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Localiza (RENT3) mantém estratégia de reduzir vendas de veículos para privilegiar crescimento

Estratégia adotada pela companhia prejudicou as margens do quarto trimestre de 2021

Em um contexto de produção de veículos reduzida pelas montadoras diante da escassez de chips semicondutores, a Localiza (RENT3) optou por diminuir o volume de vendas de carros seminovos para manter o tamanho da frota, sendo capaz de atender à demanda e crescer no curto prazo.

Esta estratégia, no entanto, vem prejudicando as margens da empresa por dois motivos. Um deles é que o envelhecimento dos veículos da frota eleva os custos de manutenção. Além disso, a redução do volume de vendas de seminovos impacta uma fonte relevante de receitas.

De outubro a dezembro, a Localiza vendeu 15,5 mil carros, contra 31,8 mil no mesmo período do ano anterior; e comprou 34 mil, ante 42,7 mil no quarto trimestre de 2020.

“Foi uma decisão da empesa, mas que impacta nos custos fixos. Poderia haver uma desmobilização maior da estrutura, mas, pensando em um cenário em que teremos de aumentar as vendas e na integração com a Unidas, faz sentido manter os custos elevados no curto prazo”, explicou Rodrigo Tavares, CFO da Localiza, durante a teleconferência de resultados na manhã desta quarta-feira (23).

Com isso, a receita líquida consolidada da companhia caiu 8,3% no quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 2,63 bilhões. A margem Ebitda também apresentou redução entre os períodos, passando de 58,6% para 57%.

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Localiza (RENT3): lucro líquido cresce 10% no quarto trimestre, para R$ 442,1 milhões

A expectativa da empresa é que a situação de oferta de veículos no mercado comece a se normalizar a partir de maio deste ano, quando será possível expandir a frota gradualmente. Até lá, porém, para conseguir registrar crescimento já no primeiro trimestre, o menor volume de vendas de veículos seminovos permanece, segundo Nora Lanari, diretora de relações com investidores da Localiza.

No curto prazo, a situação de volume de compras e vendas do primeiro trimestre deste ano deve ser ainda pior do que a registrada nos últimos três meses de 2021, segundo Tavares, com forte consequências da onda da variante Ômicron do coronavírus na produção de veículos em janeiro.

Outros fatores que impactaram as margens, de acordo com a companhia, foram os gastos com o processo de fusão com a Unidas, um aumento nos custos de roubo e despesas com marketing no segmento de gestão de frotas.

Porém, disse o CFO, a linha de custos deve melhorar no próximo trimestre, com a redução de todos os pontos mencionados, exceto a manutenção de veículos.

Como o mercado enxergou os resultados?

O lucro líquido de R$ 442 milhões da Localiza no quarto trimestre, 10% acima do registrado no mesmo período de 2020, ficou 8% abaixo da projeção do Bank of America (BofA), que chama a atenção também para o ritmo de expansão do resultado da companhia quando comparado ao da Movida (MOVI3), que mais do que dobrou no período.

O banco ressalta, porém, que a performance inferior é resultado de estratégia e de fortes bases de comparação, e mantém a visão positiva sobre a empresa.

A XP Investimentos, por sua vez, considerou os resultados fortes. A instituição esperava um lucro líquido 2% acima do projetado, e destaca o desempenho do Ebitda dos segmentos de aluguel de veículos e de seminovos como pontos positivos.

O que esperar para as ações?

Apesar de os resultados trimestrais terem ficado abaixo das expectativas do mercado, a visão dos analistas sobre a empresa segue positiva.

O BofA, inclusive, elenca a Localiza como sua preferida no segmento de locadoras de veículos, devido ao preço atrativo das ações, ao histórico de boa execução em meio a cenários desafiadores, ao bom posicionamento para se beneficiar de novas tendências e ao balanço melhor do que o dos concorrentes.

O banco recomenda compra para o papel, com preço-alvo de R$ 68, o que corresponde a alta de 10% em relação ao preço de fechamento da terça-feira (22), de R$ 61,58.

O BTG Pactual Digital também tem boas perspectivas para a companhia, e destaca o potencial de geração de valor da fusão com a Unidas. A indicação do banco também é de compra, e o preço-alvo, de R$ 75 – potencial de alta de 22%.

A XP também recomenda compra para o papel, assim como a Genial Investimentos, que fixa o preço-alvo em R$ 70, com upside de 14%.

Por volta das 15h (horário de Brasília) desta quarta-feira, a ação era negociada em baixa de 4,34%, a R$ 58,91.

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