Projetando cenários futuros envolvendo o preço do barril de petróleo e a possibilidade de a Petrobras (PETR4) subsidiar ou não o preço dos combustíveis, o BTG Pactual divulgou um relatório nesta terça-feira (31) estimando que, com ou sem subsídios, as alterações nos preços podem diminuir o Ebtida (lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação) e os dividendos da empresa.
De acordo com o BTG, apesar do mundo inteiro estar sofrendo com a alta dos preços dos combustíveis, a dependência do Brasil da importação de combustíveis agrava o impacto. Além disso, os analistas do banco projetam que, mesmo que o estatuto da companhia dificulte a alteração de preços e protege a empresa, a nova mudança de CEO pode trazer alguns riscos sobre o tema.
Diante disso, a instituição financeira traçou três cenários para a empresa e seus efeitos no Ebitda e nos dividendos. No primeiro, a Petrobras não subsidiaria a importação, mas venderia combustível com desconto para paridade internacional de preços.
Nesse cenário, assumindo o preço do barril do Brent em US$ 120 e o câmbio em R$ 5 por dólar, a empresa perderia cerca de US$ 6 bilhões, ou cerca de R$ 30 bilhões no Ebitda, o que traria US$ 3,6 bilhões a menos em potencial pagamento de dividendos.
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Por outro lado, caso a petrolífera subsidiasse as importações e o Brent continuasse nessa faixa dos US$ 120, a perda pode ser ainda maior. No segundo cenário, o BTG estima uma perda total de US$ 7,5 bilhões em Ebitda e uma redução de dividendos de US$ 4,5 bilhões.
“O problema é que tem aumentado o ruído sobre uma possível mudança na política de preços da companhia, ou até mesmo colocando a Petrobras de volta à posição de importadora chave do volume necessário para abastecer o país. Se isso ocorrer, a visibilidade do fluxo de dividendos também diminui”, destacou o BTG.
O terceiro e último cenário é aquele o qual a petrolífera subsidiasse as importações, mas o Brent voltasse para a faixa dos US$ 70. Na visão dos analistas do banco, esse traria um grande risco para a Petrobras, com uma redução de US$ 45 bilhões no Ebitda da companhia.
Embora essa possibilidade exista, esse último cenário é visto pelo BTG como improvável. “Achamos que isso é um risco de cauda, pois uma queda nos preços do petróleo dessa magnitude parece muito improvável neste momento. Mesmo que isso acontecesse, a pressão da política sobre a Petrobras diminuiria substancialmente, assim como a necessidade de subsídio ao preço do combustível”.
O BTG Pactual possui recomendação neutra para os papéis da empresa e preço-alvo de US$ 15,00. Segundo os analistas, a incapacidade de prever a alocação de capital da empresa no médio prazo impede uma recomendação positiva.
No relatório, os analistas afirmam que “preferem investir no setor via outros nomes”, ao projetar que o preço do petróleo continue em níveis elevados e os papéis da Petrobras fiquem voláteis até a eleição.
Por volta de 16h43, os papéis da empresa preferenciais da Petrobras recuavam 0,50%, negociados a R$ 29,84%, enquanto as ações ordinárias caiam 0,27%, a R$ 32,92.