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Por que a Marfrig (MRFG3) registrou um Ebitda recorde no primeiro trimestre; confira análise

No primeiro trimestre deste ano, a Marfrig teve um Ebitda recorde para o período, de R$ 2,7 bilhões, uma expansão de 60,9%

Foto: divulgação

O investidor desavisado que decidiu entrar no site da Marfrig para dar uma conferida nos resultados da empresa no primeiro trimestre pode ter tomado um susto.

Em balanço divulgado na noite de terça-feira (3), a empresa registrou uma queda de 61% no lucro líquido, em comparação a igual período do ano passado, para R$ 109 milhões.

Se o investidor tiver parado para olhar a reação do mercado, o susto pode ter sido ainda maior. Nesta quarta-feira (4), um dia após a divulgação, a ação da companhia fechou em queda de 7,76%, a maior do dia.

Mas calma, investidor. Respira e toma uma água.

A queda no lucro líquido da Marfrig é, digamos assim, enganosa. Boa parte do recuo está relacionada à grana que a empresa desembolsou para concluir seu investimento na BRF, na qual é uma das principais acionistas.

A Marfrig já era dona de um terço da BRF e, em janeiro deste ano, participou de uma nova oferta realizada pela empresa, comprando mais R$ 1,8 bilhão em ações, mas mantendo a mesma participação.

Só no primeiro trimestre, o investimento na BRF teve um efeito negativo de R$ 795 milhões no balanço, por causa da variação do preço das ações da BRF no mercado.

Como consequência, o resultado financeiro líquido da Marfrig ficou negativo em R$ 1,056 bilhão, 44% a mais do que em igual período do ano passado.

Se quiser saber como anda de fato a operação da Marfrig, sem esse efeito causado pelo investimento na BRF, o investidor tem de analisar o Ebitda, um indicador que mede o lucro da empresa sem considerar custos com impostos, juros, depreciações e amortizações.

No primeiro trimestre deste ano, a Marfrig teve um Ebitda recorde para o período, de R$ 2,7 bilhões, uma expansão de 60,9% em comparação aos primeiros três meses de 2021, apesar de o início do ano ser, historicamente, mais fraco para a companhia.

Mas por que foi tão bom, então?

Em teleconferência com analistas nesta quarta, a companhia explicou.

A operação da América do Sul foi o principal destaque para o primeiro trimestre da Marfrig, com um avanço de 94,9% no Ebitda, ao somar R$ 411 milhões.

O aumento foi impulsionado principalmente pela alta de 27,2% no preço médio dos produtos exportados e pelo maior volume de venda no total, devido à retomada da exportação de carne para a China, que representa quase 70% das exportações.

A China precisou recompor os estoques de carne após passar por um período de 100 dias sem importar produtos. Havia, portanto, uma demanda reprimida que se acumulou durante o período do quarto trimestre de 2021.

O volume de vendas das operações na América do Sul atingiu 345 mil toneladas, avanço de 11% no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2021. O consumo doméstico também cresceu, a uma taxa de 8,9%, para 211 mil toneladas, e as exportações foram de 134 mil toneladas, crescimento de 14,5% em comparação ao primeiro trimestre do ano passado.

Fonte: Site de RI da Marfrig

Mesmo com o cenário favorável, a empresa teve que lidar com outros fatores que impediram um maior avanço dos resultados, como a elevação do preço do gado, que aumenta o custo para empresa, e a valorização do real frente ao dólar, que gera menor receita, dado que o dólar representa 90% da receita do negócio.

Com isso, a margem Ebitda nas operações na América do Sul cresceu timidamente no primeiro trimestre, para 6,4%, 1,8 ponto percentual acima do nível de igual trimestre do ano passado.

Na América do Norte, o avanço foi de 3 p.p., para 15%. E, na junção das operações, a companhia teve uma margem de 12,3%, avanço de 2,4 p.p., em comparação ao primeiro trimestre de 2021.

Para 2022, a empresa pode esperar um cenário positivo para exportação de carne, com o dólar em patamares elevados, estabilização das ofertas de gado, para maior produtividade, e elevada demanda da China.

Em teleconferência, o CEO da companhia, Miguel Gularte, disse que a empresa está investindo na venda de carne com marcas e no chamado food service, para se destacar no mercado doméstico, e ressaltou que as vendas de carnes com marca já dobraram no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo período de 2021.

Em resumo, a retomada da demanda da China, a maior disponibilidade de rebanhos e o aumento do consumo interno são aspectos promissores que mantém o otimismo para Marfrig em 2022.

O mercado, porém, anda cauteloso com a empresa. As ações caem nesta quarta não só como reação ao balanço, mas também porque o setor de frigoríficos tem sofridos nos últimos dias, na Bolsa, com as novas restrições impostas pela China, com um novo surto de Covid-19, e com um cenário inflacionário mais alto.

Das 15 projeções de analistas compiladas pela Refinitiv e apresentadas na plataforma do TradeMap, oito têm uma posição neutra em relação à ação da companhia. Ou seja, nem estimulam a compra nem a venda.

Entre os demais, cinco indicam o investimento na Marfrig e dois recomendam fortemente a ação. A mediana das projeções aponta para um preço-alvo de R$ 27, uma valorização potencial de 61,5% em relação ao preço atual.

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