ativo, O banco afirma ser cauteloso com o e-commerce brasileiro como um todo no curto prazo, devido à alta da inflação e da taxa de juros, à desaceleração do e-commerce local, à concorrência e a preocupações com níveis de margem sustentáveis. O preço-alvo fixado pelo BTG é de R$ 8, um avanço estimado de 135%.

Na Genial, a tese de investimentos da via está sob revisão: “Em meio a tubarões e em um cenário inflacionário, a companhia conseguirá gerir com eficiência a sua monetização de crédito tributário e ainda ganhar espaço frente a players altamente captados? A ver.”

A cautela parece ser consensual. De acordo com dados da Refinitiv disponíveis na plataforma TradeMap, nove das 14 casas de análise consultadas indicam a manutenção do papel na carteira, enquanto quatro recomendam venda e apenas uma indica compra. A mediana de preços-alvo fixada pelos analistas é de R$ 7 – potencial de alta de 105%.

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