Em uma sessão de baixa do Ibovespa, as ações que mais recuavam nesta tarde eram as de Qualicorp (QUAL3) e Bradesco (BBDC3; BBDC4), repercutindo os balanços divulgados na noite de terça-feira (9). A primeira recuava 13,15%, seguida pelas perdas de 11,20% e 11% das ações do banco.
No mesmo sentido, o principal índice da B3 recuava 0,71%, e operava aos 115.241 pontos às 13h10.
A empresa de planos de saúde anotou uma queda de 55,4% no lucro líquido na comparação com o período equivalente do ano passado, atingindo R$ 49,2 milhões. O resultado decepcionou alguns analistas do mercado.
Em relatório, a Genial Investimentos considerou “negativo” o desempenho da Qualicorp e disse que nem mesmo o controle de custos evitou que a companhia perdesse o fôlego no terceiro trimestre.
Para o Goldman Sachs, o ponto mais preocupante foi a perda de clientes da empresa, causado por um reajuste médio de 23% nos preços dos produtos oferecidos.
No caso do Bradesco, o que surpreendeu foi a piora na inadimplência e o impacto disso sobre o lucro, que caiu 22,8% na comparação anual, a R$ 5,2 bilhões, e veio abaixo das expectativas do mercado.
A taxa de inadimplência do Bradesco, que mede a proporção de empréstimos que estão com atrasos superiores a 90 dias em relação à carteira total de crédito, ficou em 3,9% no trimestre, acima dos 3,5% do segundo trimestre deste ano e maior que os 2,6% vistos no terceiro trimestre do ano passado.
Para o analista da INV Nicolas Merola, o banco passa por um período de dificuldade com seu crédito. “A carteira até está expandindo, mas com um crédito de menor qualidade, o que traz um risco para a instituição”, avalia. Ele considera a queda das ações do Bradesco como o grande impulsionador do desempenho negativo da Bolsa nesta quarta.
Por conta do balanço, os analistas do BB-BI rebaixaram a recomendação de compra da ação do Bradesco para uma posição neutra. “Somos otimistas quanto ao Bradesco dado o histórico de execução do banco. Porém, dado o cenário desafiador traçado pela dinâmica da inadimplência entendemos ser prudente reduzir a recomendação”, afirmam em relatório.
Na sequência das maiores baixas da Bolsa, Méliuz (CASH3) recuava 8,13%. A empresa também divulgou seu balanço do terceiro trimestre na noite de terça-feira, e reportou um prejuízo cinco vezes maior no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 18 milhões.
Na visão do analista CNPI da Agência TradeMap Sérgio Castro, a companhia não mostrou evolução no segmento financeiro, pressionada por uma concorrência com gigantes como XP, PagSeguro e Banco Inter. “Uma empresa que não consegue gerar caixa com a própria operação pode ser um risco para o investidor”, afirma, em análise.
Gerdau lidera altas da Bolsa
A Gerdau (GGBR4) reportou queda de quase 50% no lucro do terceiro trimestre em relação a um ano antes, mas as ações da companhia lideravam as altas do IBOV nesta quarta, com um avanço de 4,52%.
O motivo para isso, segundo a XP, é que o mercado previa um resultado ainda pior para a siderúrgica. A empresa ressaltou, em relatório, que o mercado olhou para outra linha do balanço.
De acordo com a corretora, os investidores viram com bons olhos o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, que somou R$ 5,4 bilhões no terceiro trimestre e ficou 5% acima das previsões de especialistas.
“Os resultados da Gerdau foram melhores do que o esperado e ainda mais positivos quando comparados a outras empresas de metais e mineração sob nossa cobertura”, disse a XP em relatório, reiterando a recomendação de compra das ações da siderúrgica, com preço-alvo em R$ 33,80.
Além da siderúrgica, a ação da BB Seguridade (BBSE3) subia 4,71%, Totvs (TOTS3) ganhava 3,86%, São Martinho (SMTO3) avançava 3,67% e Assaí (ASAI3) apontava em 3,56% para cima.
Bolsas internacionais
Após dias em alta, os mercados globais operam em terreno negativo nesta quarta, com investidores aguardando os resultados das eleições legislativas dos Estados Unidos.
Até o momento, os Republicanos levam vantagem na Câmara. Na opinião da XP, investidores esperam que esta configuração de Congresso dividido seja benéfica para a precificação das ações, pois pode reduzir a incerteza regulatória.
“Isso ajuda a reduzir a probabilidade de mais impostos corporativos e significar menos gastos do governo, o que também deve ajudar a reduzir a inflação”, acrescenta a corretora, em relatório.
Veja a performance dos principais índices acionários globais nesta quarta-feira (9):