Locaweb (LWSA3) eleva lucro e receita, mas ritmo de expansão de margem preocupa; ação cai mais de 6%

De uma maneira geral, a expansão de receitas e lucro apresentada pela Locaweb (LWSA3) no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, foi bem recebida pelo mercado. As margens, porém, permanecem um ponto de atenção, segundo analistas do Bank of America, pressionando ua ação no pregão desta sexta-feira (11).

Depois de divulgar o balanço na noite de ontem (10), a Locaweb recuava 6,59% às 14h, negociada a R$ 8,37, na segunda maior queda do Ibovespa no pregão de hoje.

A margem Ebitda (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustada da companhia no terceiro trimestre foi de 16,6%, alta de 2,3 pontos percentuais (p.p.) em relação aos três meses imediatamente anteriores, mas baixa de 0,5 p.p. na comparação anual.

O avanço na base trimestral foi resultado principalmente de uma reestruturação no portfólio de produtos e serviços da divisão BeOnline e de adiantamento de recebíveis no segmento Commerce, que reúne serviços para empresas de e-commerce.

Já as companhias adquiridas recentemente pela Locaweb tiveram uma expansão de rentabilidade menor, destaca o BofA, de 1,1 p.p., diante do crescimento de 2,5 p.p. anotado no segundo trimestre.

“Esperávamos ver uma aceleração sequencial na expansão de margem de companhias adquiridas, especialmente considerando que 78% das receitas vêm de negócios mais estabelecidos como Bling, Melhor Envio, Squid e Octadesk, que deveriam estar prontos para uma maior alavancagem operacional”, escreveram Fred Mendes, Lucca R. Brendim, Mirela Oliveira e Gustavo Tiseo, analistas do banco, em relatório desta sexta.

A avaliação de Bernardo Guttmann e Marco Nardini, analistas da XP Investimentos, é mais positiva. Em relatório publicado na noite de ontem, eles afirmam que o aumento na margem Ebitda em relação ao segundo trimestre pode reduzir as preocupações em torno da capacidade da empresa de capturar sinergias das aquisições.

Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos, aponta outro fator de preocupação: o cenário macroeconômico. Na visão do analista, o crescimento da participação do e-commerce na receita da companhia, que de julho a setembro foi de 64,9%, 14,4 p.p. acima do registrado em igual período de 2021, faz com que a incerteza relacionada á macroeconomia, que pode afetar o varejo, seja uma ameaça maior para a Locaweb.

“A queda está refletindo uma preocupação lá na frente. No caso da Locaweb, a subida de juros, inadimplência e inflação é muito ruim”, afirma Cozzolino.

Deixando as margens de lado, porém, os resultados foram interpretados como positivos pelo mercado, que viu com bons olhos o crescimento anual de 45% na receita, para R$ 304 milhões. O faturamento, segundo o BofA, foi impulsionado principalmente pela receita da divisão de Commerce.

O lucro líquido ajustado de R$ 27 milhões, crescimento de 30,8% em relação ao terceiro trimestre de 2021, também foi considerando sólido. O montante ficou 35% acima das estimativas do BofA, de R$ 20 milhões. A XP, por sua vez, esperava lucro de R$ 32 milhões, enquanto o BTG Pactual projetava R$ 23 milhões.

Depois da divulgação do balanço, os analistas do Goldman Sachs, do Itaú BBA, da Ativa Investimentos e da XP Investimentos reiteraram suas recomendações de compra para ação. A média dos preços-alvo fixados pelas instituições citadas é de R$ 12,50.

“A sustentabilidade do crescimento e a gradual alta da rentabilidade são fatores essenciais para o desempenho futuro das ações da Locaweb”, afirmam Pedro Serra e Tadeu Lourenço, analistas da Ativa, também em relatório desta sexta. “Esperamos que a empresa continue a demonstrar crescimento robusto ao longo de 2022, porém com um risco de baixa em função da situação mais complexa do cenário macro local podendo afetar o e-commerce”, completam.