Rede D’Or (RDOR3): Cade admite recurso de rivais contra compra da SulAmérica (SULA11); papéis sobem

As empresas contrárias ao casamento da Rede D’Or (RDOR3) e da SulAmérica (SULA3) tiveram uma pequena vitória nesta terça-feira (29), após o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) reconhecer a existência de argumentos contrários à operação e pedir esclarecimentos às duas companhias.

Na semana passada, a Rede D’Or e a SulAmérica avisaram ao mercado que várias empresas reclamaram da decisão preliminar do Cade aprovando de forma irrestrita a combinação dos negócios das duas companhias.

A lista dos insatisfeitos tinha nomes como Bradesco Saúde, Supermed e Benevix, além de vários hospitais, entre eles A.C Camargo, Beneficência Portuguesa, Albert Einstein e HCor.

A principal preocupação dos hospitais, que concorrem com a Rede D’Or principalmente na cidade de São Paulo, é acabar perdendo clientes caso não haja imposição de restrições à operação.

O receio é que grande parte do volume de beneficiários da SulAmérica passe a ser direcionado aos hospitais da Rede D’Or. Ou seja, os concorrentes temem perder clientes e a capacidade de rivalizar com a gigante dos hospitais.

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A Beneficência Portuguesa, por exemplo, argumenta que a operação pode gerar perda de receita nos hospitais sem uma proporcional redução de custos, o que “resultará em desincentivos à realização de investimentos” e, em última instância, prejudicará os consumidores.

“A operação proposta também resultará em um aumento significativo das barreiras à entrada no segmento de prestação de serviços de saúde, já que reduz significativamente o número de vidas atendidas por prestadoras de planos de saúde sem cadeia verticalizada”, acrescentou.

No caso dos planos de saúde que contestam a operação, a preocupação é que a Rede D’Or ofereça condições de negócio e custo assistencial mais favoráveis à SulAmérica em relação aos demais planos de saúde.

As empresas encaminharam estas reclamações ao Cade e, num despacho publicado hoje no Diário Oficial da União, o conselheiro-relator do caso, Luiz Hoffman, recebeu as reclamações e ordenou que Rede D’Or e SulAmérica se manifestem em 10 dias sobre o assunto.

Em relatório, o banco BTG Pactual considera que o pedido pode alongar o processo a respeito da fusão das duas empresas no Cade.

“Mas ainda não achamos que a decisão final exija grandes ‘remédios’, principalmente porque o acordo já foi aprovado previamente pela equipe técnica do Cade sem restrições, e sequer foi classificado como complexo”, acrescentou o banco. Remédios, no caso, são mudanças nos termos da operação impostas pelo Cade para que ela possa ir adiante.

O BTG Pactual aponta que as empresas que entraram com recurso contra a combinação dos negócios da Rede D’Or e da SulAmérica já haviam apresentado argumentos contestando a operação antes da decisão preliminar do Cade, e que não conseguiram convencer o corpo técnico naquela ocasião de que eram necessários ajustes.

Por volta das 11h50, as ações da Rede D’Or subiam 3,18%, para R$ 30,18, enquanto as units da SulAmérica avançavam 0,79%, a R$ 21,68.