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Varejistas pressionam e Ibovespa opera em baixa; VIA (VIIA3) é destaque negativo

IPCA recorde para o mês de março surpreendeu o mercado e derruba ações ligadas à economia doméstica e ao varejo

Foto: João Tessari/TradeMap

A divulgação da inflação recorde para o mês de março surpreendeu o mercado e derruba as ações de empresas ligadas à economia doméstica e ao varejo. Mais cedo, o Ibovespa chegou a cair mais de 1%, mas vem recuperando parte das perdas e, por volta de 13h (de Brasília), o índice caía 0,29%, aos 118.478 pontos.

No quesito ações, os papéis da VIA (VIIA3) lideravam as quedas do pregão e desvalorizavam 7,67%, enquanto as Americanas (AMER3) vem na sequência, com baixa de 6,30% e Magazine Luiza (MGLU3), com queda de 5,79%.

Dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de março subiu 1,62%, registrando a maior alta para o mês desde 1994, antes da implantação do Plano Real.

Para Samuel Cunha, economista e sócio da H3 Invest, os números de inflação pressionam esses papéis no índice na medida em que o poder de compra das pessoas não aumenta na mesma proporção que os preços, gerando um impacto negativo tanto na economia real quanto nos mercados.

“Vemos o Ibovespa em queda e, considerando o cenário de inflação pujante, não tem como a gente criar um ambiente estável visando crescimento econômico, fortalecimento de nichos e da cadeia produtiva de uma forma geral”, diz economista.

Segundo Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, a divulgação do resultado pressiona a Bolsa, já que altera a curva de juros e acaba puxando para baixo os papéis mais sensíveis, como os de varejo e consumo doméstico.

De acordo com dados da Plataforma TradeMap, os juros com vencimento em 2023 sobem 21 pontos base no dia, chegando aos 12,85%. Enquanto isso, a previsão para os que vencem em 2025 e 2028 sobem 22 e 18 pontos base, respectivamente.

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Contudo, o setor varejista tinha uma exceção positiva no pregão desta sexta — Lojas Renner (LREN3), que crescia 0,71%. Farto, da Renova Invest, atribui essa diferença analisando os números do IPCA em detalhe, uma vez que parte do vestuário foi menos afetado no indicador, enquanto setores como o de transporte, habitação e alimentação foram muito mais prejudicados.

“Além disso, a Renner tem menos concorrentes do que o Magazine Luiza e a VIA, por exemplo, que ainda competem diretamente com empresas do exterior, como Mercado Livre (MELI34) e outras exportadoras asiáticas”, completa o especialista em renda variável.

Veja mais sobre o resultado da inflação:

Sem trégua: IPCA acelera para 1,62% em março, maior para o mês desde 1994

Altas do dia

Na ponta positiva, Eletrobras via seus papéis ordinários (ELET3) subirem 5,72% enquanto os preferenciais (ELET6) crescerem 5,18%. Para Nicolas Farto, da Renova Invest, a performance ocorre após as falas do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que declarou ontem que a capitalização da estatal pode expandir a capacidade de investimento da empresa.

Além disso, ele acredita que o mercado viu com bons olhos a venda da participação de 32,6% na CEEE-T (Companhia Estadual de Transmissão de Energia Elétrica) numa transação que irá render R$ 1,10 bilhão aos cofres da estatal.

De acordo com a companhia, a venda, que foi feita diretamente para a CPFL Comercialização de Energia Cone Sul, abrange pouco mais de 3 milhões de ações ordinárias e cerca de 87 mil preferenciais, sendo que cada papel foi avaliado em R$ 349,29.

No comunicado, divulgado na noite de quarta-feira (6), a Eletrobras afirmou que “a venda dessas ações está em linha com nosso plano de alienação de participações societárias minoritárias”, além de fazer parte do “escopo da iniciativa de venda de participações nas empresas coligadas”.

Além da estatal, a Eneva (ENEV3), também voltada para a área de energia, surfava na onda e crescia 3,92%. Seguiam na fila das principais altas alguns frigoríficos como Minerva (BEEF3), que subia 4,18% e Marfrig (MRFG3), que apresentava alta de 3,75%.

Mercados externos

Os mercados globais operam positivo nesta sexta-feira, recuperando parte das perdas causadas após a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, o banco central americano, que indicou que o governo adotará uma política mais contracionista na economia.

Em Wall Street, o Dow Jones subia 0,73%, enquanto o S&P 500 valorizava 0,22% e o Nasdaq Composto, a única execeção, apresentava queda de 0,57%.

Por lá, James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, afirmou na ontem que o banco central americano pode estar “atrás da curva” e gostaria de ver a taxa de juros atingir o patamar de 3% a 3,25% já no segundo semestre deste ano.

Na Europa, por sua vez, alguns membros da União Europeia concordaram em aplicar um embargo sobre o carvão russo, como parte da quinta rodada de negociações contra o país. Os principais índices acionários por lá tinham um movimento positivo no último pregão da semana. 

Na Alemanha, o DAX subia 1,46% e, na Inglaterra, o FTSE 100 apresentava uma alta de 1,56%. Enquanto isso, o Euro Stoxx 50, índice que reúne empresas de todo o continente europeu, valorizava 1,31%.

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