Ibovespa resiste ao exterior e fecha em alta, puxada por commodities metálicas

Apesar de terem perdido as primeiras posições, as ações do setor de saúde estiveram entre as maiores valorizações da Bolsa, seguindo duas importantes decisões do Cade

Foto: Divulgação

Apesar da inversão de sinal da maioria das bolsas americanas, que fecharam o dia em território negativo, o Ibovespa conseguiu resistir à pressão e encerrou o pregão desta quinta-feira (16) em alta de 0,83%, aos 108.326 pontos.

A virada dos índices dos EUA se deve, segundo Rafael Ribeiro, analista de investimentos da Clear Corretora, a um movimento de realização de lucros após as fortes altas de ontem, que seguiram a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) de endurecer o combate à inflação.

Nesse cenário, o índice Nasdaq fechou em baixa de 2,47%; o S&P 500, de 0,91%; e o Dow Jones, de 0,08%.

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa foram Americanas (AMER3), Lojas Americanas (LAME4) e CSN (CSNA3), que terminaram o dia com avanços de 8,93%, 8,58% e 6,04%, respectivamente. Na ponta oposta, Méliuz (CASH3), Banco Inter Unit (BIDI11) e Via (VIIA3) registraram as maiores baixas, com recuos de 8,16%, 7,72% e 5,58%.

Apesar de terem perdido as primeiras posições, as ações do setor de saúde estiveram entre as maiores valorizações da Bolsa, seguindo duas importantes decisões do Cade.

Na noite de quarta-feira, o órgão recomendou a aprovação sem ressalvas da fusão entre Hapvida (HAPV3) e NotreDame (GNDI3), o que foi recebido de maneira positiva pelo mercado. Para além das sinergias esperadas, que, segundo o BTG Pactual, devem ficar na casa de R$ 28 bilhões, o fato de a decisão não conter “remédios” e de ter vindo antes do esperado também dão força aos papéis.

A todo vapor, o Cade concedeu ainda autorização, nesta manhã, à Rede D’Or (RDOR3) para aumentar sua participação na Qualicorp (QUAL3) por meio de operações na bolsa de valores.

Qualicorp encerrou o pregão em alta de 5,54%, negociada a R$ 17,14, enquanto GNDI teve alta de 3,17%, a R$ 66,03, e Hapvida subiu 1,59%, a R$ 11,54. Os papéis da Rede D’Or foram os únicos a fechar em baixa, de 2,03%, a R$ 45,97.

A grande força motora por trás da alta do índice, porém, foram ações ligadas a commodities metálicas, tendo em vista o aumento nos preços do minério de ferro. Nesse cenário, a Vale (VALE3), peso-pesado do setor, fechou em alta de 3,91%, a R$ 80,44. Outros players também terminaram o dia com avanços, como Bradespar (BRAP4), Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4).

Para Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos, a alta no setor das commodities “é um efeito global que estamos tendo hoje, um pouco de um ajuste sendo feito depois da decisão do Fed de quarta”.

À exceção das commodities, segundo Akamine, ações consideradas mais defensivas estão caindo, seguindo um aumento no apetite ao risco nos mercados. O analista destaca, entre estas quedas, os setores elétrico e de varejo alimentício.

A queda expressiva de Méliuz e de outros papéis de tecnologia, como Totvs (TOTS3) e Inter, é resultado da correção do setor globalmente, que acaba afetando também as ações brasileiras, de acordo com Akamine. As perspectivas de juros mais altos também pesam sobre o setor.

Destaques corporativos

Além de sofrer junto com o setor elétrico como um todo, a Eletrobras (ELET3) fechou mais um dia em queda depois de um pedido de vista, realizado ontem, no julgamento de seu processo de privatização no Tribunal de Contas da União (TCU), o que atrasa a deliberação. A ação caiu 3,58%, a R$ 33,15.

A JBS também caiu depois de fortes altas consecutivas, consequência de notícias de que o BNDES pretende vender sua participação na empresa. O recuo do papel foi de 1,39%, a R$ 37,66.

Chama atenção ainda o anúncio da Petrobras e da Novonor, controladoras da Braskem, de venda de suas ações da petroquímica. Além disso, a Petrobras (PETR4) e a Novonor celebraram um termo que estabelece diretrizes para ajudar a companhia a migrar para o Novo Mercado da B3. Os papéis da Petrobras fecharam em alta de 1,33%, a R$ 29,69. A Braskem, porém, encerrou a sessão em queda de 0,59%, a R$ 55,45.

A ação da B3 (B3SA3) subiu, se recuperando da queda de ontem, depois de ter recebido infração de R$ 500 milhões da Receita Federal por não pagar IR na fusão com a Cetip. O papel teve alta de 0,08%, a R$ 12,07.

Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) fecharam em baixa de 0,32%, a R$ 31,41, depois de o banco informar que sua unidade de negócios Previ registrou déficit de R$ 2,3 bilhões entre janeiro e outubro.

 

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