A Raízen (RAIZ4) viu seu lucro despencar 79% no terceiro trimestre do ano-safra 2022/23, período correspondente aos meses de outubro a dezembro de 2022, mesmo diante de um aumento na receita na mesma base de comparação.
O lucro ajustado da Raízen somou R$ 255,7 milhões nos últimos três meses de 2022, resultado bem menor que o de R$ 1,2 bilhão registrado um ano antes. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação), também em termos ajustados, recuou 11,8% na mesma comparação, e atingiu R$ 2,9 bilhões.
Os ajustes tanto no lucro quanto no Ebitda desconsideram alguns impactos não recorrentes – como os efeitos da reorganização dos ativos biológicos e a manutenção em refinarias – dos resultados. Sem o ajuste, o Ebitda seria de R$ 3,6 bilhões, uma queda de 18,8% na comparação anual. Já o lucro seria de R$ 168 milhões, queda de 88,2%.
A Raízen atribuiu a queda no lucro a resultados mais fracos na divisão de marketing e serviços do Brasil, que concentra as operações de venda de combustíveis e os supermercados Oxxo.
A empresa disse que, durante o trimestre, a divisão sofreu os impactos vindos redução dos preços de gasolina – e consequentemente de etanol – e diesel e do “excesso de oferta de combustíveis no mercado”.
Leia mais:
O resultado da área de açúcar também foi um peso sobre os números da Raízen, principalmente por causa do forte aumento nos custos de venda, graças aos preços maiores de insumos e a uma menor diluição dos custos fixos – reflexo de uma menor produção e venda de açúcar próprio.
Além disso, de acordo com a companhia, os parques de bioenergia da Raízen processaram 73,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 4% abaixo em relação ao volume processado no ano-safra anterior.
“Essa redução reflete os efeitos do clima em parte dos nossos canaviais e menor área de colheita, fruto de nossa decisão de acelerar a área de renovação de canavial neste ano, dentro da jornada para recuperação da eficiência agrícola”, afirmou a subsidiária da Cosan.
Outros números da Raízen
No segmento de marketing e serviços das operações combinadas da América Latina, os investimentos totalizaram R$ 854 milhões no trimestre, uma alta de 62,1% frente o visto no terceiro trimestre do ano safra anterior.
O volume de combustíveis vendidos no Brasil teve uma baixa de 1,3% na comparação anual, e atingiu 7 bilhões de metros cúbicos (m³) no trimestre.
Além de tudo, o lucro líquido ficou abaixo das expectativas da XP, que projetava um montante de R$ 350 milhões no período. Na visão da corretora, uma menor produtividade de cana-de-açúcar levaria a uma menor moagem e menor volume de vendas de açúcar e etanol, cenário que se mostrou verdadeiro.
Em relatório publicado após a divulgação do balanço, a XP ressaltou que os resultados foram piores que o esperado. “Uma moagem menor e custos mais altos carregaram um efeito negativo para as unidades de açúcar e etanol, apesar dos esforços contínuos para aumentar a produtividade”, disseram Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, da XP.
A receita líquida, por sua vez, cresceu 9% na base de comparação anual, e somou R$ 60,4 bilhões no período.
De acordo com a empresa, a alta foi resultado de maiores volumes comercializados, dos avanços na cadeia de valor do açúcar e etanol vendido com prêmio sobre os preços locais, além da forte expansão da base de clientes no segmento de energia, que já conta com mais de 24 mil unidades consumidoras.