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IPCA pode cair de novo em setembro, mas inflação em alguns setores preocupa

Após a divulgação do dado, o mercado modificou levemente as previsões para a trajetória da taxa básica de juros, a Selic

Foto: Shutterstock

Os dados sobre o comportamento do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em agosto deixaram o mercado inclinado a esperar uma nova deflação em setembro, mas mantiveram o receio dos especialistas com a resistência da inflação em alguns setores da economia.

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA caiu 0,36% em agosto na comparação com julho, quando apresentou recuo mensal de 0,68%.

O resultado, segundo dados compilados pelo Banco Central, veio praticamente em linha com a queda de 0,35% esperada pelo mercado.

Numa análise mais profunda dos números, especialistas encontraram tanto surpresas positivas quanto negativas.

Entre os dados favoráveis, estavam a queda maior que a esperada nos preços de combustíveis – motivada principalmente pelos cortes anunciados pela Petrobras – e nos do leite. Ambos os fatores podem contribuir para que o IPCA recue novamente em setembro.

“Transportes foram o principal fator por trás da deflação, refletindo cortes nos impostos de combustíveis e preços menores para a gasolina. A leitura da inflação em setembro também deve refletir o declínio nos preços dos combustíveis, ainda que em menor grau”, afirmou o Bank of America em relatório. 

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No lado dos números desfavoráveis, o IPCA registrou um porcentual maior de componentes que tiveram aumento de preços em agosto (65%) na comparação com julho (63%). Esse movimento foi mais pronunciado entre itens não alimentícios, cuja taxa passou de 66% para 70%.

Esse aspecto sugere que o trabalho do BCno combate à inflação ainda vai ser longo, o que indica que a Selic não deve ser cortada tão cedo.

Além disso, a alta de preços foi maior que a prevista em alguns itens industriais, como de higiene pessoal e de vestuário. “O repique foi maior do que o esperado, indicando que a desinflação deste núcleo pode ser mais lenta ao longo do segundo semestre do ano”, destacou o Itaú BBA em relatório.

“Nossa projeção para o IPCA no final de 2022 é de 7,0%, com viés de baixa, dados os resultados recentes e revisões baixistas para os meses de setembro (que deve apresentar nova deflação) e outubro”, acrescentou.

O Bank of America foi mais longe e revisou para baixo a previsão para a inflação neste ano – de 6,50% para 5,90%. Para setembro, a estimativa do banco é uma deflação de 0,15% em relação a agosto.

O Santander também rebaixou a previsão para a inflação neste ano, de 7,9% para 6,3%.

Como ficam os juros

Após a divulgação da leitura mais recente do IPCA, o mercado modificou levemente as previsões para a trajetória da taxa básica de juros, a Selic.

Segundo dados da B3, a reação inicial dos investidores foi reduzir para 63% a aposta de manutenção da Selic em 13,75% ao ano. No entanto, o movimento se inverteu após as instituições financeiras indicarem que esperam nova deflação em setembro, e as estimativas voltaram a 68% de chance de manutenção dos juros algumas horas depois.

“O IPCA segue muito pautado pelas medidas recentes do governo e a abertura [do indicador] segue mostrando sinais negativos”, disse Matheus Jaconeli, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, em um relatório.

Depois dos discursos de Roberto Campos Neto, presidente do BC, e de Bruno Serra Fernandes, diretor de política monetária da instituição, esse IPCA deixa em aberto a chance de o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) elevar a Selic em mais 0,25 ponto porcentual, embora eu ainda acredite que o ciclo tenha terminado”, acrescentou.

O banco Santander, que diminuiu a previsão para a inflação neste ano, mudou a previsão também para a Selic. Antes, esperava que a taxa terminasse 2022 em 14,25%, mas agora prevê manutenção, em 13,75%.

A próxima reunião do Copom, órgão que define o nível dos juros no Brasil, ocorrerá nos dias 20 e 21 de setembro.

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