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Ibovespa cai 1,12% com repeteco de preocupação com alta de juros nos EUA e atraso na PEC dos Precatórios

Varejistas lideraram as perdas; MGLU3 teve a maior queda, de 11,8%

Depois de operar em alta durante a maior parte do dia, o Ibovespa passou a cair nas últimas horas do pregão e fechou em baixa de 1,12%, aos 100.775 pontos. A queda refletiu os sinais de atraso na votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios pelo Senado e preocupações com o fim dos estímulos do banco central americano à economia dos Estados Unidos.

Assim como ontem, pesou sobre o Ibovespa o fato de Jerome Powell, presidente do banco central americano, indicar a possibilidade de os juros subirem mais cedo no país.

Na terça-feira, 30, ele disse que o fim dos estímulos à economia pode vir antes do esperado e derrubou as bolsas mundiais. Hoje, ele fez comentário semelhante, afirmando que o banco central americano precisa estar preparado para a possibilidade de a inflação continuar elevada em meados do ano que vem.

Além disso, o mercado reagiu mal a notícias de que a variante Ômicron do coronavírus foi detectada em mais países. A Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que a nova cepa está presente em 23 países, e pouco tempo depois os Estados Unidos confirmaram o primeiro caso de contaminação no país.

Autoridades da OMS insistiram que ainda é cedo para dizer que a nova cepa é mais perigosa do que as anteriores.  Também disseram que o aumento das hospitalizações de contaminados com a variante pode refletir a maior circulação, em vez de maior letalidade, da Ômicron.

Pressão externa

Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos, ressalta que os comentários de Powell associados com o risco de agravamento da pandemia deixam os investidores preocupados.

“A última coisa que a economia precisa num momento como esse é ter uma restrição num momento de inflação, uma recessão causada por uma variante”, afirma. A sinalização de que o banco central dos Estados Unidos quer agir para conter a inflação removendo incentivos ao crescimento econômico agrava este cenário.

Segundo Morelli, a bolsa brasileira está numa situação ainda mais difícil que as de outros países, porque, além dos problemas em comum com o exterior — inflação elevada, alta de juros, nova variante do coronavírus e chance de recessão –, enfrenta uma dificuldade extra: as eleições presidenciais do ano que vem.

“No nosso caso é sempre um pouco piorado, porque tem um peso a mais para carregar. Temos recomendado durante todo o ano de 2021 para clientes que querem correr risco acionário privilegiar mercados internacionais, que operam sem o risco eleitoral”, assinala.

PEC atrasada

A demora na tramitação da PEC dos Precatórios também continua preocupando investidores.

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou a proposta ontem e a expectativa era de que o texto fosse analisado hoje em plenário. A sessão estava marcada para as 16h, mas ainda não começou. Além disso, notícias apontam relutância dos senadores em votar o assunto hoje por causa do esforço concentrado de aprovação de indicações feitas pelo governo para cargos públicos.

O mercado tem pressa de ver a PEC aprovada porque ela tem efeito sobre o orçamento do ano que vem. O texto abre espaço para o governo federal implementar um auxílio mensal de R$ 400 aos mais pobres em 2022. Os recursos viriam do parcelamento de dívidas judiciais (precatórios) e de uma nova forma de calcular o teto de gastos — regra que limita o crescimento da despesa pública à inflação.

Sem a PEC, o governo teria de buscar uma outra forma de obter os recursos, que provavelmente desrespeitará o teto de gastos e atrasará a aprovação do orçamento de 2022.

Destaques do dia

A Petrobras ficou entre as maiores altas do Ibovespa (PETR3 +0,70%; PETR4 +0,58%) depois de concluir a venda da refinaria Landulpho Alves para a Brazil Downstream Participações, parte do grupo Mubadala. Segundo o Bank of America (BofA), a operação aumenta a credibilidade do plano de venda de ativos da empresa estatal.

Ainda no campo positivo, as ações da Suzano (SUZB3) subiram 3,37% em meio a notícias de que a companhia aumentou os preços da celulose para consumidores da Ásia. Destaque de alta ainda para Braskem (BRKM5), com valorização de 5,46%, e Gerdau (GGBR4), com avanço de 1,43%.

Na direção oposta, com os temores de alta de juros nos EUA e novas preocupações com a pandemia, varejistas lideraram as perdas. MGLU3 teve a maior queda, de 11,8%, ao lado de VIIA3 (-8,29%) e LAME4 (-6,76%).

Empresas de tecnologia tiveram outro dia de forte baixa, com destaque para Méliuz (CASH3), com recuo de 11,37%, e Locaweb (LWSA3), com desvalorização de 9,93%.

As ações da Ânima (ANIM3) caíram 7,6%, depois de terem subido 26,6% ontem em reação à entrada da DNA Capital na Inspirali, sua subsidiária. Hoje, a companhia anunciou que a Inspirali comprou o controle da IBCMED por R$ 10 milhões.

Atenção amanhã

O principal foco de atençao de investidores nesta quinta-feira recai sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, com divulgação prevista para as 9h.

Na Zona do Euro, sai ainda a taxa de desemprego de outubro e, nos Estados Unidos, o mercado se volta para o número atualizado de pedidos de auxílio desemprego no país.

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