Em um dia de baixa liquidez e de bolsas fechadas nos Estados Unidos e na Europa, o Ibovespa opera no campo negativo, com investidores prevendo queda mais lenta da inflação e dos juros e de olho na transição de governo em Brasília.
Por volta das 12h45, o principal indicador da Bolsa brasileira operava com queda de 0,94%, aos 108.662 pontos e volume negociado de R$ 2,73 bilhões, conforme dados disponíveis na plataforma TradeMap.
Juros altos por mais tempo
Investidores voltaram a prever a queda mais lenta dos juros a partir do próximo ano, segundo dados do Boletim Focus divulgados nesta manhã.
Agora, o mercado espera que a Selic feche 2023 em 12%, ante 11,75% na semana passada. Atualmente, a taxa oficial de juros do Brasil está em 13,75% ao ano.
Os agentes financeiros também voltaram a prever aumento da inflação em 2023 e 2024, para 5,23% e 3,60%, respectivamente.
Segundo Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, o mercado ainda está preocupado com o cenário fiscal, que pode “gerar inflação e aumento da taxa de juros no próximo ano”. Os dados do Focus, de acordo com ele, reforçam esta perspectiva,
Diante da expectativa de queda mais lenta nos juros em 2023, as ações da Totvs (TOTS3), puxavam a queda, com desvalorização de 4,97%, enquanto a Dexco (DEXC3) desvalorizava 4,39%.
Entre as baixas, também destaque para o recuo de Lojas Renner (LREN3), Petz (PETZ3) e BTG Pactual (BPAC11), com perdas de 4,30%, 4,28% e 3,85%, respectivamente.
Vale (VALE3) puxa altas
O grupo positivo é puxado por ações de siderúrgicas e mineradoras, que caíram no fim da semana passada com novos temores de fechamento das atividades da China após dados indicarem a explosão de casos de Covid-19 no país asiático.
Os papéis da Vale (VAL3), ação com maior peso do Ibovespa, puxava a alta com avanço de 0,99%. Atrás apareciam Rede D’Or (RDOR3) e SLC Agrícola (SCLE3), com altas de 0,93% e 0,79%, respectivamente.
Cielo (CIEL3) também tinha alta de 0,80%, enquanto CSN (CSNA3) avançava 0,65%. Além da correção de preços, a empresa anunciou na sexta-feira o pagamento de R$ 700 milhões em JCP (Juros sobre Capital Próprio) aos investidores até 31 de maio de 2023.
Atenção em Brasília e bolsas globais fechadas
Além do cenário de juros, investidores monitoram a situação em Brasília, dada a proximidade da transferência de governo para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A expectativa é que novos ministros e presidentes de grandes estatais, como Banco do Brasil, Caixa e Correios, sejam anunciados nos próximos dias.
Com as principais bolsas mundiais sem operação neste início de semana, o mercado segue acompanhando dados da China, que recentemente voltou a sofrer com a disparada de infecções pelo novo coronavírus.
Diante do aumento de casos, o governo de Pequim anunciou que não vai mais divulgar os dados diários de novos casos diagnosticados no país.