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Lucro da Cemig (CMIG4) despenca com provisão bilionária e despesas financeiras

Ainda assim, segundo a XP Investimentos, resultado operacional da empresa superou as previsões

Foto: Shutterstock

A Cemig (CMIG4) registrou uma queda brusca no lucro do segundo trimestre, pressionada por um aumento nas despesas com operações financeiras e por uma provisão bilionária referente à devolução de créditos tributários para clientes.

De acordo com a companhia, o lucro do segundo trimestre somou R$ 65 milhões, queda de 97,2% em relação aos ganhos de R$ 1,9 bilhão observados um ano antes.  O declínio ocorreu mesmo depois de a receita da companhia aumentar 11,7% na mesma base de comparação, para R$ 8,2 bilhões.

O que prejudicou mais os resultados foi o aumento de despesas da Cemig. A empresa, por exemplo, registrou uma perda de R$ 870 milhões no segundo trimestre com instrumentos financeiros. Um ano antes, havia obtido uma receita de R$ 479 milhões nesta mesma linha do balanço.

Além disso, precisou reservar R$ 1,5 bilhão neste ano para cumprir uma lei que obriga a devolução integral de créditos tributários aos consumidores na forma de redução de tarifas. No segundo trimestre do ano passado, as provisões da companhia tinham sido bem menores, de R$ 69 milhões.

Os valores provisionados neste ano referem-se ao fato de o ICMS, um imposto estadual, ter passado um bom tempo incluído na base de cálculo dos tributos federais PIS e Cofins. Ou seja: o consumidor pagava imposto federal sobre o que já havia recolhido de imposto estadual. A Justiça considerou a prática ilegal, e a partir de então começou um processo para que os valores fossem devolvidos à população.

As distribuidoras de energia elétrica estavam repassando os créditos nos últimos dois anos, porém de forma parcial, pois presumiram que poderiam se apropriar de créditos gerados dez anos antes das decisões que excluíram o ICMS da base do PIS/Cofins.

No entanto, a legislação mudou para determinar a devolução integral dos créditos, e forçou a Cemig a reservar o dinheiro do pagamento. A quantia, no entanto, ainda não saiu do caixa da empresa, que está contestando na Justiça a devolução do valor – o que significa que esses R$ 1,5 bilhão ainda podem ser revertidos de volta para a companhia.

XP achou resultado positivo

Mesmo com o lucro despencando, a XP ressaltou que os resultados da Cemig do ponto de vista operacional foram fortes.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) aumentou 37% no segundo trimestre em relação a igual período do ano passado, para R$ 1,8 bilhão, já ajustado para desconsiderar efeitos pontuais sobre os resultados (como a provisão bilionária referente à exclusão do PIS/Cofins).

“Temos uma avaliação positiva dos resultados da Cemig no segundo trimestre, uma vez que os resultados vieram um pouco acima das nossas estimativas”, disse a XP Investimentos em um relatório. A corretora esperava que a Cemig apresentasse um Ebitda ajustado de R$ 1,7 bilhão.

A XP ressaltou que a área de geração e transmissão de energia da Cemig apresentou um “forte desempenho”, faturando 18,4% mais energia no segundo trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2021, e que na área de distribuição a Cemig conseguiu manter um “desempenho neutro” mesmo diante de fatores que jogaram contra os resultados – como o cenário de pressões inflacionárias e o adiamento do reajuste tarifário anual.

A corretora atribui recomendação neutra às ações da Cemig, com preço-alvo em R$ 13 por papel

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