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Negócios na Bolsa caem cerca de 20% quando Brasil entra em campo na Copa, mostra levantamento

Tanto em 2018 quanto em 2022, dias de jogos da Copa afastam investidores da Bolsa

Fontes: Shutterstock/janews

Não é novidade para ninguém que o país para quando a seleção brasileira entra em campo em uma Copa do Mundo. Seja para reunir a família e os amigos ou assistir ao jogo em algum estabelecimento, tudo fica em segundo plano.

Nem mesmo a Bolsa escapa. Se o jogo cai em um horário durante o pregão, os investidores também deixam o mercado de lado para poder prestigiar os jogadores brasileiros em busca de mais um título mundial.

Em outras edições da competição, a B3 chegou até a alterar o horário do pregão para não haver o choque, mas isso não aconteceu em 2018, quando a Copa foi na Rússia, nem neste ano.

Para ter uma ideia do “quanto” a seleção brasileira faz o investidor esquecer a Bolsa, a Agência TradeMap fez um levantamento que comparou o volume de negócios na B3 em dias de jogos do Brasil com os demais dias da competição, tanto em 2018 quanto neste ano, com o que já rolou até o momento.

Os números são similares. Em média, o volume de negócios do Ibovespa cai cerca de 20% em dia de jogo da seleção brasileira.

Em 2018, o volume médio negociado no período da Copa da Rússia foi de R$ 8,7 bilhões, enquanto nos quatro dias que o Brasil entrou em campo, a média caiu 20,7%, para R$ 6,9 bilhões.

Em 2022, do primeiro dia de Copa em dia de pregão (21 de novembro) até o dia 28, o Ibovespa negociou uma média de R$ 18,7 bilhões por dia, tendo uma queda de 21,5% nos dois dias que a seleção brasileira entrou em campo, com R$ 14,14 bilhões negociados no dia do jogo contra a Sérvia (24) e R$ 15,2 bilhões no dia da partida contra a Suíça (28).

O levantamento mostra também que o interesse não cai só em dia de jogo do Brasil. Tanto em 2018 quanto em 2022, a média de volume negociado durante a Copa é menor que a média do ano todo. Na edição passada, o recuo foi de 19,8%. Neste ano, tem sido de 26,4%. 

O horário do jogo também interfere no volume negociado no Ibovespa. Quanto mais tarde, pior. Neste ano, por exemplo, o Brasil jogou às 16h contra a Sérvia, ou seja, com o final do jogo coincidindo com o final do pregão, e às 13h contra a Suiça, com a partida terminando três horas antes do fim das negociações às 18h.

O primeiro jogo teve uma liquidez 7,50% menor que o segundo, e a menor desde que a Copa do Catar começou.

Em 2018, a situação foi parecida. O único jogo que o Brasil fez pela manhã, às 9h contra a Sérvia, pela fase de grupos, teve uma liquidez 21% maior que a média dos outros três jogos que aconteceram às 15h em dias úteis.

Nessa edição, o Brasil entrou em campo em quatro dias de pregão: 22 de junho, 27 de junho, 2 de julho e 6 de julho. O primeiro confronto, contra a Suíça, ocorreu num domingo, dia 17 de junho, dia sem negociações na Bolsa.

O dia do jogo contra a Sérvia em 2018, partida que começou antes do pregão ter início, teve volume de R$ 8,2 bilhões, similar ao da média da Copa como um todo, de R$ 8,7 bilhões.

Outro aspecto interessante a se notar é o aumento do volume médio negociado em 2018 e em 2022. Vale lembrar que a Bolsa passou por um boom de investidores pessoa física ao longo dos últimos quatro anos, o que ajuda na medida.

Segundo a B3, em 2018, o número de contas de investidores pessoa física na B3 era de 814 mil e, em dezembro de 2020, por exemplo, foi atingida a marca de 3,2 milhões, representando um aumento de quase 300%. Atualmente a B3 contabiliza 4,6 milhões de investidores pessoa física.

Na avaliação de Aline Cardoso, estrategista institucional de ações para Brasil do Santander, por mais que a copa “atrapalhe a Bolsa”, na medida que reduz substancialmente o volume de negócios, a participação de mais investidores mitiga o impacto. “Quanto mais investidores, maior a liquidez”, ela disse à Agência TradeMap.

Copa costuma impulsionar Bolsa do país sede e do campeão, diz Santander

Mesmo com uma liquidez mais baixa quando as seleções entram em campo, os analistas do Santander Aline Cardoso, Ricardo Peretti e Alice Corrêa destacaram em um relatório enviado ao mercado no dia 14 de novembro que a Copa costuma ter um efeito positivo nas Bolsas tanto do país campeão quanto no país-sede do torneio.

Ao comparar com o índice global de ações (MSCI ACWI) o desempenho das bolsas de países que venceram a Copa desde 1990, o Santander notou uma alta de, na média, 0,3%, durante o primeiro mês após a conquista.

“A empolgação do país campeão pode, pelo menos temporariamente, valer a pena no mercado de ações local, mesmo que de maneira sutil”, concluem os analistas.

Fonte: Santander, com dados da Bloomberg

Ao analisar os números, é possível notar que a maior alta pós-Copa (+26,5%) ocorreu em 1994, quando o Brasil foi tetracampeão, e a maior baixa (-20,9%) em 2002, quando o Brasil foi pentacampeão.

A estrategista Aline Cardoso destaca que o movimento político que o país vivia nas duas ocasiões foi o causador dessas performances. Em 1994, ela cita que o lançamento do Plano Real, feito em julho daquele ano, foi um impulsionador da Bolsa brasileira do período.

Já em 2002, as incertezas acerca do novo governo eleito, que acabou sendo o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), colocavam uma dúvida nos mercados, gerando volatilidade.

Além disso, o Santander destaca que um mês após o anúncio do país escolhido para sediar o evento, é vista uma melhora marginal no desempenho da bolsa daquele país. No primeiro mês após a escolha do país-sede, o país escolhido superou o mercado global (MSCI ACWI) em média em 0,44%.

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