A Suzano (SUZB3) deve sofrer nos próximos meses com a queda do preço da celulose e mudanças de tributação aprovadas pelo último governo. Mesmo assim, as ações da companhia estão descontadas o suficiente para valer o investimento. A avaliação é do BTG Pactual que, em relatório divulgado nesta segunda-feira (13), recomendou a compra dos papéis, com preço alvo de R$ 86 nos próximos 12 meses, uma valorização de 85,3% ante o fechamento de sexta-feira (9).
Segundo o BTG, as ações da companhia estão sendo negociados com múltiplos anuais de até 5 vezes pela relação EV/Ebitda, fórmula que busca apresentar a capacidade de uma empresa gerar lucro.
“Apesar da correção nos preços da celulose, continuamos vendo as ações da Suzano altamente descontadas em relação aos fundamentos”, escreveram os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner.
Pressão com queda da celulose
A correção do preço da celulose é um dos principais pontos de atenção do banco de investimento. Desde dezembro, a tonelada da commotidy está em queda e é negociada atualmente a US$ 760.
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Para os analistas do BTG, a pressão deve se manter, com o preço chegando na margem de US$ 600 e US$ 650.
A queda, porém, deve ser revertida ao longo dos próximos meses, com o preço se estabilizando na faixa de US$ 700.
“No geral, entendemos as preocupações dos investidores de que os preços continuarão caindo, mas acreditamos que o consenso é muito baixo neste momento”, afirmaram os analistas.
Mudanças tributárias
O banco de investimento também chamou a atenção para os efeitos da medida provisória 1.152/2022, assinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no fim do seu governo.
A medida visa equiparar as leis brasileiras de tributação com normas defendidas pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), aproximando o país da legislação internacional.
O principal foco da mudança está em IRPJ (Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).
“A possível nova lei, se aprovada, deve acabar com os benefícios fiscais de preços de transferência atualmente disponíveis para exportadores (dos quais a Suzano se aproveita)”, afirmou o banco.
O temor, porém, foi minimizado pela própria Suzano, diz o BTG, ao buscar soluções para mitigar os efeitos tributários.
“Segundo a administração da Suzano, a orientação já incorporava uma visão mais conservadora de que a legislação brasileira poderia eventualmente ser modificada para se alinhar ao princípio da OCDE”, afirmaram os analistas.
Nesta segunda-feira (13), por volta das 12h15, as ações da Suzano subiam 1,14%, a R$ 46,93.