Dólar e juros têm leve alta com tensão política e à espera de equipe econômica de Lula

Mercado também aguarda manifestação do presidente Bolsonaro a respeito do resultado das eleições

Foto: Shutterstock/rafastockbr

A margem apertada de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, a demora do presidente Jair Bolsonaro em reconhecer a derrota na disputa e as muitas dúvidas sobre qual será a política econômica a partir de 2023 fazem o dólar e os juros futuros subirem na manhã desta segunda-feira (31).

Por volta das 10h40, os contratos DI com vencimento em janeiro de 2024 estavam em alta de 6 pontos-base, a 13,02%. Já os vencimentos em janeiro de 2026 subiram 10 pontos-base, a 11,76%, e em janeiro de 2028 operavam em alta de 10 pontos, a 11,78%. No mesmo horário, o dólar futuro avançava 0,28%, a R$ 5,32, segundo dados da plataforma TradeMap.

Em discursos feitos ontem, Lula não sinalizou qual será o seu ministro da Fazenda, e falou que sua prioridade será a aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) “da reconstrução nacional”, para garantir Auxílio Brasil de R$ 600, reajuste real do salário mínimo e isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Neste momento, Bolsonaro está reunido com o seu parceiro de chapa, o general Braga Netto, e assessores no Palácio do Planalto.

“Vimos uma abertura de dólar forte, em um movimento de stress com a mudança de governo, mas isso já se reduziu. O mercado vai ficar agora na expectativa do reconhecimento do resultado pelo presidente Bolsonaro. Isso pode acalmar bastante o mercado”, afirmou o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. “Se houver esse reconhecimento, aí acaba risco de paralisações, manifestações nos próximos dias.”

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Na avaliação do especialista, o mercado vai viver “um problema por mês” daqui para a frente. “Depois de saber como será a transição, vai ver a equipe ministerial do Lula, quem vai cuidar da economia, e passado isso vai reagir a planos de governo.”

Na avaliação de Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, a ausência de informações sobre o direcionamento da política econômica e principalmente fiscal preocupa os investidores.

“A vitória de Lula traz preocupação ao mercado, já que o PT não repassou nenhuma informação sobre quem serão os ministros que ocuparão a equipe econômica”, pontuou.

“A realidade é que o PT não tem autonomia de maioria tanto no Senado quanto de deputados. Então fica um ponto de interrogação grande e isso nos primeiros dias traz um viés pessimista para o mercado em geral.”

Em nota, a consultoria britânica Pantheon Macro afirmou que a reação dos mercados nos próximos dias dependerá da decisão de Lula sobre sua política econômica e fiscal. “A pré-condição para um mercado subindo de forma sustentável é se Lula abraçar a ortodoxia nomeando um nome de mercado e fiscalmente responsável para o ministério da Economia. Todos os olhos estarão nisso ao longo das próximas semanas.”

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