Deixando para trás as preocupações macroeconômicas dos Estados Unidos, a Tesla (TSLA34) bateu as projeções de mercado no resultado do quarto trimestre do ano passado e reiterou seu otimismo para 2023.
A montadora de Elon Musk apresentou, na noite da última quarta-feira (25), seus números que superaram as projeções de analistas ouvidos pela Refinitiv, tanto em lucro por ação ajustado (US$ 1,19 contra US$ 1,13 previsto), como receita (US$ 24,32 bilhões contra US$ 24,16 bilhões).
O faturamento da empresa cresceu 37,5%, na comparação com o resultado do quarto trimestre de 2021, resultado das metas batidas de entrega de carros.
A receita automotiva alcançou US$ 21,3 bilhões, uma alta de 33% na comparação anual. O faturamento da empresa já não é mais dependente dos créditos regulatórios, que somaram apenas US$ 467 milhões entre outubro e dezembro do ano passado.
O lucro líquido da Tesla atingiu US$ 3,68 bilhões, alta de 59% na comparação anual, acompanhando a alta de 32% do Ebitda ajustado, para US$ 5,40 bilhões.
No período entre outubro e dezembro de 2022, a Tesla conseguiu diminuir as despesas operacionais para US$ 1,87 bilhão, uma baixa anual de 16%, ao mesmo tempo que elevou seu lucro operacional em 49%, para US$ 3,90 bilhões, mostrando que está ficando mais eficiente, com margem operacional de 16%.
Para além disso, a empresa continua gerando fluxo de caixa livre (que é a diferença entre o fluxo de caixa das atividades operacionais e o fluxo de caixa de investimentos), que atingiu US$ 1,42 bilhão no quarto trimestre, embora represente uma queda de 49% ano contra ano.
Após fortes altos e baixos na segunda metade da década passada, a Tesla passou a ganhar tração no fim de 2019 e, mesmo com a pandemia, tem elevado substancialmente sua geração de caixa.
Relembre:
Entretanto, não é como se a empresa fosse imune à dinâmica macroeconômica global. No fim do ano passado, a empresa cortou o preço de todos os seu carros, o que inevitavelmente já começou a pressionar a margem bruta do segmento automotivo.
Segundo a Tesla, em razão dos novos preços praticados, a demanda mostrou-se sólida. A aposta da empresa ocorre no sentido de se adequar às condições do mercado, sobretudo americano e estimular a demanda.
Os pedidos de janeiro foram os maiores da história da empresa, ultrapassando mais do que o dobro da taxa de produção no mês.
Tesla cautelosamente otimista
O resultado da empresa demonstra de forma retrospectiva qual foi o desempenho de meses atrás. Todavia, como trata-se de uma companhia em franco crescimento, os investidores se preocupam com o que virá – afinal, é isso que precificam com o atual valuation.
A Tesla pretende continuar com o CAGR (taxa de crescimento anual composta) de 50% em volume de produção ao longo dos próximos períodos. Isso significa que, para 2023, a produção deve ser de 1,8 milhão de carros.
Musk atrelou essa meta a uma projeção quase conservadora. Para ele, se este ano se for tranquilo em termos de cadeia de suprimentos ou outros “grandes problemas”, a montadora pode produzir 2 milhões de veículos. Segundo ele, há demanda para isso.
Apesar do contexto econômico americano, que observa alta das taxas de juros, inflação galopante e medo de recessão, a projeção é factível dada a produção de novas plantas da companhia.
As unidades de Austin, no Texas, e Berlim, na Alemanha, estão a pleno vapor e cada uma produz cerca de três mil carros por semana.
A companhia – que continua valendo mais do que Toyota, Honda, Ford e Volkswagen juntas – está em desenvolvimento de suas novas tecnologias para os veículos, o que espera-se que encurte o custo de produção e, consequentemente, de venda. Isso pode fazer com que a empresa de Musk ganhe participação de mercado.
Por volta das 13h15 desta quinta-feira, as ações da Tesla subiam 8,77% na Nasdaq, para US$ 157,10. A companhia vale US$ 490,14 bilhões na Bolsa americana.