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JBS (JBSS3): Portfólio diversificado minimizou fraco desempenho do mercado americano; confira análise

A JBS mostrou menor volatilidade nos resultados perante os pares do setor devido à estratégia de diversificação regional e de produtos

Foto: Shutterstock

A JBS (JBSS3), maior produtora de proteínas do mundo, reportou resultados sólidos no segundo timestre deste ano, que foram suportados pela estratégia de diversificação de portfólio e região, apesar da queda de 9,8% do lucro líquido.

A estratégia de diversificar o portfólio, tanto de produtos quanto das localizações de fábricas, foi um ponto crucial para que a empresa registrasse apenas uma leve queda nas margens, que seria maior caso a companhia dependesse apenas das operações americanas.

Essa diversificação permite que a JBS compense resultados mais fracos causados por adversidades específicas de uma proteína ou região. Dessa forma, a empresa tende a ter resultados menos voláteis, o que é uma vantagem perante os pares do setor.

No segundo trimestre, por exemplo, a JBS teve um desempenho mais fraco no mercado americano, que foi amenizado por melhores resultados dos mercados do Brasil e da Austrália.

A receita líquida do mercado americano (da JBS Beef North America) foi de R$ 27,2 bilhões de abri a junho, queda de 4,6% em relação ao segundo trimestre de 2021. Já no mercado brasileiro (JBS Brasil) houve um avanço de 10,8%, com uma receita líquida de R$ 14,1 bilhões, enquanto o mercado australiano (JBS Austrália) cresceu 22,5%, para R$ 8,2 bilhões.

Com isso, a receita líquida consolidada de todas as operações da JBS foi de R$ 92,2 bilhões, 7,7% maior que no segundo trimestre de 2021.

Real valorizado e gado mais caro pressionam operação americana da JBS

O mercado americano foi impactado pela valorização do real frente ao dólar em 7%, o que se refletiu em menor valor de receita com a conversão do dólar para o real. Além disso, o aumento no preço do gado no país penalizou a margem operacional da JBS Beef North America.

Como resultado, o segmento americano reportou queda brusca no Ebitda ajustado (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de 54,6%, para R$ 3,1 bilhões. A margem Ebitda seguiu o mesmo caminho e reportou queda de 12,4 pontos percentuais, para 11,2%.

Por outro lado, os mercados brasileiro e australiano continuaram a compensar o baixo desempenho da vertente americana.

No Brasil, a estratégia de oferecer produtos com maior valor agregado contrabalanceou o menor volume produzido devido à redução de exportações da China.

A JBS Brasil reportou um Ebitda ajustado de R$ 803 milhões, avanço de 82,8% em um ano. Já a margem Ebitda ajustada cresceu 2,2 pontos, para 5,7%, no mesmo período. Enquanto isso, o Ebitda ajustado do mercado australiano disparou 111,9%, para R$ 712 milhões, e a margem Ebitda ajustada ficou em 8,6%, avanço de 3,6 pontos.

O Ebitda consolidado da JBS, portanto, fechou o trimestre em R$ 10,4 bilhões, queda de 11,5%, enquanto a margem Ebitda foi de 11,2%, recuo de 2,4 pontos em um ano.

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Só em exportações, a Austrália reportou avanço de 49% na receita líquida, principalmente com embarques para Estados Unidos, Coreia e Japão, que continuam aquecidos.

Além disso, houve avanço de 12% nas vendas domésticas no mercado australiano, impulsionado pela recuperação dos canais de varejo e food service, como de restaurantes e bares.

Por outro lado

Embora com resultados mais fracos, a JBS mostrou que a estratégia de diversificação pode ser uma vantagem competitiva e teve números superiores aos dos pares do setor.

A Marfrig (MRFG3) por exemplo, ao desconsiderar ganhos operacionais no valor de R$ 3,8 bilhões – sem efeito caixa — devido à aquisição de ações da BRF (BRFS3), apresentaria um lucro líquido em cerca dos R$ 500 milhões, uma queda em torno de 68% no segundo trimestre frente à mesmo período de 2021.

Ambas as empresas foram afetadas pelo desempenho mais fraco do mercado americano, que se refletiu em perdas de rentabilidade no resultado consolidado.

Porém, a JBS foi compensada pela diversificação, principalmente da vertente australiana, que continuou com forte demanda no período. Enquanto isso, a Marfrig, com operações na América do Norte e América do Sul, reportou perdas robustas de rentabilidade devido à maior sensibilidade às mudanças de demanda dos mercados.

A Marfrig reportou uma margem Ebitda ajusta de 11,5%, queda de 7,5 p.p. em comparação com o segundo trimestre de 2021, enquanto a JBS apresentou uma margem quase equivalente, de 11,2%, mas com queda de apenas 2,2 p.p..

Portanto, a JBS mostra resultados mais seguros quanto a oscilações do mercado e mais preparada para enfrentar as adversidades do mercado devido à menor dependência regional e de produtos.

Outro destaque da JBS foi a sua controlada Seara, que atua com processamento de aves e suínos. A Seara viu as margens crescerem após disparada dos preços dos produtos processados no mercado doméstico, de 19%, e no mercado externo, em 28,1%, devido à menor oferta restrita de frango, causada pelo conflito da guerra entre Ucrânia e Rússia.

Neste segundo trimestre, a Seara apresentou uma margem Ebitda ajustada de 14,1%, crescimento de 5 p.p. em um ano e 3,5 p.p. superior à sua concorrente direta, a BRF, que apresentou uma margem Ebitda de 10,6% no mesmo período.

Portanto, apesar do resultado mais fraco da JBS em comparação com o segundo trimestre de 2021, a empresa demonstrou que a diversificação traz maior flexibilidade quanto à demanda por produtos e região, o que é um grande diferencial competitivo da empresa.

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