Maiores altas e baixas do Ibovespa na semana

Fonte: Shutterstock/casa.da.photo

A semana entre 21 e 26 de setembro foi marcada pela divulgação de indicadores relevantes no Brasil e no exterior, com investidores acompanhando de perto os sinais sobre inflação e atividade econômica. No cenário doméstico, o IPCA-15 de setembro avançou 0,48%, ligeiramente abaixo das expectativas, interrompendo a queda registrada em agosto. Já nos Estados Unidos, o PIB do segundo trimestre superou projeções ao crescer 3,8% em termos anualizados, enquanto o déficit da balança comercial recuou em agosto. Nesta sexta-feira (26), foi a vez do PCE, indicador de inflação preferido do Federal Reserve, que subiu 0,3% no mês, em linha com as estimativas. 

Em meio a esse pano de fundo macroeconômico, o Ibovespa refletiu a reavaliação dos investidores sobre riscos e oportunidades. Confira a seguir as ações que registraram as maiores altas e baixas da semana no principal índice da Bolsa brasileira. 

Maiores altas 

O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) liderou os ganhos da semana, com alta de 5,58%. Apesar do avanço, o momento da companhia é delicado, marcado por disputas judiciais envolvendo seu antigo controlador, o Assaí (ASAI3), que busca se proteger de possíveis cobranças tributárias herdadas do GPA. A ação judicial inclui um pedido de depósito judicial de cerca de R$ 36 milhões e de garantias adicionais, o que adiciona incertezas ao cenário da empresa. 


A
Embraer (EMBR3) figurou entre os destaques positivos, com valorização de 5,28%. O movimento foi impulsionado por duas notícias de peso: o aumento no valor máximo de recompra de bonds com vencimentos em 2028 e 2030, em função da emissão de notas de 2038 no valor de US$ 1 bilhão; e o acordo bilionário firmado com a Latam para aquisição de até 74 aeronaves do modelo E195-E2, sendo 24 pedidos firmes, avaliados em US$ 2,1 bilhões. As entregas estão previstas a partir de 2026, reforçando a posição da fabricante brasileira no mercado global de aviação.

A Rumo (RAIL3) avançou 4,24%, recuperando parte do valor perdido após o descarrilamento de 14 vagões de milho em Araraquara (SP), ocorrido na quinta-feira (25). A companhia informou que a ferrovia já voltou a operar normalmente, sem registro de feridos, o que trouxe alívio aos investidores e sustentou a recuperação dos papéis. 

A Petrobras (PETR3;PETR4) teve ganho de 3,86% e 3,83% na semana, apoiada na valorização do petróleo no mercado internacional e na distribuição de dividendos. A estatal pagou a segunda parcela de um total de R$ 11,7 bilhões em proventos referentes ao exercício de 2025, reforçando a confiança do mercado em sua capacidade de gerar caixa e manter resultados consistentes. 

A Prio (PRIO3) subiu 3,10%, refletindo as perspectivas de expansão de produção. Entre os projetos em andamento, destacam-se o campo de Peregrino, na Bacia de Campos, e o tieback de Wahoo, que pretende conectar o campo a uma infraestrutura existente, reduzindo custos e acelerando a entrada em operação. 

Maiores baixas 

Na ponta negativa, a Raízen (RAIZ4) despencou 20,16%, impactada pelo anúncio de uma injeção de capital de R$ 4,5 bilhões na controladora Cosan, realizada por sócios como o BTG Pactual e o próprio fundador Rubens Ometto. Embora a operação tenha como objetivo fortalecer a holding, analistas avaliam que a Raízen pode ser a próxima a buscar uma solução de capitalização, diante de seu elevado endividamento.


A Braskem (BRKM5) caiu 17,41% após comunicar a contratação de assessores financeiros e jurídicos para revisar sua estrutura de capital. O anúncio levantou preocupações de investidores sobre uma possível reestruturação formal de dívida, em meio ao alto nível de alavancagem da companhia, estimado em 10,5 vezes, e ao cenário adverso para o setor petroquímico global, marcado por margens comprimidas e excesso de oferta. 

A Cosan (CSAN3) também esteve entre as maiores quedas, recuando 17,33%. A forte baixa refletiu o anúncio de um aumento de capital de R$ 10 bilhões, ancorado pelo BTG Pactual e pela gestora Perfin. A operação deve reduzir em 57% a dívida corporativa da holding, mas trouxe incertezas para o mercado sobre a alocação de recursos e a saúde financeira do grupo.

O Assaí (ASAI3) recuou 7,61% após acionar a Justiça para bloquear ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) detidas pelo Grupo Casino. O pedido busca assegurar cobertura de passivos tributários oriundos da cisão entre as empresas em 2020, trazendo novas incertezas jurídicas e regulatórias para a rede de atacarejo. Analistas destacaram que a disputa amplia o risco para investidores no curto prazo. 

Por fim, a MRV (MRVE3) encerrou a semana em queda de 7,47%, refletindo preocupações com o ritmo de vendas e a demanda no setor de construção. O cenário de juros elevados e de crédito imobiliário mais restrito mantém pressão sobre a incorporadora, limitando perspectivas de recuperação rápida. 
 

No balanço da semana, as movimentações do Ibovespa mostraram a força de notícias corporativas sobre o desempenho das ações, muitas vezes se sobrepondo ao cenário macroeconômico. Enquanto a Embraer ganhou tração com contratos bilionários e a Petrobras manteve a confiança dos investidores com dividendos robustos, Raízen, Cosan e Braskem enfrentaram fortes pressões relacionadas à necessidade de capital e elevada alavancagem. Já companhias como Rumo e Prio sinalizaram resiliência diante de desafios operacionais e projetos de expansão, enquanto Assaí e GPA seguem envolvidas em disputas judiciais que adicionam incerteza ao setor de varejo alimentar. O contraste entre ganhos e perdas reforça como cada empresa, dentro de seu contexto, ditou o ritmo do mercado ao longo da semana. 


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