Inflação americana supera aumento dos preços no Brasil pelo 8º mês seguido

Foto: Shutterstock/Morrowind

A inflação dos Estados Unidos, medida pelo CPI-U, tem sido maior do que a brasileira pelo oitavo mês consecutivo, de acordo com dados extraídos do TradeMap.

Em abril, o CPI-U registrou uma inflação de 4,93% nos últimos 12 meses. No mesmo período, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 4,19%.

O spread entre os dois índices em abril foi de 0,74 ponto percentual, o quarto maior desde setembro de 2022.

Já o maior spread ocorreu em outubro de 2022, quando o CPI-U estava 1,28 ponto percentual acima da indicador brasileiro.

Historicamente, a inflação americana tem sido mais controlada do que no Brasil a longo prazo. E existem algumas razões para isso:

  • Primeiro, a cultura brasileira é mais propensa à indexação, o que significa que os preços são ajustados automaticamente com base na inflação passada. Isso pode levar a um ciclo de aumento de preços mais acelerado.
  • Em contraste, a cultura americana tem menos tendência à indexação, contribuindo para uma maior estabilidade dos preços.

Outro fator é a composição da cesta de produtos usada para calcular a inflação.

No Brasil, a cesta do IPCA inclui alimentos e combustíveis, que são itens voláteis sujeitos a flutuações de preços mais acentuadas. Essa característica é comum em países emergentes, nos quais a dependência de commodities pode afetar a inflação.

Enquanto isso, nos EUA, a cesta de produtos é mais diversificada, englobando uma gama mais ampla de bens e serviços, o que contribui para uma inflação mais estável.

Fernanda Mansano, economista-chefe da TRADD Consultoria de Investimentos, destaca dois possíveis motivos para explicar o período em que a inflação americana está maior que no Brasil:

Política de juros

O Brasil iniciou um ciclo de aumento de juros em março de 2021, enquanto os Estados Unidos começaram um ano depois.

Isso significa que os efeitos da política de desinflação brasileira começaram a ser observados antecipadamente.

Vale lembrar que o aumento das taxas de juros é uma medida para controlar a inflação, pois torna o crédito mais caro e desestimula o consumo.

Estímulo fiscal

Enquanto o Brasil começou a reduzir as políticas de composição de renda em 2021, os Estados Unidos as mantiveram até o ano passado.

Isso pressionou os salários e aumentou os custos das empresas, mantendo a demanda aquecida.

O estímulo fiscal, como programas de distribuição de renda, pode impulsionar o consumo e, consequentemente, os preços.

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