Com incertezas acerca da situação fiscal e pressões inflacionárias e de juros pelo mundo, o Ibovespa segue seus pares internacionais e volta a cair. Nesta quarta-feira (8), o principal índice da B3 era pressionado por empresas de commodities metálicas na ponta negativa.
Às 13h10, o IBOV recuava 0,29% e operava aos 109,730 pontos. Na contramão dos últimos pregões, as empresas ligadas a mineração e siderurgia recuavam em bloco e, assim, devolviam parte dos ganhos recentes.
A CSN Mineração liderava a ponta de baixo, e recuava 2,95% no mesmo horário. Na sequência, ainda dentro do setor, Gerdau (GGBR4) perdia 2,37%, Gerdau Metalurgia (GOAU4) caía 2,11%, e Vale (VALE3), a empresa que mais negocia papéis na Bolsa — cerca de 14% de todas as ações, apontava em 1,95% para baixo.
Para Armstrong Hashimoto, sócio e operador da mesa de renda variável da Venice Investimentos, o setor vive no dia a chamada “realização de lucros”, ou seja, quando investidores entram no mercado para vender papéis que se valorizaram nos pregões mais recentes.
No caso da Vale e das mineradoras, as subidas recentes ocorreram, segundo Hashimoto, pela reabertura econômica da china após os lockdowns recentes no país.
Outras empresas que caíam com intensidade eram Weg (WEGE3), Minerva (BEEF3), Suzano (SUZB3) e Usiminas (USIM5). Respectivamente, elas recuavam 2,74%, 2,50%, 2,38% e 2,07%.
Hashimoto, da Venice, vê que o mercado hoje está cauteloso e aguardando algumas divulgações de indicadores de inflação e de juros nos próximos dias. Na quinta (9), o mercado acompanhará de perto a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e na sexta (10) do CPI, o índice de inflação ao consumidor dos EUA.
“São dois grandes indicadores para medir o quanto anda a alta de preços, o que pode fazer o mercado enxergar alguma revisão de alta de juros aqui no Brasil, que já está num final do ciclo, quanto nos EUA, que está começando as altas”, avalia o sócio da Venice.
Ele também destaca a agenda da próxima semana, que terá a “superquarta”, no dia 15 — dia de reuniões do Banco Central (BC) e do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que irão definir a próxima taxa de juros em cada país.
Altas do Ibovespa
As ações que mais se valorizavam no dia eram as de Qualicorp (QUAL3), que subia 4,66%, e a de Hapvida (HAPV3), que apontava em 4,60% para cima. Na visão de Hashimoto, da Venice, os papéis passam por um “ajuste” nesta quarta, após caírem com intensidade em pregões recentes.
Um setor que subia em bloco era o das petrolíferas. PetroRio (PRIO3) crescia 2,34%, 3R Petroleum ganhava 0,30% e Petrobras (PETR4) valorizava 0,29%. Hashimoto atribui a alta do setor ao aumento recente do preço do barril do petróleo tipo Brent – que serve como referência no mercado internacional.
Na ICE, a commodity é avaliada por US$ 121,9 nesta quarta, uma alta de 1,16% na comparação intradia.
Cenário internacional
Pelo mundo, as bolsas também operam em terreno negativo. Nos Estados Unidos e na Europa, o mercado continua a acompanhar o rumo da inflação e as perspectivas de aperto monetário. Na terça (7), o Banco Mundial reduziu sua projeção para o crescimento global de 4,1%, estimativa feita em janeiro, para 2,9%.
A organização alertou sobre o risco de estagflação, ou seja, uma recessão na economia com inflação alta. Os motivos são o aumento dos preços das commodities e os problemas nas cadeias de abastecimento.
No mercado acionário de Wall Street, Dow Jones recuava 0,20%, S&P 500 perdia 0,26% e o Nasdaq era a exceção positiva, subindo 0,14%. Na Europa, já perto do fechamento, o Euro Stoxx 50 caía 0,57%, o FTSE 100 desvalorizava 0,08% e o DAX, da Alemanha descia 0,76%.