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Lula confirma Mercadante no BNDES e rejeita privatizações; Bolsa amplia queda e BBAS3 despenca

Bolsa amplia queda e juros futuros disparam, levando a suspensão dos negócios com títulos prefixados e indexados à inflação no Tesouro Direto

Foto: Shutterstock/Photocarioca

Os mercados reagiram negativamente ao anúncio do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmando Aloizio Mercadante como o novo presidente do BNDES. A nomeação do político, que é visto como sendo de perfil mais desenvolvimentista pelos investidores, traz o temor de uma volta do uso do crédito subsidiado para estimular a economia.

Durante discurso no evento de conclusão dos trabalhos do grupo de transição de governo, Lula ainda destacou que nenhuma empresa estatal será privatizada em seu governo.

Logo após o discurso de Lula, a Bolsa brasileira ampliou a queda e o Ibovespa caía 1,14% negociando a 104.137 pontos. Já o dólar comercial passou a subir frente ao real, negociando em alta de 0,11% a R$ 5,318, enquanto os juros futuros dispararam, o que levou à suspensão dos negócios com papéis prefixados e indexados à inflação no Tesouro Direto.

Lula afirmou que o novo presidente do BNDES terá o papel de pensar na reindustrialização do Brasil, no desenvolvimento tecnológico e no financiamento das pequenas e médias empresas.

O temor do mercado é da volta da política do PT dos campeões nacionais, em que o BNDES foi usado para fornecer crédito subsidiado para algumas empresas, como parte da política anticíclica para minimizar o impacto da crise de 2008 na economia, o que levou a um aumento da dívida pública.

Os desembolsos do BNDES deram um salto e dobraram naquele período, ao passarem de R$ 90,9 bilhões, em 2008, para o pico histórico de R$ 190,4 bilhões, em 2013.

Em 2016, o TCU (Tribunal de Contas da União) autorizou a devolução antecipada de recursos à União referentes ao repasse de R$ 441 bilhões feito pelo Tesouro ao BNDES de 2008 a 2014 para ampliar o crédito com juros subsidiados, o que levou o governo a se endividar para bancar essas operações.

Mais crédito subsidiado aumenta as pressões inflacionárias e pode reduzir o espaço para o Banco Central cortar a taxa básica de juros.

“Além do governo eleito ainda não ter deixado claro se usará alguma nova regra fiscal em substituição ao teto de gastos, ainda há o temor da volta de medidas parafiscais, que são aquelas em que não há efeito direto no orçamento, mas produzem efeito na economia, como subsídios do BNDES”, disse Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

“Essas medidas não aparecem no resultado fiscal, mas estimulam a economia e tiram o poder de atuação da política monetária. Essas políticas dependem de quem se coloca lá (BNDES e demais bancos estatais)”, conta Kautz.

Para o economista, ao optar por nomes petistas para os cargos principais da economia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinaliza que pode retomar essas medidas que foram utilizadas durante os anos do governo Lula e governo Dilma

Com carreira política ligada ao PT, Aloizio Mercadante foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação e ministro da Casa Civil no governo Dilma.

Lula ainda destacou que não pretende privatizar nenhuma empresa pública em seu governo.

“Nós queremos dizer ao mundo inteiro: quem quiser vir para cá, venha. Tem trabalho, tem as coisas para vocês virem fazer, tem projeto novo para investimento. Mas não venham aqui para comprar nossas empresas públicas, porque elas não estão à venda”, afirmou durante o discurso.

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4), que caíam 0,3% antes do comentário de Lula rejeitando a hipótese de privatizações, aceleraram as perdas a passaram a recuar 1,9%. As do Banco do Brasil, que recuavam 2,0% antes do pronunciamento, caíam 3,81%.

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