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Ibovespa descola do exterior e sobe 1,22%, puxado por commodities

Perspectiva de fim de lockdowns e mais estímulos na China impulsionou as commodities

Foto: Shutterstock

Em dia de alta das commodities, o Ibovespa descolou das Bolsas do exterior, que tiveram desempenho misto, e fechou em alta de 1,22%, aos 108.232 pontos, com R$ 18,58 bilhões em volume negociado.

Desde o início de maio, a performance do índice é de valorização de 0,33%, enquanto o saldo de 2022 é de alta de 3,25%.

Em Nova York, o Dow Jones subiu 0,08%, enquanto o Nasdaq fechou em baixa de 1,2% e o S&P 500 caiu 0,39%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve recuo de 0,49%.

China pesa sobre alguns, mas impulsiona outros

A cautela dos mercados estrangeiros foi causada por dados econômicos fracos da China e da Europa, com a União Europeia revisando sua projeção do PIB de 4% para 2,7%. A expectativa de inflação, por outro lado, foi elevada para 6,1%, ante 3,5%.

A China, por sua vez, informou que a produção industrial de abril teve recuo de 2,9% na comparação anual, dados muito piores do que as estimativas de alta de 0,5%. As vendas no varejo caíram 11,1%, contra recuo esperado de 6,6%.

“O compromisso de crescer 5,5% esse ano vai se tornando cada vez menos crível, ao passo que nem mesmo as perspectivas de crescimento de 4,5%, da mediana do mercado, parecem sustentáveis atualmente”, afirmou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, em comentários ao mercado.

Como medida de estímulo, porém, o banco central chinês cortou as taxas hipotecárias para auxiliar o mercado imobiliário, impulsionando os preços das commodities, assim como as perspectivas de fim dos lockdowns no país. Na Bolsa de Dalian, o minério de ferro teve alta de 3,86%, a US$ 122,83.

No caso do petróleo, os dados econômicos negativos foram compensados por indicações de que a União Europeia estaria chegando perto de adotar medidas de sanção ao petróleo russo. O Brent teve alta de 2,41%, a US$ 114,24 por barril.

Assim, ações ligadas às commodities subiram em bloco. Entre as mineradoras e siderúrgicas, destaque para Usiminas (USIM5) e Vale (VALE3), com ganhos de 3,8% e 2,99%, respectivamente. Já entre as petroleiras, as maiores altas eram de Petrobras (PETR3) e 3R Petroleum (RRRP3), que subiam 2,81% e 1,8%, nesta ordem.

Outro ponto de atenção nos mercados é a tensão geopolítica, depois de a Finlândia e a Suécia anunciarem que irão se inscrever para ingressar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Na semana passada, a Rússia alertou que tomaria medidas de retaliação caso a Finlândia se juntasse ao grupo.

Combustíveis em foco

Por aqui, o tema principal segue sendo a Petrobras e os combustíveis, em meio a aumentos de preços, pressão política e ameaças de greve de caminhoneiros.

Na sexta-feira (13), o Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça suspendeu a política estadual sobre o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do diesel, fazendo com que os Estados cumpram a redução do imposto sobre o combustível.

Ao longo do fim de semana, o presidente Jair Bolsonaro afirmou em declarações que não irá interferir na política de preços da Petrobras. Por outro lado, Bolsonaro disse que o Ministério de Minas e Energia tem carta branca para decidir sobre um novo presidente para a petroleira.

Ainda em Brasília, a Comissão de Legislação Participativa da Câmara se reuniu na tarde de hoje para discutir os efeitos da privatização da Eletrobras. O encontro acontece dois dias antes da sessão do TCU (Tribunal de Contas da União) para deliberar sobre o mesmo tema. As ações ordinárias da companhia (ELET3) fecharam em alta de 1,5%, enquanto as preferenciais (ELET6) subiram 2,16%.

Destaques do pregão

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram deMéliuz (CASH3), SLC Agrícola (SLCE3) e Eztec (EZTC3), com ganhos de 6,25%, 5,42% e 5,22%, respectivamente.

Segundo o especialista em renda variável da Renova Invest, Nicolas Farto, o setor de construção civil, com um recorte em produtos de alto padrão, sobe em bloco pela sinalização do diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra, que declarou que prefere um cenário de taxa de juros sem novas altas até atingir a meta de inflação.

Na visão de Farto, essa sinalização de arrefecimento na inflação e estabilidade nos juros beneficia essas empresas.

O especialista também cita o resultado do IPC-S, índice de preços ao consumidor da FGV que mede quadrissemanalmente a variação do custo de vida para famílias, divulgado nesta segunda, que desacelerou de 0,83% na semana passada para 0,41% nesta.

Entre as construtoras, além da Eztec, destaque para a Cyrela (CYRE3), que teve alta de 3,47% após reportar lucro líquido de R$ 162 milhões no primeiro trimestre, queda de 15,9% na comparação com o mesmo intervalo em 2021. A empresa vê o número impactado, em partes, pelas pressões de custos enfrentadas pelo setor.

A receita líquida, por outro lado, subiu 22,7% na base anual, alcançando R$ 1,23 bilhão.

A Eneva (ENEV3), que liderou as altas durante grande parte do pregão, informou nesta segunda que suas reservas de gás natural, condensado e óleo do Campo de Azulão e da descoberta de Anebá, na Bacia do Amazonas, foram certificados por uma consultoria independente. A ação fechou em alta de 5,15%.

Pela auditoria, o Campo de Azulão, um dos principais da companhia, apresentou reservas de gás de 10,5 bilhões de metros cúbicos a 18,7 bilhões de metros cúbicos, enquanto no condensado a certificação varia entre 3,3 milhões de barris a 5,9 milhões de barris, com data base de 30 de abril deste ano.

Na outra ponta do Ibovespa, as maiores quedas foram de Locaweb (LWSA3), Embraer (EMBR3) e Hapvida (HAPV3), com recuos de 3,11%, 3,03% e 2,24%, nesta ordem.

Minerva (BEEF3) teve queda de 2,04%; JBS (JBSS3), de 1,89%. Para Farto, a queda dos frigoríficos é associada à desvalorização do dólar nesta segunda. A moeda americana fechou cotada a R$ 5,0516, um recuo de 0,12% na comparação intradia.

A Cosan (CSAN3) caiu 1,05% depois de a companhia informar que registrou lucro líquido de R$ 263,1 milhões entre janeiro e março, queda de 69,1% em relação ao registrado no mesmo período do ano anterior. De acordo com a empresa, o recuo no lucro foi causado por despesas financeiras maiores em todos os negócios, seguindo o aumento da taxa de juros.

Fora do Ibovespa, a Fertilizantes Heringer (FHER3) despencou 7,75%, mesmo depois de informar que saiu de prejuízo para lucro líquido de R$ 128,3 milhões no primeiro trimestre.

A M Dias Branco (MDIA3) também teve forte baixa, de 7,88%. Na sexta-feira, a companhia informou que teve lucro líquido de R$ 37,8 milhões no primeiro trimestre, alta de 152% contra os mesmos três meses do ano anterior.

 

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