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Ibovespa ignora cenário doméstico e sobe com falas de Powell e ajuda das commodities

Alta desafiou dados de inflação, avanço da Ômicron e ruídos fiscais

Foto: Divulgação

Apesar de dados de inflação acima do esperado, do avanço da variante Ômicron e dos contínuos ruídos fiscais, o Ibovespa desafiou as probabilidades e fechou em alta nesta terça-feira, dia 11, impulsionado pelas ações de empresas de commodities e pelas falas de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).

O índice terminou o pregão com avanço de 1,8%, aos 103.779 pontos, com R$ 21,79 bilhões em volume negociado. No mês até aqui, o Ibovespa segue no vermelho, acumulando perdas de 1%.

A alta do Ibovespa foi sustentada pelas ações de gigantes ligadas a commodities, que reagem às altas nos preços do petróleo e do minério de ferro. Petrobras (PETR4) fechou em alta de 2,96%, Vale (VALE3) subiu 1,9% e Usiminas (USIM5) teve salto de 3,36%.

A valorização de mineradoras e siderúrgicas acontece mesmo com a suspensão da produção das empresas em Minas Gerais, devido às fortes chuvas.

A Petrobras foi ajudada ainda pelo aumento nos preços da gasolina e do diesel, anunciado nesta tarde. Depois de mais de dois meses sem reajustes, o preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,09 para R$ 3,24 por litro. Para o diesel, o preço médio de venda passará de R$ 3,34 para R$ 3,61 por litro.

Lá fora, o grande destaque foram as declarações de Powell, presidente do Fed, ao Senado americano no início da tarde, depois da divulgação da última ata do órgão na semana passada.

Um dos principais pontos de preocupação do mercado com a ata foi o anúncio de redução do balanço patrimonial do banco central dos Estados Unidos. Ao fazer essa redução, ou seja, vender ou deixar títulos hipotecários e da dívida pública vencerem, a autoridade monetária enxuga a liquidez dos mercados, cenário prejudicial para papéis mais arriscados (ações e ativos de países emergentes).

Mas as declarações de Powell ajudaram a tirar um pouco da pressão sobre esse ponto, pois o presidente da instituição afirmou que essa decisão ainda demorará três ou quatro reuniões para ser tomada.

“Espero que 2022 seja um ano em que daremos passos para a normalização [da política monetária]: elevar os juros, terminar as compras de ativos e talvez mais tarde no ano também nos veremos permitindo que o balanço encolha”, declarou. “O comitê ainda não tomou decisão sobre o momento de nada disso, vamos ter que ser humildes e ágeis.”

O dólar fechou em queda de 1,67%, a R$ 5,579, depois dos comentários de Powell. Na avaliação de Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, em comentário à Agência TradeMap, “foi mais um alívio com a informação de que o Fed pode demorar de três a quatro sessões para decidir sobre a redução do balanço patrimonial”.

As bolsas de Nova York também tiveram avanços. Dow Jones subiu 0,51%, S&P 500 ganhou 0,92% e Nasdaq teve alta de 1,41%.

Internamente, o principal dado econômico do dia foi o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de dezembro, que fechou o mês em alta de 0,73%, enquanto especialistas consultados pelo Banco Central (BC) esperavam avanço de 0,67%. Com o resultado do mês passado, o índice acumulou alta de 10,06% em 2021 – a maior taxa anual de inflação desde 2015.

Apesar da alta, a operadora de renda variável Viviane Vieira, da B.Side Investimentos, acredita que o resultado “não mexeu muito” com o Ibovespa, pois os números elevados já eram esperados.

Para Vieira, a expectativa fica por conta dos dados sobre preços nos EUA, a serem divulgados amanhã, e dos números de serviços e varejo no Brasil, que serão apresentados, respectivamente, quinta e sexta-feira desta semana.

Pelo mundo, a variante Ômicron do coronavírus segue se espalhando rapidamente, gerando mais de 2 milhões de casos por dia. Nos picos de infecção anteriores, os números de novos casos chegavam a 800 mil por dia. Ainda que o número de mortes seja pequeno em relação a momentos anteriores da pandemia, o mercado teme novas medidas de restrição, que podem afetar a economia.

No Brasil, o governo federal reduziu o prazo pelo qual pessoas infectadas com Covid-19 devem ficar em quarentena, para um mínimo de 5 dias, a depender da gravidade do caso. A medida foi anunciada em meio a sinais de que o aumento no número de contaminados no Brasil está gerando afastamentos de funcionários e afetando o funcionamento de empresas.

O cenário fiscal também segue causando preocupações. Depois de ter vetado o projeto de lei de renegociação de dívidas para MEIs (Microempreendedores Individuais) e empresas do Simples Nacional, o governo editou uma portaria com novas medidas para a regularização das dívidas. O governo segue avaliando, no entanto, outras possibilidades de atender aos micro e pequenos empresários.

Segue também a pressão de servidores do governo federal por reajustes salariais. Nesta tarde, os sindicatos que representam os funcionários do BC informaram a Roberto Campos Neto, o presidente da instituição, que quase 2 mil servidores já aderiram ao movimento de entrega de cargos. Além disso, policiais federais seguem classificando como “traição” a afirmação do governo de que os reajustes não estão garantidos para nenhuma categoria.

Destaques do pregão

No fechamento, as maiores altas o Ibovespa eram de Méliuz (CASH3), Petz (PETZ3) e Natura (NTCO3), com ganhos de 7,32%, 7,07% e 6,33%, respectivamente. Liderando as quedas, por outro lado, estavam Hypera (HYPE3), BRF (BRFS3) e Braskem (BRKM5), com recuos de 2,13%, 1,28% e 1,19%.

A alta nas ações de varejo é reflexo da atenuação na curva de juros. A Petz era ajudada ainda por uma recomendação de compra feita pelo Bradesco BBI, com preço-alvo de R$ 25, uma valorização potencial de 79% em relação à cotação do fechamento de segunda-feira, dia 10.

As ações de shoppings centers também subiram em bloco, um dia depois da associação de lojistas Alshop se posicionar contra a proposta de medidas de redução de horários de funcionamento devido à disseminação das contaminações. Iguatemi (IGTI11) teve alta de 4,13%; Multiplan (MULT3), de 1,8%; BR Malls (BRML3), de 2,11%; e JHSF (JHSF3), de 0,66%.

Entre os setores, as ações de frigoríficos foram impactadas pela desvalorização do dólar em relação ao real. Além de BRF, Marfrig (MRFG3) fechou com perdas de 0,84%; Minerva (BEEF3), de 1,02%; e JBS (JBSS3), de 0,53%.

A Embraer (EMBR3) ficou entre as principais baixas do Ibovespa, com recuo de 1,1%, mesmo depois de sua controlada Eve ter assinado uma parceria com a Falko Regional Aircraft, que atua no leasing de aeronaves comerciais regionais, para desenvolver uma rede global de operadoras de aeronaves de decolagem e pouso vertical elétrico (eVTOL), e uma carta de intenções com um pedido potencial de 200 unidades da aeronave.

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