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Petróleo passa de US$ 100 e bolsas despencam após invasão da Rússia à Ucrânia

Invasão da Ucrânia pela Rússia acende sinal de alerta e investidores reduzem exposição a ações em todo o mundo

Foto: Pixabay

A Rússia começou a invasão à Ucrânia e provocou uma onda de aversão ao risco nos mercados internacionais, derrubando índices acionários e fazendo os preços do petróleo superaram US$ 100 por barril.

“Relatos de ataques de mísseis em vários alvos perto de Kiev, Carcóvia e Dnipro e de combate pesado fizeram os preços do petróleo superar US$ 100 por barril, o ouro passar de US$ 1.940 a onça, enquanto os mercados da Ásia despencaram”, disse Michael Hewson, analista-chefe de mercados da CMC Markets. “O dólar também disparou e os juros dos títulos de dívida dos Estados Unidos caíram de forma acentuada com investidores buscando ativos seguros”, acrescentou.

Os preços do petróleo estão subindo há meses diante da possibilidade de um conflito armado na Ucrânia interferir na oferta e distribuição da commodity produzida na Rússia. Os russos estão no grupo de aliados da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e são grande exportadores de gás à Europa.

Com a invasão da Rússia à Ucrânia em andamento, o preço do petróleo tipo Brent, que serve como referência internacional para a commodity, negociava nesta manhã a US$ 104,92 – alta de 8,34% em relação ao fechamento de quarta-feira, porém mais cedo chegou a ser cotado a US$ 105,45, o maior preço desde julho de 2014. O petróleo WTI subia 8,21%, a US$ 99,66 por barril.

O ouro, que tende a se valorizar em momentos de instabilidade global porque é considerado uma reserva de valor, subia 3,21%, para US$ 1.971,80 a onça, o maior preço desde meados do ano passado.

No mercado de ações,  o Moex, principal índice da Bolsa de Moscou, registrava queda de 33,3%, porém mais cedo chegou a cair mais de 50%. O Moex Broad Market e o Moex Blue Chip Index acompanhavam o RTS e registravam quedas de 30,17% e 32%, respectivamente. As negociações chegaram a ser suspensas depois do anúncio do início dos bombardeios à Ucrânia.

Na Europa, o índice Euro Stoxx 600, que inclui empresas de vários países da região, caía 4,03%. Na Alemanha, país que pode ser mais duramente atingido por um corte no envio de energia da Rússia, o DAX-30, principal índice acionário, recuava 5,08%, enquanto no Reino Unido a bolsa de Londres recuava 2,93%.

Nos Estados Unidos, os contratos futuros dos índices acionários Dow Jones e S&P 500 caíam 2,4%, enquanto o do Nasdaq Composto recuava 3,1%.

As taxas de juros dos títulos da dívida pública dos Estados Unidos, que já vinham caindo nos últimos dias por causa da possibilidade de invasão da Ucrânia pela Rússia, acentuaram as perdas hoje pela manhã. Isso depois de passarem três meses em alta diante da perspectiva de elevação nos juros americanos.

As taxas dos papéis com vencimento em dez anos, que chegaram a superar 2% ao ano pela primeira vez desde 2019 no início de fevereiro, agora operam a 1,85%.

Os títulos da dívida dos Estados Unidos, também conhecidos como Treasuries, são considerados investimentos seguros e tendem a subir de preço em momentos de aversão ao risco. Os juros destes papéis se movem na direção contrária à dos preços, caindo quando o mercado busca proteção.

O bitcoin também reagia mal à invasão da Ucrânia e caía 6,6%, segundo o Mercado Bitcoin, para R$ 176.236 – menor preço desde 20 de setembro.

O que fazer para proteger seus investimentos

Em um cenário em que a crise ainda pode durar meses, analistas e gestores recomendam ter uma posição mais defensiva na carteira. A principal preocupação é com um cenário de inflação maior, com os preços de commodities mais elevados. A lista de ativos recomendados varia de títulos de dívida corrigidos pela inflação até ativos no exterior.

Isso poderia levar o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, a ter que intensificar mais a alta da taxa de juros, com impacto para crescimento e para o fluxo de recursos para países emergentes como o Brasil conforme ocorrer o aperto monetário no mercado americano.

Entenda o conflito

Desde abril do ano passado a Rússia vinha aumentando o número de tropas na fronteira com a Ucrânia, alimentando receios de que eventualmente invadiria o país vizinho.

Estas preocupações cresceram no final de 2021, quando imagens de satélite mostraram que a Rússia posicionou armamentos pesados na fronteira e após vir à tona que havia mais de cem mil soldados russos às portas da Ucrânia.

Há pouco mais de uma semana, a tensão na região aumentou de novo depois de os Estados Unidos alertarem que a Rússia poderia invadir o país vizinho a qualquer momento.

A Europa e os Estados Unidos chegaram a negociar com o governo russo as condições para que a invasão não fosse adiante, mas a tentativa de acordo fracassou. A Rússia queria proibir a Ucrânia de participar da Otan e buscava uma redução das forças do grupo no Leste Europeu, pedidos rejeitados por Washington e Bruxelas.

Na segunda-feira (21), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou num pronunciamento que reconheceria a independência de duas regiões separatistas da Ucrânia, Donetsk e Luhansk, e nesta terça-feira (22) recebeu autorização de congressistas para enviar tropas russas a ambos os locais, sob a justificativa de manter a ordem.

Entre quarta-feira (23) e a madrugada desta quinta-feira (24), notícias apontaram que a Rússia atacou bases militares na Ucrânia e Putin afirmou que pretendia neutralizar a força militar existente nas regiões que os russos reconheceram como independentes.

Esta não seria a primeira vez em que a Rússia assumiria o controle de partes da Ucrânia sob este tipo de estratégia. Em 2014, a Crimeia, até então parte da Ucrânia, declarou independência unilateralmente e foi anexada pela Rússia, que na época também enviou tropas à região.

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