Ibovespa cai no mercado futuro e juros e dólar disparam por receio com aumento de gasto público

PEC da Transição prevê aumento de gastos com programas sociais, mas não estimula prazos

Foto: Shutterstock/Bigc Studio

A confirmação de que o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tentará remover permanentemente as despesas com programas sociais dos limites impostos pelo teto de gastos trouxe mais nervosismo ao mercado e fez as taxas de juros e o dólar dispararem, e abre o caminho para mais um pregão negativo para o Ibovespa nesta quinta-feira (17).

Por volta das 9h40, o principal índice de ações da B3 caía 1,6% no mercado futuro, para 108.748 pontos. No mercado de câmbio, o contrato futuro do dólar subia 1,49%, projetando taxa de câmbio de R$ 5,4999, enquanto os juros também disparavam – a taxa de DI para janeiro de 2024 saída de 14,11% para 14,25% ao ano, enquanto a taxa para janeiro de 2026 aumentava de 13,26% para 13,54%.

A turbulência no mercado de juros impediu, inclusive, a abertura das negociações do Tesouro Direto.

Ontem, a equipe do governo eleito apresentou uma versão inicial da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição.

O texto prevê a abertura de gastos fora do teto estimados em até R$ 175 bilhões, montante que seria suficiente para manter o Bolsa Família em R$ 600 no próximo ano e o pagamento adicional de R$ 150 por criança de até seis anos para famílias que recebem o benefício.

O documento, porém, não estipula prazo de vigência, que deverá ser negociado com o Congresso nas próximas semanas. O mercado teme que a PEC vire um “cheque em branco” na mão do novo governo, o que aumenta a insegurança sobre o controle dos gastos públicos na nova gestão de Lula.

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“É natural que haja um receio por parte dos investidores diante do contexto. Aumentar em R$ 175 bilhões (R$ 197 bilhões no pior cenário) por quatro anos é pedir para perder o controle sobre a trajetória do endividamento brasileiro”, escreveu Matheus Spiess, da Empiricus.

Além do receio fiscal, os investidores seguem na expectativa do anúncio da nova equipe econômica. Recentemente, nomes do ex-ministro Fernando Haddad e o vice-presidente Geraldo Alckmin voltaram a figurar entre as principais apostas para assumir o comando da pasta.

As preocupações a respeito do cenário fiscal estão mais evidentes no mercado de juros. Com o avanço recente das taxas, o mercado passou a esperar que a Selic, a taxa básica de juros, permaneça em 13,75% ao ano por mais tempo. Inicialmente, as expectativas eram para o início de corte em meados do ano que vem. Agora, já há visões estipulando mudanças apenas em setembro, segundo a Genial Investimentos.

“A curva de juros não só manteve as especulações de que, diante da bomba fiscal armada, a Selic pode ter que subir nas duas próximas reuniões do Copom (dezembro e fevereiro/23), como jogou mais para frente o timing de um corte”, disseram os analistas da Genial.

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