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Para UBS-BB, queda de 20% da ação da XP (XPBR31) não se justifica e abre oportunidade de compra

Novas iniciativas da corretora devem crescer e não estão sendo precificadas, na visão do banco

Foto: Shutterstock

A queda de cerca de 20% nas ações da XP desde o início do ano — período em que o Ibovespa teve alta de 20% e o BTG Pactual (BPAC11), seu principal concorrente, subiu cerca de 30% — não se justifica e abre uma oportunidade de compra para a ação, na visão da equipe de analistas do UBS-BB.

Esta desvalorização, segundo os analistas, se deve principalmente ao risco de venda de participação pelo Itaú Unibanco (ITUB4) e pela Itaúsa (ITSA4), à tendência vista em outras empresas de tecnologia e de crescimento, e aos resultados do primeiro trimestre, que surpreenderam negativamente.

Nos últimos anos, lembra o banco, a XP tem investido em novas linhas de negócios, com foco em previdência, cartões, crédito e seguros. Ainda que essas iniciativas estejam em estágio inicial, elas têm ganhado tração e podem ter impacto positivo não apenas no balanço, mas também na fatia da XP na carteira de investimentos de clientes, que passam a depender menos de bancos tradicionais, segundo o UBS-BB.

Assim, a opinião do UBS-BB é que essas iniciativas podem surpreender o mercado positivamente, uma vez que ainda não foram totalmente incorporadas nas projeções.

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Apesar de enxergar potencial nas novas verticais, os analistas do banco acham que será difícil, ainda que não impossível, que estes quatro segmentos gerem R$ 10 bilhões em 2025, ou 20% da receita total — indicado pela XP em suas projeções. Nos 12 meses encerrados em março, a receita bruta das novas verticais foi de R$ 759 milhões, 6% da receita consolidada.

A expectativa é que, com uma expansão de cerca de 30% ao ano dos ativos sob custódia e com a evolução das novas iniciativas da XP, seu lucro deva crescer a um ritmo médio de 20% ao ano entre 2022 e 2024. O UBS-BB aponta ainda que, em suas projeções, não considera potenciais reduções de custo que podem ocorrer caso haja desaceleração no crescimento de receitas.

Pedras no caminho

A visão positiva, porém, não significa que a companhia não deva enfrentar dificuldades. Em primeiro lugar, a expectativa do UBS-BB é que as taxas de juros permaneçam em patamares elevados por algum tempo, diminuindo o apetite de investidores.

Um exemplo disso é o volume médio de negociações diárias da B3, que permaneceu fraco em abril e maio, assim como a atividade de mercado de capitais e a entrada de recursos. Ainda assim, os analistas do banco não acreditam que o processo de aprofundamento financeiro dos investidores brasileiros esteja chegando ao fim, mas que o movimento atual seja apenas uma pausa temporária causada por condições macroeconômicas.

Em outra frente, a take rate, métrica que indica a comissão média da companhia sobre a prestação de serviços, como percentual dos ativos sob custódia, caiu mais do que o esperado, para 1,1% no primeiro trimestre deste ano, ante o patamar estável em torno de 1,3% que vinha anotando desde 2018.

E, ainda que a take rate possa apresentar certa recuperação no curto prazo, ficando em torno de 1,2% nos próximos trimestres, segundo as projeções do UBS-BB, a expectativa do banco é que a contração continue no longo prazo, chegando em 2026 a 1,1%.

A base de clientes também deve crescer a um ritmo menor daqui para frente, uma vez que a XP já atingiu 3,5 milhões de clientes, número superior aos negócios premium do Itaú e do Bradesco (BBDC4), Personnalite e Prime. A corretora vem adicionando cerca de 710 mil clientes por ano desde 2018, mas a expansão deve encolher para aproximadamente 350 mil em 2022 e em torno de 400 mil nos próximos anos, diz o banco.

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A revisão nas projeções de expansão de base de clientes e take rate resultam também em expectativas menores para receita. Enquanto a XP projeta chegar a R$ 40 bilhões em 2025, a estimativa do UBS-BB é de R$ 29 bilhões. O lucro líquido ajustado, por sua vez, deve fechar 2022 a R$ 4,1 bilhões e 2023 a R$ 4,9 bilhões, na visão do banco.

Outro risco importante para as ações da XP é a possível venda de ações pelo Itaú e pela Itaúsa. Na opinião do banco, cerca de R$ 2,9 milhões em ações da corretora podem entrar no mercado no curto prazo.

Recentemente, a Itaúsa diminuiu sua fatia na empresa para 12%, de 15%, e revelou que pode vender uma fatia adicional de até 24 milhões de ações neste ano, o que equivale a 4,3% do capital da XP neste ano. O Itaú, por sua vez, tem indicado que pode reduzir sua participação, que hoje é de 11,4%, para abaixo de 10% no curto prazo.

Outros riscos mencionados pelos analistas são o ambiente econômico; mudanças em taxas de juros e câmbio; mudanças regulatórias; aumento da concorrência, que poderia diminuir a captação líquida; e riscos de execução na implementação de novos produtos.

Ações estão baratas, é hora de comprar

A avaliação do banco, que passou a recomendar a compra do papel, que antes recebia classificação neutra, considera que o ativo está mais barato do que muitas ações de empresas brasileiras de crescimento – inclusive de companhias que operam em segmentos mais arriscados, como PagSeguro (PAGS34), Stone (STOC31) e B3 (B3SA3).

O UBS-BB aponta ainda que a XP, que costumava ser negociada com um prêmio de 200% sobre as ações de um de seus principais concorrentes, o BTG Pactual, agora opera a um prêmio menor, de 27%. “Não acreditamos que isso seja justo, dada a composição e os resultados das duas plataformas de investimento. Vale notar que nós costumávamos preferir o BTG à XP, o que não é mais o caso”, dizem os analistas.

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Na comparação com o BTG, o UBS-BB destaca que o lucro da XP deve ter crescimento mais rápido, e que o mix de negócios do BTG, com maior participação do segmento de crédito e de corretagem, merece múltiplos menores do que o da XP, concentrado em serviços de varejo.

Apesar de ter passado a recomendar compra, o UBS-BB revisou para baixo seu preço-alvo para a ação, para US$ 31, contra US$ 37 anteriormente, devido à uma redução nas projeções de lucro, consequência de uma desaceleração no crescimento da base de clientes. O preço-alvo atual corresponde a alta de 36% em relação ao valor do papel no fechamento de segunda-feira (6), de US$ 22,83.

E não é só o UBS-BB que tem uma visão positiva sobre o ativo. De acordo com dados da Refinitiv disponíveis no TradeMap, nove das 12 instituições financeiras consultadas recomendam a compra da ação, enquanto as outras três indicam a manutenção do ativo em carteira. A mediana de preços-alvo dos analistas é de US$ 38,08 – potencial de alta de 67%.

Nesta terça, a ação da XP em Nova York fechou em alta de 3,81%, a US$ 23,70.

Gráficos com a visão de analistas sobre as ações da XP
Fonte: TradeMap

 

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