Ibovespa segue exterior e recua com os investidores no aguardo do Fed

Após dias na contramão dos índices globais, bolsa brasileira aponta queda. Expectativa pelo Fed e conflitos na Ucrânia movimentam os mercados

Após encerrar a semana passada com queda na última sexta-feira (21), o Ibovespa segue em baixa nesta segunda-feira (24). Aos 107.022 pontos, o índice caía 1,76%, às 14h. O fluxo negativo acompanha os mercados internacionais, que aguardam a próxima decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, prevista para quarta-feira (26).

Os investidores esperam ansiosamente pelos próximos sinais do Fed. A instituição já indicou que deve voltar a subir juros e a reduzir estímulos à economia dos EUA, mas o mercado pretende saber mais detalhes sobre o início do ciclo de aperto monetário e a intensidade.

Por enquanto, a expectativa do mercado é de que a primeira elevação de juros aconteça só em março. Nos últimos pregões, os investidores têm se ajustado a esta possibilidade ou a uma postura mais dura da instituição no combate à inflação. Na quarta, o anúncio será feito às 16h.

Além da alta de juros, outras medidas para reduzir o ritmo de alta nos preços podem ser tomadas. Meia hora após o anúncio, discursa o presidente do Fed, Jerome Powell. Até lá, os mercados têm apresentado cautela.

Além disso, a crise na Ucrânia que envolve Rússia e Estados Unidos tem causado volatilidade.

A chance de um potencial conflito armado entre a Ucrânia e a Rússia aumentou no fim de semana. Os russos mantêm tropas na fronteira e o Reino Unido divulgou que Moscou pretende instalar um governo pró-Rússia em Kiev. Nesta segunda-feira, os EUA enviaram tropas militares para a região.

Como resultado, as principais bolsas do mundo caíam de forma acentuada. Às 14h, os principais índices de Wall Street apontavam para baixo. Dow Jones recuava 2,30%, enquanto S&P 500 caía 2,96% e Nasdaq, índice que reúne diversas empresas de tecnologia, tinha queda de 3,58%.

Na Europa, o clima também é de mau humor. O DAX da Alemanha tinha retração de 3,80%. O FTSE 100, de Londres, caía 2,64%, enquanto o EuroStoxx 50, um dos principais índices do Velho Continente, recuava 3,81%.

Altas e baixas

Diante desse cenário, as principais quedas do dia ficam por conta de papéis de empresas do ramo de tecnologia, por serem vistos como os mais vulneráveis aos aumentos de juros pelo mundo. Às 13h20, a maior queda do Ibovespa ficava por conta de Locaweb (LWSA3), que recuava 1,56%.

Além disso, as ações ligadas às commodities, que até então impulsionavam os ganhos da Bolsa no mês, também têm puxado o Ibovespa para baixo nesta segunda. “As ações das mineradoras têm movimento de queda, como também as da Petrobras (PETR4), que acompanham a queda do petróleo,” afirma o economista, head de conteúdo e sócio da BRA, Alexsandro Nishimura.

A grande alta do dia é da Marfrig (MRFG3), que subia 5,66%. Para Nishimura, não há um movimento uniforme sobre o setor, mas o perfil exportador da companhia deve sustentar a alta.

“A alta do dólar poderia beneficiar as ações da empresa, mas isto deveria influenciar o setor como um todo. Observando os players com maior atuação sobre o papel, percebe-se um saldo comprador maior de instituições normalmente ligadas ao fluxo estrangeiro, como Citigroup, UBS, Credit Suisse, Goldman Sachs e JP Morgan”, comenta.

Inflação e risco fiscal à vista

Nishimura, da BRA, acredita que há também reflexo de preocupações com o quadro fiscal, após o presidente Jair Bolsonaro sancionar o orçamento de 2022 sem detalhar reajuste do funcionalismo e reforçar a promessa de reduzir tributos sobre combustíveis e energia.

No final de semana, Bolsonaro sancionou o orçamento para 2022. Ele vetou R$ 3,2 bilhões de gastos discricionários para poder recompor o orçamento de gastos obrigatórios, principalmente os relacionados à folhas de pagamento.

Nesta segunda-feira, houve a divulgação do Boletim Focus, a publicação semanal do Banco Central que contém as expectativas de mercado a respeito dos principais indicadores da economia brasileira. Dentre os números, a única alteração ficou na projeção de inflação para o Brasil em 2022.

A previsão de 5,09%, apontada no comunicado da semana passada, passou para 5,15% nesta segunda. Para o sócio da 051 Capital, Flávio Aragão, a inflação está mais acomodada, e a alta dessa segunda é uma reação do mercado aos números do aumento de preços no mês de dezembro de 2021. 

 

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