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O potencial da Auren (AURE3) para dominar o mercado de energias renováveis

Capacidade instalada da companhia irá aumentar em 58% nos próximos anos

Foto: Shutterstock

A Auren Energia (AURE3), que começou a ser listada na Bolsa em 25 de março, surgiu da fusão da Cesp, que era controlada pelo grupo Votorantim, com outra empresa do controlador, a Votorantim Energia. A operação gerou uma companhia com potencial de se tornar uma gigante no mercado de energias renováveis, segundo especialistas ouvidos pela Agência TradeMap.

A história vem de 2018. Naquele ano, a Cesp, companhia estatal que operava a hidrelétrica paulista de Porto Primavera, foi privatizada, passando para as mãos do grupo Votorantim e da CPP Investments, o braço de investimentos do fundo de pensão do Canadá CCPIB.

Desde então, a Votorantim passou a ter em seu portfólio duas companhias que produziam energias renováveis: a Cesp e a Votorantim Energia, especializada na geração de energia eólica, criada em 2013. E agora, em busca de sinergias, a Votorantim e a CPP Investments decidiram unir as duas empresas.

“A reestruturação criou uma geradora líder de energia renovável e uma comercializadora de energia líder, com acionistas controladores fortes e perspectivas de crescimento”, disseram os analistas do JP Morgan, em relatório distribuído a clientes em 6 de abril.

Na visão do analista de Leonardo Piovesan, analista fundamentalista da Quantzed, a Auren passa a ser uma empresa maior, e um dos pontos que vêm com isso é um aumento de liquidez, o que melhora a percepção da companhia perante o mercado.

Diversificação é a grande vantagem

A maior vantagem da nova companhia, porém, é a diversificação de ativos. Até então, a Cesp operava exclusivamente no mercado de energia hidrelétrica, o que a expunha a uma série de riscos. “Antes era só um ativo, então tinha um risco muito grande. O resultado sofreu com a crise hídrica, por exemplo”, diz Piovesan. Agora, ainda que a energia hidrelétrica siga sendo a maior parte da operação da Auren, há mais diversificação.

No quarto trimestre de 2021, a Cesp registrou prejuízo líquido de R$ 52 milhões, contra lucro de R$ 1,6 bilhão no mesmo período de 2020. O resultado foi afetado principalmente pela crise hídrica, que forçou a compra de mais energia de fora no ano passado, para ser capaz de cumprir os contratos com seus clientes.

Maurício Oliveira, gestor da CL4 Capital, complementa: “Quando a empresa tem um portfólio mais diversificado, começa a ter uma flexibilidade maior sobre o que fazer com a energia”, explica. “A empresa nova parece bem mais legal. Muito mais ativa na parte de comercialização de energia, não apenas na geração, tem uma complementaridade de tipos de energia, eólica e hidráulica…”, diz.

Piovesan, da Quantzed, menciona também a carteira de clientes da Auren. “Antes, a carteira era concentrada em poucos grandes clientes, o que trazia risco de inadimplência. Com a diversificação, a empresa passa a ter um custo de capital menor”, afirma.

E o fato de ter um custo de capital menor, diz o analista, a coloca a frente de players menores. Mas não é só isso: “Ela tem mais conhecimento de mercado, consegue precificar melhor e ter rentabilidade maior do que empresas menores”, completa.

E a diversificação só tende a aumentar, com a implementação de novos projetos, que já estão em andamento, contando com o know how da Votorantim Energia na construção de ativos, diz Piovesan.

Potencial

Atualmente, de acordo com o dados da própria companhia, a Auren tem uma capacidade instalada de 2.659 megawatts (MW), sendo 71% de energia hidrelétrica e 29% de energia eólica.

A empresa está construindo dois parques de energia eólica com capacidade combinada de 409,02 MW e início de operação previsto para novembro deste ano. Além disso, mais 1.954,7 MW em capacidade instalada virão de projetos que já foram confirmados, mas que ainda não começaram a ser construídos, divididos entre energia solar e hídica.

Com estes projetos, e outros que irão entrar em construção nos próximos anos, o crescimento contratado pela companhia representa um aumento de 58% em sua capacidade instalada até 2026, calcula Piovesan.

Além da construção própria, o analiasta diz que aquisições também estão no radar da Auren.

Avaliação

Na visão de Oliveira, a Auren está, no mínimo, em “pé de igualdade” com companhias como a Engie (EGIE3) e a CPFL (CPFE3), que atuam no mesmo segmento.

Já a equipe de analistas do JP Morgan é ainda mais otimista, e coloca a Auren como a preferida entre as companhias brasileiras do setor de utilities. O preço-alvo fixado pelo banco é de R$ 29, o que corresponde a alta de 81% em relação ao valor do fechamento de quinta-feira (7), de R$ 16.

Por volta das 15h30 (horário de Brasília) desta segunda-feira, o papel era negociado em queda de 0,43%, a R$ 16,14 – na mesma direção do Ibovespa, que operava em baixa de 0,85%, aos 117.319 pontos.

“Acreditamos que o mercado não esteja precificando corretamente o valor dos ativos existentes, as sinergias produzidas pela fusão e o crescimento no setor de energia solar, mesmo considerando preços de energia um pouco menores no longo prazo”, afirmam os analistas do JP Morgan.

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