A B3 (B3SA3), empresa que é dona da Bolsa, tem sofrido com a diminuição do apetite do investidor pelo mercado de ações desde o ano passado, quando os juros voltaram a subir e tiraram atratividade da renda variável. E a companhia mostrou no balanço do terceiro trimestre que nem mesmo a volatilidade da eleição foi suficiente para elevar os negócios.
No período de julho a setembro, a B3 teve um lucro líquido atribuível aos acionistas de R$ 1,029 bilhão, queda de 12,5% em relação a igual período do ano passado e abaixo das previsões do mercado.
Os analistas do BTG Pactual e do Santander, por exemplo, esperavam um ganho de R$ 1,091 bilhão, enquanto o Bank of America projetava um resultado positivo de R$ 1,3 bilhão.
O lucro líquido recorrente também caiu no terceiro trimestre, ao somar R$ 1,15 bilhão, número 10,7% menor que o de igual período do ano passado.
O volume de negociações de ações na Bolsa, que proporciona a principal fonte de receita da B3, com as comissões cobradas em cada transação, teve média diária (ADTV) de R$ 26,2 bilhões no terceiro trimestre, uma retração de 17% em comparação com igual período do ano passado.
Com o aumento da taxa de juros, o investidor tem estado menos interessado em investir em ações, mas havia uma expectativa no mercado de que o processo eleitoral, que costuma deixar a Bolsa mais agitada, pudesse contribuir para um aumento nos negócios, embora o resultado do segundo turno presidencial entre no balanço do quarto trimestre.
Inflação, guerra e China pesaram no terceiro trimestre, aponta B3
“As pressões inflacionárias no mundo e as correspondentes respostas das autoridades monetárias, a guerra na Ucrânia e preocupações sobre o desempenho econômico chinês continuaram trazendo incertezas para os mercados financeiros globais durante o terceiro trimestre do ano”, disse a empresa, em relatório que acompanha o balanço.
A companhia, contudo, indicou que está esperançosa, uma vez que o Banco Central (BC) já encerrou o ciclo de alta de juros e o mercado tem precificado o início da redução a partir de 2023.
“No Brasil, ainda que a taxa básica de juros permaneça em patamares elevados, a decisão do Banco Central de mantê-la em 13,75% sinaliza o possível fim do ciclo de alta, com o enfraquecimento da inflação nos últimos meses”, disse a companhia.
Por outro lado, ressaltou a B3, no segmento de balcão, as taxas de juros mais elevadas favoreceram os volumes, com destaque para o crescimento de 30,9% em um ano no estoque de instrumentos de renda fixa e de 32,8%, no do Tesouro Direto.
Com isso, a receita líquida da B3 cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre, para R$ 2,26 bilhões. “Dessa forma, o impacto sentido pelos negócios mais cíclicos foi praticamente neutralizado pelo desempenho dos demais segmentos”, disse a empresa, no relatório que acompanha o balanço.
O lucro operacional da B3, medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), somou R$ 1,67 bilhão no terceiro trimestre, recuo de 8,2% em um ano. A margem como proporção do Ebitda, por sua vez, teve queda de 6,7 pontos percentuais em um ano, para 74%.