A BRF (BRFS3) registrou, na última segunda-feira (4), a maior taxa média de aluguel de ações de sua história: 119,00% ao ano. O recorde ocorre em meio à forte expectativa do mercado para a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) marcada para esta terça-feira (5), quando os acionistas da companhia irão deliberar sobre sua incorporação pela Marfrig (MRFG3).
Anunciada em 15 de maio, a operação prevê a incorporação da totalidade das ações da BRF pela Marfrig, que permanecerá listada no Novo Mercado da B3. A combinação das empresas criaria uma das maiores companhias globais de alimentos, com presença relevante nos mercados nacional e internacional de proteínas. As empresas estimam sinergias de R$ 485 milhões ao ano, redução de despesas operacionais de R$ 320 milhões e ganhos fiscais de até R$ 3 bilhões em valor presente líquido.
Segundo dados divulgados no sábado (3), 43,79% das ações votantes já haviam se posicionado a favor da operação, enquanto 17,43% se manifestaram contra. A votação antecipada contou com adesão de cerca de 90% do free float da companhia, um índice elevado para os padrões do mercado brasileiro.
A operação, no entanto, enfrenta questionamentos regulatórios. Em julho, a Minerva (BEEF3) entrou com recurso no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), alegando riscos à concorrência no segmento de alimentos processados, como hambúrgueres e almôndegas. No domingo (4), o Cade acatou o recurso e reclassificou a análise para o rito ordinário, que prevê avaliação mais aprofundada. O órgão apontou potenciais riscos de concentração de mercado e possível alinhamento estratégico entre BRF, Marfrig e Minerva, considerando a participação relevante da Saudi Agricultural and Livestock Investment Company (Salic) nas três companhias.
Com a reclassificação, BRF e Marfrig terão 15 dias para reapresentar a proposta com informações complementares. O Cade também solicitou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) dados detalhados sobre a atuação da Salic e seus possíveis impactos societários e concorrenciais.
Atualmente, a Marfrig detém 58,87% do capital da BRF, por meio de participações diretas e indiretas. A empresa afirma que não pretende assumir o controle da BRF antes da conclusão do processo de incorporação.
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