Locaweb (LWSA3) e petroleiras lideram quedas, derrubam Ibovespa e interrompem sequência positiva

Depois de uma sequência de oito altas consecutivas, o Ibovespa parece ter perdido fôlego nesta segunda-feira (28). Por volta das 13h, o principal índice da B3 caía 0,55% e operava aos 118.430 pontos, pressionado principalmente por Locaweb (LWSA3), que liderava as quedas, e pelas empresas ligadas ao petróleo, que caíam em bloco.

A empresa de hospedagem de sites via seus papéis recuarem 5% no mesmo horário, liderando a ponta de baixo do índice. Para Marcelo Oliveira, fundador e analista da Quantzed, a queda é explicada pela troca de recomendação para as ações da empresa feita pelo Bradesco BBI.

A instituição financeira publicou um relatório na sexta-feira (25) no qual recomenda que os investidores vendam seus papéis da empresa. Antes, a sugestão era de compra. Além disso, o Bradesco BBI derrubou o preço-alvo para a Locaweb de R$ 17 para R$ 7 por papel ao final de 2022. Atualmente, cada ação é negociada a R$ 9,56.

Segundo a equipe de análise do banco, a recomendação foi cortada após a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2021 da empresa. No balanço financeiro, a Locaweb apresentou um prejuízo de R$ 7,2 milhões no período, revertendo o lucro de R$ 9 milhões no igual trimestre do ano anterior.

Os números foram pressionados por causa do crescimento das despesas operacionais, que mais que dobraram, ofuscando a expansão na receita da companhia. Segundo a Locaweb, o aumento dos gastos aconteceu principalmente por causa da incorporação de empresas ao longo de 2021.

Na visão dos analistas do banco, os números não agradaram o mercado e indicam que as margens da Locaweb serão fracas neste ano, e que as sinergias das aquisições só serão observadas em 2023.

Petroleiras em baixa

No caso das empresas de petróleo, PetroRio (PRIO3) era a que mais caía, recuando 3,57%. Na sequência vinham a Petrobras (PETR4), desvalorizando 1,86%, e a 3R Petroleum (RRRP3), apontando em 1,34% para baixo.

O movimento de queda era acompanhado pelo recuo nos preços da commodity, que caíam mais de 5% após as declarações do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, sinalizando um caminho para um acordo de paz entre o país e a Rússia.

Por volta das 13h, o preço do petróleo tipo Brent – que serve como referência para o mercado internacional – recuava 6,07%, e era negociado por US$ 113 o barril na ICE.

Segundo a agência de notícias Reuters, Zelensky falou com a imprensa russa no domingo (27) e disse que a Ucrânia está aberta a discutir um status de neutralidade em relação à Rússia. Na prática, isso significa que os ucranianos abdicariam de ingressar na aliança militar da Otan, formada pelos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e vários outros países europeus, entre eles a Alemanha.

A possibilidade de a Ucrânia ingressar na Otan, estendendo a presença da aliança militar até a fronteira da Rússia, foi um dos motivos alegados pelo presidente russo, Vladimir Putin, para justificar a invasão ao território ucraniano.

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Para Oliveira, da Quantzed, o preço do Brent apresenta uma queda nesta segunda também pelas notícias de que a China irá impor um novo lockdown em Shangai devido ao crescimento de casos de Covid-19 por lá.

Isso porque, com essa desaceleração momentânea da economia chinesa, a demanda pela commodity diminui, o que acaba compensando possíveis faltas em outros lugares por conta das sanções à Rússia, um dos maiores exportadores do produto em todo mundo.

Dentre as small caps do setor, a Enauta (ENAT3) despencava 9% após a notícia de que não encontrou a presença de petróleo no poço exploratório localizado na Bacia Sergipe-Alagoas.

Segundo comunicado feito nesta segunda, a empresa carioca afirmou que embora não tenha sido constatada a ocorrência de hidrocarbonetos nesse poço, continuará a “realizará estudos complementares, integrando os dados amostrados à sua interpretação geológica regional, de forma a atualizar sua visão quanto ao potencial exploratório dos blocos situados em águas ultraprofundas na Bacia”.

Frigoríficos nas principais altas

Na ponta positiva, as empresas do setor de alimentos processados figuravam entre as maiores subidas, e recuperavam parte das perdas recentes.

Marfrig (MRFG3) liderava a lista e crescia 4,07%. Na sequência vinham BRF (BRFS3), subindo 2,53%, JBS (JBSS3), valorizando 2,29%, e Minerva (BEEF3), que apontava em 3,24% para cima.

Oliveira, da Quantzed, atribui essa movimentação do setor à recuperação do dólar frente ao real nesta segunda, uma vez que são empresas com exposição muito forte ao mercado americano. De acordo com dados da TradeMap, a moeda americana era cotada a R$ 4,79, uma valorização de 1%.

Cenário externo

Nas bolsas ao redor do mundo, o movimento do dia não era unificado. Nos Estados Unidos, Dow Jones recuava 0,57% e o S&P 500 desvalorizava 0,21%. O índice Nasdaq Composto era a exceção, e apresentava uma subida de 0,10%.

Por lá, os investidores observam o aumento na taxa dos juros públicos de 10 anos do país, que está sendo negociado próximo aos 2,5%, sendo o maior patamar em quase três anos.

Esse movimento reforça a expectativa que o banco central americano (Federal Reserve) irá continuar a aumentar a taxa de juros nas próximas reuniões de 2022.

Na semana passada, o presidente da instituição financeira, Jerome Powell, sinalizou que a autoridade monetária poderia aumentar o ritmo de aperto para 0,50 ponto percentual por reunião, se necessário. 

Na Europa, o movimento é positivo nos principais mercados. Na Alemanha, o DAX crescia 1,09% e, na Inglaterra, o FTSE 100 apresentava uma leve subida de 0,03%. Enquanto isso, o Euro Stoxx 50, índice que reúne empresas de todo o continente europeu, subia 0,35%.