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Ibovespa aprofunda queda e volta aos 101 mil pontos com ata do Fed

Índice terminou o pregão em baixa de 2,42%

Foto: Divulgação

Após passar o dia inteiro no vermelho, o Ibovespa aprofundou as perdas depois da publicação da ata da última reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), divulgada no final da tarde, e fechou em baixa de 2,42%, aos 101.006 pontos, com R$ 22,55 bilhões em volume negociado. Desde o início do ano, o principal índice da bolsa brasileira já perde 3,64%.

O destaque da ata da última reunião do Fomc (a sigla em inglês para o comitê do Fed) foi o reconhecimento, por parte dos dirigentes do Fed, de que a inflação está acima do esperado e deixou de ser transitória. Os dirigentes reconheceram ainda a possibilidade de elevação do juros em breve.

Na opinião do comitê, tanto o mercado de trabalho quanto a inflação dos Estados Unidos poderiam justificar um aumento dos juros americanos “mais cedo ou num ritmo mais acelerado do que se previa anteriormente”.

Além disso, o banco indicou a continuação do chamado tapering (redução do ritmo de estímulos à economia) e a redução de seu balanço patrimonial. O balanço do Fed inflou nos últimos anos porque a instituição comprou títulos de dívida do governo americano e hipotecários para injetar dinheiro na economia e baratear o crédito. A redução do balanço teria o efeito inverso.

Ainda que muito disso já fosse esperado, a percepção do mercado é que a ata veio mais hawkish (inclinada ao aperto monetário) do que era previsto, segundo o analista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sachez, que projeta que o Fomc elevará a taxa básica de juro para 1% ainda esse ano, por meio de quatro elevações de 0,25%, iniciando em maio.

Nesse cenário, o que pesa sobre a bolsa brasileira é a sinalização de elevação na taxa de juros antes do esperado e a retirada dos estímulos, que pode diminuir o fluxo de capital para países emergentes.

Na esteira da divulgação, o dólar passou a subir, fechando a R$ 5,7121 (+0,39%). As bolsas americanas também aprofundaram as quedas, com o Nasdaq fechando em baixa de 3,34%, o S&P 500, de 1,9%, e o Dow Jones, de 1,07%.

As preocupações com o cenário fiscal, em meio a debates sobre o teto de gastos e os reajustes salariais ao funcionalismo público, também continuaram a pesar sobre o sentimento do investidor brasileiro.

O resultado no Brasil foi um banho de sangue, com apenas BRF (BRFS3), Vale (VALE3), Banco Pan (BPAN4) e Bradespar (BRAP4) fechando o pregão em alta. Os avanços foram de 1,25%, 0,95%, 0,32% e 0,24%, respectivamente.

Na ponta negativa, as maiores quedas foram de Locaweb (LWSA3), PetroRio (PRIO3) e Grupo Soma (SOMA3), com recuos de 12,78%, 10,76% e 9,54%.

Destaques do pregão

A BRF fechou em alta, após passar o dia no topo do índice, depois de o Credit Suisse passar a recomendar a compra do papel da empresa, alegando as mudanças recentes nos preços dos grãos e novas premissas de custo de capital próprio como justificativas.

Apesar de ter fechado em baixa de 1%, derrubada pela tendência geral da bolsa, a Ecorodovias (ECOR3) passou o dia entre as maiores altas do Ibovespa, também depois de uma nova recomendação do Credit Suisse, que passou a classificar o papel como overweight (performance acima da média do mercado).

A Eletrobras (ELET3), que também ficou no vermelho, teve uma das menores quedas do índice, a 0,41%, em dia agitado para a companhia. Um representante do BNDES afirmou que o lançamento da oferta de capitalização da companhia deve ocorrer em meados de março, com precificação prevista para abril. A assembleia extraordinária de acionistas para discutir a privatização da empresa, por sua vez, deve ocorrer em fevereiro.

Entre as perdedoras, a Méliuz (CASH3) deu sequência a sua série de perdas e fechou em baixa de 9%, mesmo depois de selar, na véspera, uma parceria com a Mastercard para a oferta de cartões de crédito e conta digital, o que foi considerado pelo Bank of America (BofA) como um fator positivo para a ação no curto prazo.

O setor de turismo também continuou em sua trajetória descendente, pressionado por preocupações com a Ômicron. Outros setores que seguem sofrendo são varejistas, construtoras e techs, reflexo da alta dos juros e da desaceleração econômica. As empresas de saúde, por sua vez, seguiram a mesma tendência, com o adicional do aumento de casos de Covid-19 e influenza pressionando os papéis.

Petrobras (PETR4) e grandes bancos, que foram responsáveis por limitar a queda do Ibovespa nos últimos dias, inverteram e fecharam em baixa, com a petroleira perdendo 3,87%.

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