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Recessão à vista! EUA, Europa, Brasil: onde o risco é maior?

No mercado brasileiro, atenção estará voltada para política econômico-fiscal do novo governo e o que poderá impulsionar as atividades do país

Foto: Shutterstock/Bigc Studio

Há uma certeza entre economistas e analistas de mercado: 2023 começará pior do que 2022. O risco que deixa a visão de futuro mais turva é o de recessão, em função da alta de juros generalizada.

“Lá fora, o cenário era de recuperação, agora é de desaceleração econômica”, destaca Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Mizuho.

Para Rodolfo Margato, economista da XP, porém, as chances de recuo da economia vão variar bastante de acordo com a situação de cada uma das regiões do mundo.

“Caso o banco central americano ainda precise subir muito os juros para levar a inflação para a meta, isso deve afetar o mundo como um todo e gerar uma recessão maior que a já esperada, e deve levar os ativos de risco para baixo”, diz, por sua vez, Thiago Nabuco, especialista da gestora Multiplica Capital.

Ele pondera que “os ajustes de política monetária e a baixa poupança das famílias começarão a fazer efeito nos níveis de preços ao longo do primeiro semestre, e, com isso, os BCs não precisarão ir tão mais longe no aperto monetário nem manter as taxas de juros tão altas por tanto tempo”.

Recessão mais próxima lá fora

A recessão pode estar mais perto das economias europeias. Na avaliação de Margato, eventual diminuição da atividade econômica nos Estados Unidos seria passageira.

A expectativa da XP é que a atividade americana cresça 0,5% em 2023, na comparação com 2022. E a China, com a reabertura em curso, deve fortalecer o crescimento do PIB, chegando a avançar 5% em 2023, aponta o analista.

Para Rostagno, do Mizuho, “a questão é como a China vai lidar com essa transição da política de Covid zero para a estratégia de lidar com a doença, como aconteceu no resto do mundo”.

Recessão longe daqui?

No Brasil, a recessão ainda parece distante. O que deve haver é uma desaceleração da atividade econômica, de acordo com o economista da XP.

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O desempenho positivo da produção agrícola no país, a manutenção da alta das commodities, com cotação acima do visto antes da pandemia, e o avanço de alguns segmentos do setor de serviços, como transporte e comunicação, são fatores que devem possibilitar o crescimento da atividade econômica.

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Além disso, destaca Margato, há setores menos sensíveis ao ciclo econômico, que devem dar reforço à manutenção da economia em patamar positivo. São as áreas de infraestrutura e de óleo e gás que passaram, de novo, por rodadas de concessões recentemente.

“Mas, a depender da dinâmica global, da condução sobretudo de política fiscal no Brasil e seus efeitos em inflação, juros, esse risco de recessão pode ganhar corpo para 2024”, pondera o economista da XP.

Para o estrategista-chefe do Mizuho, “os primeiros sinais [da política fiscal do novo governo] são preocupantes”, mas ele destaca que o banco não considera esse cenário como base para 2023.

Sobre inflação, Ariane Benedito, economista especializada em mercado de capitais, afirma que “se houver um aumento de cotação do petróleo e maior pressão nos preços de commodities agrícolas, assim como uma depreciação do dólar acima de R$ 5,40, a inflação ao produtor volta a ser o vilão da economia”.

Gestão fiscal brasileira

No Brasil, o grande tema para 2023 deverá ser a condução da política fiscal pelo novo governo, que, a depender, também pode ser fatal para as expectativas do mercado e avançar da economia.

Esse contexto “tem uma série de incertezas, passando pela PEC da Transição, chegando também a qual será o novo arcabouço de contas públicas (…), a condução de política econômica e o eventual impacto no BNDES [Banco de Desenvolvimento Econômico e Social] e empresas estatais, no que chamamos de ‘parafiscal’. (…) Isso deve fazer preço de ativos e também impactar cenários econômicos”, afirma Margato, da XP.

Na avaliação da economista Benedito, a ampliação do indicador dívida/PIB, causado pelo crescimento dos gastos do governo, pode causar uma vazão de capital estrangeiro, com o aumento do sentimento de cautela do investidor.

“Vale lembrar que o início de 2022 mostrou para o mercado brasileiro a importância que fluxo estrangeiro tem para os ativos especulativos. O juro real atrativo pode ser um fator de inversão desse cenário, se o BC permanecer com a estratégia de prolongamento do nível da taxa atual.”

Ajustes nos gastos

Para Rostagno, do Mizuho, é preciso entender também como o governo brasileiro vai buscar corrigir o aumento de gastos. “Deveria ser por controle [de recursos] de outras áreas. “Mas, ao que tudo indica, o governo deve perseguir a estratégia de aumentar a arrecadação de impostos. Aí, acho que vai encontrar resistência no Congresso”, destaca, ressaltando a alta carga tributária já existente no país.

“Estamos caminhando para um cenário mais desafiador do ponto de vista de crescimento econômico. O governo eleito tem mais apetite por gastos. É preocupante porque, na medida em que a economia desacelera, a tendência é que ele busque ampliar ainda mais os gastos. E isso pode trazer para o mercado uma preocupação fiscal que levou o país a perder o grau de investimento, à recessão econômica.”

Foi em 2015 que o Brasil deixou o patamar de grau de investimento, passando a ser considerado por agências de ratings, e portanto por investidores internacionais, como um país de risco fiscal elevado. Os desafios continuam grandes, em 2023 e nos próximos anos, para a retomada da nota.

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