Apesar de o Pão de Açúcar (PCAR3) ter um plano estratégico claro, os ventos contrários de curto prazo, como o cenário macroeconômico adverso e a competitividade do setor preocupam o mercado, reverberando na queda das ações nesta quinta-feira (8), um dia após o evento anual da empresa com analistas e investidores.
Segundo a XP, mesmo que o foco da companhia esteja no crescimento da receita, nível de serviços, digital, expansão de lojas e rentabilidade, existe o risco de materialização da execução desse plano, uma vez que os juros e a inflação elevados minam o poder de compra das famílias.
Além disso, em relatório publicado na noite de ontem (7), os analistas Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday ressaltam que a maior dúvida, neste momento, é sobre o plano de monetização de ativos da companhia.
“Na nossa visão, o GPA percebe a categoria de perecíveis como um de seus principais diferenciais frente à concorrência, sendo ela uma ferramenta essencial para serem capazes de entregar os pilares de crescimento do digital, além de ser uma das principais propostas de valor dos formatos do Pão de Açúcar e Minuto”, diz a corretora.
Diante disso, a XP mantém a recomendação neutra para o Pão de Açúcar, mas reduziu o preço-alvo de R$ 25 para R$ 21, principalmente por conta do custo de capital mais elevado, devido à alta dos juros.
Para o Goldman Sachs, que também esteve presente no evento da companhia, o que mais chamou a atenção foi o Pão de Açúcar reconhecer que 2022 foi um ano desafiador por causa da descontinuação da operação do hipermercado, que exigiu muitos ajustes operacionais. No entanto, a empresa afirmou que daqui para frente a geração de caixa e a rentabilidade serão as prioridades.
“Para os próximos dois anos, a administração está empenhada em retomar a geração de caixa, enquanto executa um plano de expansão agressivo, que envolve a abertura de 230 lojas, amplamente em linha com nosso modelo”, afirmam Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini, em relatório.
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O Goldman mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 22 para o Pão de Açúcar ao fim de 2023, o que significa um upside de 18,8% em relação fechamento desta quarta-feira (7), que foi de R$ 19,50.
Por volta de 11h57, o papel ordinário da empresa de alimentos operava em baixa de 4%, a R$ 18,72, figurando entre as três maiores baixas do Ibovespa.