O plano da Tenda (TEND3) para ganhar mercado entre o público de baixa renda; ação sobe 4%

A empresa espera que os custos maiores para construção tirem do jogo as construtoras de menor porte, abrindo mais espaço para as maiores

Um dos principais nomes entre as construtoras que fazem imóveis destinados a um público de baixa renda, a Tenda acredita que poderá ter uma participação ainda maior nesse mercado em 2022, especialmente entre as empresas que erguem residências para o programa governamental Casa Verde Amarela, o antigo Minha Casa Minha Vida. 

O programa é dividido em faixas de renda e a Tenda é quem tem a atuação mais forte entre as famílias que estão no intervalo mais baixo, de até R$ 4 mil por mês. Em São Paulo, a companhia domina com 53% de participação. No Rio de Janeiro, tem 60%. No Rio Grande do Sul, 100%. E na Bahia, 80%. Todos os números são relativos ao acumulado dos primeiros nove meses de 2021. 

Para Tenda, essas fatias devem ficar ainda maiores, porque a empresa acredita que os concorrentes de menor porte vão sofrer mais com o aumento dos custos no setor. O Índice Nacional de Construção Civil (INCC), caculado pela FGV e que se propõe a medir a inflação dos materiais de construção, acumula alta de 14,69% em 12 meses até novembro, acima da inflação geral para o consumidor, medida pelo IPCA, do IBGE, que chegou a 10,88% em 12 meses. 

Em evento com investidores, o CEO da Tenda, Rodrigo Osmo, disse que o aumento dos custos prejudicaram a lucratividade das construtoras que operam no programa do governo. Afinal de contas, como são casas de valor mais baixo, a margem de lucro costuma ser limitada. Com isso, ele disse, as empresas de menor porte estão saindo do segmento, abrindo espaço para as de maior porte, que têm fôlego para suportar a inflação.  

Os analistas do BTG Pactual participaram do evento e ressaltaram que o plano da Tenda é aproveitar essa vantagem competitiva para aumentar os preços e, assim, ganhar margem. Atualmente, a margem bruta da Tenda está entre 29% e 31%. A meta é chegar a algo entre 32% e 34%. 

“Como a Tenda domina a faixa mais baixa do Casa Verde Amarela, a demanda por seus projetos está se recuperando, com os compradores de casas tendo menos opções”, escrevem os analistas, em relatório publicado nesta sexta-feira, dia 10 de zembro. “Então, a Tenda vai aumentar os preços de venda para aumentar as margens, apesar de reconhecerem que isso terá impacto nas vendas e na expansão de lançamentos para 2022”. 

Além disso, a Tenda espera que o governo aumente os subsídios para o programa, baseado em recursos do FGTS. Entre 2018 e 2020, os subsídios ficaram, em média, entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões por mês. Nos últimos meses, está entre R$ 300 milhões e 400 milhões, diz o BTG. 

 “Assim, o CEO acredita que o governo poderia aumentar os subsídios, principalmente na faixa mais baixa, a mais impactada, o que definitivamente seria positivo para a demanda e as margens da Tenda”, afirma os analistas, que ressaltam ainda que a nova exigência de seguro de construção no programa pode também afugentar as construtoras menores. 

Por volta das 16h30, a ação da Tenda era negociada a R$ 18,45, em alta de 4%. O BTG recomenda a compra do papel e estima preço-alvo de R$ 40 em 12 meses. 

O banco de investimentos também estima lucro líquido de R$ 384 milhões para a construtora em 2022, contra R$ 270 milhões previstos para 2021. 

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