A crise de energia na Europa é pior que o choque do petróleo da década de 1970 e provocará uma recessão “profunda” na região. A avaliação é do BlackRock Investment Institute (BII), braço de análise de uma das maiores gestoras de investimentos do mundo.
Segundo a instituição, a União Europeia está gastando quase 12% do PIB (Produto Interno Bruto) com energia. Esse índice é maior que o de 10% do auge da última grande crise provocada pelo aumento nos preços do petróleo.
Nos Estados Unidos, a situação é bem menos grave – o gasto com energia está em 5,3% do PIB, menos da metade dos 12% da crise passada.
“É difícil ver algum tipo de alívio para a Europa nos próximos dois anos”, afirmou o BII, destacando que há chance de racionamento de energia no continente. “O inverno pode fazer a demanda aumentar, diminuindo os estoques.”
A BlackRock ressaltou que os países europeus estão adotando medidas para tentar evitar que a disparada nos preços da energia prejudique demais a economia.
Dentre as medidas, a gestora citou os planos da Alemanha para coletar o lucro extra das empresas de energia e usar o dinheiro para subsidiar preços, algo que deve ser copiado pelos países vizinhos.
No entanto, apontou que o volume de recursos direcionados a isso será bem menor que o destinado, por exemplo, a medidas para aliviar o estrago econômico da pandemia de Covid-19. “Isso reforça por que o choque de energia vai levar a uma recessão de vários trimestres na Europa”, acrescentou.
A BlackRock afirmou que os mercados de ações europeus ainda não consideram a “profunda recessão” esperada no Velho Continente, e acha que as previsões para os resultados das empresas da região – com exceção daquelas do setor de commodities – estão “otimistas demais”.