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Gerdau (GGBR4) prova resiliência no 2º tri, mas custos devem pesar no próximo balanço; ação cai

Apesar dos números fortes, ação da siderúrgica liderava as quedas do Ibovespa, caindo mais de 2%

Foto: Shutterstock

Os resultados do segundo trimestre da Gerdau (GGBR4) comprovaram que a companhia tem sido capaz de sustentar a alta rentabilidade vista nos últimos balanços. Para o futuro, porém, a elevação nos custos de matérias primas, em especial o carvão, pode pressionar os números do terceiro trimestre, de acordo com Gustavo Werneck, CEO da Gerdau.

Apesar dos números fortes, a ação da Gerdau liderava as quedas do Ibovespa no pregão. Por volta de 13h37, o papel era negociado em baixa de 2,62%, a R$ 23,76.

Durante a teleconferência de resultados com a imprensa na manhã desta quarta-feira (3), a gestão da siderúrgica indicou que, depois de um terceiro trimestre extremamente forte em 2021, o período entre julho e setembro deste ano pode enfrentar mais desafios, sobretudo na ponta de custos. Os resultados, no entanto, devem seguir positivos, afirmou Werneck.

“No ano passado, o terceiro trimestre foi inigualável na nossa história. Este não vai ser tão forte quanto o do ano passado, especialmente por um impacto de custo, que vai se materializar neste trimestre”, diz o CEO, citando principalmente os preços do carvão, matéria prima importante para a Gerdau.

No segundo trimestre, o custo de vendas da Gerdau apresentou aumento de 24% na comparação anual, refletindo a alta de 15% no custo do carvão, de 6% no minério de ferro, de 11% no gusa e de 16% na sucata.

No entanto, o crescimento dos custos não foi suficiente para prejudicar os resultados da companhia. O lucro líquido ajustado da Gerdau alcançou R$ 4,3 bilhões no segundo trimestre, um resultado 27,6% acima do atingido no mesmo período de 2021.

O lucro anotado pela Gerdau foi superior às expectativas de XP e BTG Pactual, que projetavam R$ 3,50 bilhões e R$ 3,55 bilhões, respectivamente.

Incertezas à frente

Ainda que a Gerdau tenha registrado bons números em todas as suas unidades de negócio no segundo trimestre, as operações na América do Norte foram o destaque do período, com alta de 4,6% no Ebitda, para R$ 2,836 bilhões.

Agora, a perspectiva da companhia é que as operações americanas sigam fortes neste ano, com uma carteira de pedidos positiva e níveis de utilização da capacidade das usinas acima de 90%. Para 2023, contudo, o cenário é de incerteza.

“O ano de 2023 ainda é um pouco de dúvida, de como será a tradução dos efeitos macroeconômicos na demanda. Mas, para 2022, estamos seguros”, afirma o CEO da Gerdau.

Por um lado, a companhia vem monitorando os riscos de recessão na economia dos EUA. Além disso, estão no radar da companhia outros desafios globais, como escassez de mão de obra, inflação e gargalos logísticos, segundo Werneck.

Do outro lado, o pacote de infraestrutura aprovado pelo governo americano deve impulsionar a demanda a partir do quarto trimestre deste ano. A projeção da Gerdau é de demanda adicional de até 5 milhões de toneladas de aço por ano, ao longo de até oito anos.

De forma geral, a perspectiva da companhia é que, ainda que alguns setores possam apresentar desaceleração de demanda, outros devam compensar. Enquanto o mercado de veículos leves segue impactado pela escassez de semicondutores, por exemplo, o cenário para veículos pesados está mais positivo, assim como o setor de óleo e gás.

No Brasil, a expectativa é que o segmento de máquinas agrícolas, que deve crescer estimulado pelas expectativas de safra recorde, o de veículos pesados, que deve se beneficiar de uma demanda reprimida, e o de infraestrutura, que vem em retomada gradual, compensam a desaceleração na demanda esperada para o setor de varejo e, possivelmente, para a construção civil.

Preço do aço não é motivo de preocupação

Nem mesmo a volatilidade nos preços do aço preocupa a companhia, de acordo com Werneck, devido a seu poder de precificação e à resiliência de volumes.

“Vemos pela frente um período de certa estabilidade nos volumes. Essa volatilidade de preços começou há algum tempo e, mesmo assim, entregamos o melhor semestre da história da companhia, mesmo depois de 2021, que foi o melhor ano da história”, diz o CEO. “Esperamos que a volatilidade continue, mas que a estabilidade de volume também continue e nos permita chegar ao fim do ano bastante alinhados com o que tivemos no ano passado”.

Por mais que a visão seja otimista, a Gerdau ressaltou que monitora os efeitos que a desaceleração da economia chinesa pode ter no cenário internacional, os impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia, principalmente sobre os custos de produção, e os efeitos do cenário inflacionário sobre a demanda.

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