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Vale investir no BTG Pactual (BPAC11) com bancões ganhando rentabilidade? Veja o que diz o Itaú BBA

O ROE de 20% do BTG, que costumava ser destaque, foi alcançado pelos bancões, aponta o BBA

Foto: Shutterstock

Os grandes bancos brasileiros têm ganhado rentabilidade no último ano, diminuindo a vantagem do BTG Pactual (BPAC11) neste quesito e diminuindo o apelo relativo das ações da companhia. A avaliação é do Itaú BBA, que também cita como pontos desfavoráveis ao BTG o preço alto de seus papéis e o fato de o banco depender mais de capital para crescer.

“O ROE de 20% não é mais um destaque na comparação com os grandes bancos”, afirmam Pedro Leduc, Mateus Raffaelli, William Barranjard, analistas do Itaú BBA, em relatório distribuído nesta quarta-feira (21).

ROE é a sigla em inglês para retorno sobre o patrimônio líquido, indicador que mede a proporção de lucro gerado por uma empresa em relação ao que ela possui, já descontando o que ela precisa pagar para os outros.

Além de a rentabilidade dos grandes bancos ter alcançado a do BTG, a pior notícia é que essa melhoria de ROE vem justamente da divisão voltada a clientes institucionais.

A título de comparação, os analistas do BBA estudaram os números de um banco tradicional que divulga separadamente os números desta divisão. Enquanto o ROE da operação de atacado deste banco foi de 18% no ano passado para 32% neste ano, o do BTG ficou em 20%.

Os analistas acrescentaram que o crescimento do BTG também tem dependido mais de capital e que e a expansão de lucros de 12% esperada para 2023 “é similar à dos grandes bancos, com desafios equivalentes se o crédito corporativo se deteriorar”.

Grande parte do crescimento do banco, nos últimos anos, vem da divisão de crédito corporativo e de pequenas e médias empresas, que é intensiva em capital. “O crescimento dos lucros tem sido mais dependente do capital empregado do que de ganhos de rentabilidade”, escrevem os analistas.

Assim, considerando o valor mais elevado das ações do BTG, o Itaú BBA enxerga uma melhor relação de risco e retorno para os grandes bancos ou para teses puras de crescimento.

Nesse contexto, os analistas rebaixaram a classificação das ações do BTG Pactual para market perform – ou seja, esperam um desempenho equivalente à média do mercado. Isso equivale a não recomendar nem a compra nem a venda dos papéis.

O Itaú BBA também cortou o preço-alvo da unit do BTG Pactual, de R$ 34 para R$ 31, o que corresponde a uma alta de 14% na comparação com o valor do papel no fechamento de terça-feira (20), de R$ 27,27.

Por volta das 14h10 desta quarta, o papel liderava as quedas do Ibovespa, sendo negociado em baixa de 5,4%, a R$ 25,80.

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Os bancos tradicionais têm entregado mais ganhos de eficiência, na análise do Itaú BBA, pois seus custos de capital crescem mais devagar do que os do BTG diante de aumentos na taxa Selic.

Além disso, os analistas apontam a possibilidade de o crescimento agressivo da carteira de crédito do BTG ter vindo em detrimento de spreads; que situações extraordinárias tenham prejudicado as receitas; e que parte da receita corporativa seja registrada em outras linhas.

Ainda em crédito corporativo, a expectativa do Itaú BBA é de uma deterioração no risco de crédito em 2023, refletindo efeitos colaterais das taxas de juros mais altas, a pior inadimplência do varejo e o PIB (Produto Interno Bruto) morno esperado para o ano que vem. Nesse cenário, os analistas estimam que, a cada piora de 25 pontos-base na inadimplência, o lucro do BTG em 2023 seja reduzido em cerca de 3%.

Até mesmo a redução na taxa Selic, que deveria beneficiar o BTG devido à sua posição de liderança nos mercados de capitais, pode não ser tão positiva para o banco no ano que vem, diz o BBA. Recentemente, as taxas de juros mais altas tiveram impacto positivo para o BTG, que recebeu juros maiores de seus ativos próprios sem implicar alta de custos, beneficiando a linha de lucro.

Agora, considerando uma Selic média de 11% em 2023, com todas os outros fatores constantes, a estimativa do BBA é que os lucros do BTG teriam queda de 4%. Nesse contexto, sua divisão de banco de investimentos teria de repetir seu nível recorde de R$ 2,3 bilhões em receita para compensar essa baixa (contra a projeção de R$ 1,7 bilhão do BBA), enquanto o segmento de gestão de fortuna teria de gerar ROA (retorno sobre ativos) de 65 pontos base (contra os 59 pontos base esperados).

Por fim, os analistas do BBA mencionam ainda os maiores investimentos do BTG no Banco Pan (BPAN4) ao longo deste ano, que, apesar de possivelmente fazerem parte de uma estratégia de longo prazo, impactam o ROE e o custo de capital no curto prazo.

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