Em um momento em que a guerra entre Ucrânia e Rússia levou a inflação ao posto de principal ameaça à economia global, os olhos dos investidores estarão voltados nesta “superquarta” para as decisões sobre juros básicos nos Estados Unidos e no Brasil.
Além do efeito inflacionário do conflito no Leste Europeu, há novidades vindas da China. Ontem o país informou que sua produção industrial aumentou 7,5% em janeiro e fevereiro na comparação com o ano anterior, bem acima da alta de 3,9% projetada por analistas ouvidos pela Reuters.
As vendas no varejo também subiram 6,7% nos primeiros dois meses do ano, mais do que o dobro do esperado pelos especialistas.
Fed às 15h
Nos EUA, o Fomc (comitê de política monetária do Federal Reserve, o banco central americano) deve elevar a taxa, que desde março de 2020 está no patamar entre zero e 0,25%, pela primeira vez desde dezembro de 2018. A decisão será anunciada às 15h.
A expectativa é que neste início de ciclo a alta seja de 0,25 ponto percentual, mas o mercado acompanhará com atenção o comunicado e principalmente o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, que acontecerá às 15h30, para saber os próximos passos da política monetária.
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Por que esse dado é acompanhado pelo mercado?
Ao determinar a taxa de juros nos EUA, o Federal Reserve (banco central americano) tem como objetivo manter a inflação sob controle e promover o pleno emprego.
Para países emergentes como o Brasil, juros mais elevados em grandes economias tendem a ser uma má notícia, já que quanto maior o retorno pago por títulos altamente seguros, menor a atratividade de ativos considerados mais arriscados.
Copom às 18h30
No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) informa às 18h30 a nova taxa básica de juros (Selic), hoje em 10,75%. A maior parte dos analistas espera um aumento de 1 ponto percentual, mas alguns economistas avaliam que o BC pode ser mais ousado e elevar a Selic a 12% ao ano.
Em pesquisa divulgada nesta segunda (14), os analistas ouvidos pelo Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central, afirmaram acreditar que o reajuste na gasolina e no diesel levará o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022 a 6,45%. A expectativa anterior era de 5,65%, já bem acima do teto da meta, que é de 3,5% com intervalo de 1,5 ponto para cima ou para baixo).
Por que esse dado é acompanhado pelo mercado?
A taxa de juros é um indicador que afeta a Bolsa como um todo. O quanto de dinheiro que uma empresa vai gerar no futuro (ou seja, seu fluxo de caixa) é abatido a uma taxa de desconto, que geralmente corresponde a juros de longo prazo. Essa é uma espécie de prêmio, uma compensação pelo risco corrido pelo investidor, na hora de aportar recursos em uma companhia, deixando de alocá-los em renda fixa.
O chamado valor justo de uma empresa é formado pela soma desses fluxos nos próximos anos. Quanto maior a taxa de desconto (que é calculada com base nos juros futuros), menor o valor delas no presente.
Pesquisa de serviços e balanços
Os investidores acompanharão logo mais, às 9h, a divulgação dos dados da Pesquisa Mensal de Serviços de janeiro, que será publicada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na semana passada, os dados da Pesquisa Mensal de Comércio mostraram avanço de 0,8% para o mês, desempenho acima do esperado pelo mercado.
Os investidores ainda acompanharão, depois do fechamento do mercado, os balanços de MRV (MRVE3), Petz (PETZ3) e Braskem (BRKM5).
Veja abaixo a agenda completa:
Às 9h, o IBGE informa a PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) de janeiro.
Às 11h30, sai o número atualizado dos dados de estoques brutos de petróleo dos EUA.
Às 15h, o Fomc (comitê de política monetária do Federal Reserve, o banco central americano) informa a nova taxa de juros dos EUA.
Às 15h30, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursa.
Às 18h30, o Copom divulga a nova taxa de juros básica, a Selic.