Ibovespa cai antes de ata do Fed e pressionado por petrolíferas; Hypera (HYPE3) lidera as altas

O Ibovespa bem que tentou subir no início do pregão, mas logo depois da abertura passou a operar perto da estabilidade e depois virou para o negativo, caminhando para a terceira sessão consecutiva de baixa. Dentre as empresas, o setor varejista sobe em bloco enquanto as petrolíferas recuam na mesma medida.

O movimento acompanha os pares americanos, que recuam enquanto aguardam a divulgação da ata da última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).

Por volta de 13h25, o principal índice da Bolsa caía 0,75%, aos 97.573 pontos. No mesmo momento, 3R Petroleum (RRRP3) liderava a ponta negativa do índice e perdia 7,77%.

Na sequência, outras petrolíferas caíam acompanhando a desvalorização da commodity no mercado externo — PetrioRio (PRIO3) recuava 4,39%, Braskem (BRKM5) caía 5,27% e o papel ordinário da Petrobras (PETR3) desvalorizava 3,12% e o preferencial (PETR4) caia 3,43%.

No mercado futuro da ICE, o barril do petróleo tipo Brent era negociado a US$ 99, com uma queda de 3,38% na comparação intradia. O preço vem caindo desde o início do mês, quando chegou a ser cotado a US$ 113. Na visão do BTG Pactual, em relatório, a queda é causada pelas preocupações de uma recessão nos Estados Unidos.

Para Edmar de Oliveira, operador da mesa de renda variável da One Investimentos, inclusive, essa percepção de possível desaceleração lá fora é o que tem dado o tom negativo na Bolsa. Além das petrolíferas, o setor aéreo recuava forte — Azul (AZUL4) perdia 5,11% e Gol (GOLL4) recuava 5,38%.

Altas do pregão

Na ponta positiva do principal índice da B3, empresas ligadas ao varejo lideravam os ganhos. A Hypera (HYPE3) subia 6,10% e liderava o posto, seguida por Natura (NTCO3), que ganhava 5,38%, Americanas (AMER3), com valorização de 5% e Cogna (COGN3), que subia 3,38%.

Oliveira ressalta que os papéis que mais sobem no pregão dia são aqueles que foram muito “amassados” recentemente, ou seja, passaram por grandes desvalorizações.

Além disso, uma reportagem do jornal Valor Econômico mostra que o Grupo NC, dono da EMS, e a Eurofarma disputam uma fusão com a Hypera.

De acordo com a publicação, a conversa começou com uma potencial aquisição da Hypera pela Eurofarma, agora avança rumo a uma incorporação pelo Grupo NC.

No índice de Small Caps, Ambipar (AMBP3) disparava 10% após anunciar que assinou acordo para a combinação dos negócios entre a Emergência Participações, subsidiária da empresa, e a HPX, uma Spac (sociedade de aquisição de propósito específico, na sigla em inglês), que possui ações negociadas na Bolsa de Nova York.

A Ambipar espera que a empresa combinada tenha um enterprise value (valor de mercado incluindo dívidas) proforma de aproximadamente R$ 3,1 bilhões.

Bolsas internacionais

No exterior, o movimento não era uniforme dentre as bolsas — na Europa elas subiam e nos EUA elas caíam. Em Wall Street, a atenção do mercado está na divulgação da ata da última reunião do Fed, que servirá para obter informações sobre o estado da economia americana e os esforços da instituição para controlar a inflação por meio de aumentos nas taxas de juros.

Um fato que chama a atenção é virada da curva de juros nos EUA. Isso acontece quando os rendimentos de prazos mais curtos, como os títulos de dois anos, são maiores do que os de dívidas mais longas, como os de 10 anos.

Nesta quarta, o rendimento de dois anos estava em 2,84%, em comparação com 2,81% para os mais longos. “Historicamente, as recessões dos EUA são precedidas por essa inversão de curva”, avalia Jennie Li, estrategista de ações da XP.

Enquanto isso, em Nova York, o índice Dow Jones e o S&P 500 recuavam 0,22% e o Nasdaq perdia 0,10%.  No Velho Continente, já perto do fechamento, o índice Euro Stoxx 50 ganhava 1,65% enquanto o FTSE 100 subia 1,14% e o DAX crescia 1,56%.

Na Europa, o governo norueguês se mobilizou para encerrar uma greve dos petroleiros na noite de terça-feira, que ameaçava reduzir mais da metade as exportações de gás do país, uma importante fonte de energia para a região.